terça-feira, 16 de junho de 2020

ESPIANDO A BARÃO DO RIO BRANCO


ESPIANDO A BARÃO DO RIO BRANCO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.325
(FOTO: LIVRO "230"/ DOMÍNIO PÚBLICO).


Vemos na foto abaixo, a matriz de Senhora Santana, em 1920. Foi construída em 1787 e reformado em 1900. Portanto, a igreja se apresenta 20 anos após a primeira reforma. A sua frente parece ainda não possuir calçamento, mas observe que existia o casarão (lado direito da Matriz) que hoje é o Museu Darras Noya onde residiram o fundador da primeira banda de música da cidade e do teatro santanense, major Queirós e, o primeiro médico de Santana Arsênio Moreira. Os demais prédios fazem parte da Rua Barão do Rio Branco que se estende daí da vizinhança do museu e desce a colina até a Ponte Cônego Bulhões, sobre a foz do riacho Camoxinga. O terreno mais preto da foto, defronte a igreja, ainda é baldio e somente ganhou praça na década de 30, com o nome político João Pessoa. Note um cidadão se dirigindo à matriz, traje branco e chapéu à mão, mesmo antes de chegar ao templo.
A Rua Barão do Rio Branco era quase toda de residências com algumas exceções como o comprido hotel de Maria Sabão, armazém de Pedro Agra (que vendia cal), a loja de tecido de Manoel Celestino Chagas, mais abaixo. Com a evolução as moradas viraram minoria. O hotel foi demolido, indo para o “casarão de esquina”, ao lado esquerdo da igreja (ausente na foto), 10 andar e com o nome “Hotel Central”, esse hotel da proprietária a vulgo Maria Sabão, foi o mais falado de Santana. A loja de tecidos de Manoel Chagas, subiu a colina e foi parar na primeira casa da Rua Barão do Rio Branco que se vê na fotografia. A transformação foi enorme. Tudo passou a ser casas comerciais e até demolidas duas ou três residências para construção do cinema de alto luxo Cine Alvorada.
Formou-se na parte inferior da Rua, parte mais estreita, uma fileira de armazéns como o dos senhores Pedro Melo, Idelzuíto, Dioclécio Cavalcante, que vendia cereais transportados antes por carros de boi. Ficou essa parte conhecida como “Os Armazéns”. Houve muita evolução desse comércio até o presente momento, mas a parte mais estreita da rua, nunca foi alargada, dando muito trabalho ao trânsito e a transeuntes. Até as famosas casas comerciais “Lojas Guido”. “Ricardo Eletro”, “Casas Bahia” e “Lojas Americanas” se instalaram na histórica Rua Barão do Rio Branco.
Leia um pouco sobre o Barão, uma das maiores figuras do Brasil.





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segunda-feira, 15 de junho de 2020

VISITANDO AS FAZENDAS


VISITANDO ÀS FAZENDA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.324
SENTADO NUM PELA-PORCO. (CRÉDITO: Andredib.com.br.)

No alpendre de todas as fazendas sertanejas nordestinas, teve lugar garantido o “banco pela-porco” ou “banco de pelar porco ou ainda simplesmente o “pela-porco”. Trata-se de um banco em forma de pranchão, entre 4 a 5 metros de comprimento, com largura também variável, em média, 40 cm. É feito de madeira nobre entre craibeira e baraúna, muitas vezes passando dos cinco centímetros de espessura, quando novo. Sua durabilidade vai para mais de duzentos anos, o dono morre, o banco fica para netos e bisnetos. Não é fácil fazer conserto e ele vai se deteriorando com o uso e com a longevidade. O seu nome vem do fato em que era usado como lugar para pelar com água quente, o porco abatido na fazenda.
Ele é quem recebe o viajante cansado como primeiro contato externo da casa. Nele os seus donos contemplam os arredores, no estio e, nos tempos chuvosos, observam e sentem as chuvaradas cantando no telhado e chegando no terreiro. Avista-se dali quem se aproxima da moradia e é usado para várias tarefas domésticas como debulhar feijão- de-corda, por exemplo.
É respeitado por todos os visitantes e ladrões que sempre os deixam em paz.
Os bancos já acomodaram os fundilhos de Lampião, forças volantes, vaqueiros e rastejadores.
Móvel tradicional rústico e multiuso.
Não sabemos dizer se existe algum exemplar no Museu Darras Noya, em Santana do Ipanema.
O banco pela-porco é o móvel e o lugar mais querido e respeitado da casa-grande. E se quer saber, mesmo com todo modernismo, continua em voga nas casas sertanejas.

Foi num banco pela-porco
Que comecei meu namoro
                              Ela com saia rodada
                              Tecido da cor de ouro
                              Eu em traje de vaqueiro
    Perneira e chapéu de couro.

Talvez o banco mais notável de Santana do Ipanema tenha sido o do alpendre da casa do senhor Lulu Félix, no Bebedouro onde o doido Justino tinha sentadas. Lulu era conhecido como contador de casos, mentia com arte para divertir a todos. Justino, barbudo que fora jogador de futebol do Ipanema, diziam os mais velhos um terror para a criançada.


 



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