quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

 

O CROQUE DE PELÉ

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.824

 



Ainda quando rapaz, o Santos foi convidado para jogar em Maceió. Não dá para lembrar bem agora, mas parece que foi na inauguração do estádio do CRB, na Pajuçara, porém, o jogo foi com o Regatas Brasil e se não me engano, começou a partida ganhando de 1 x 0. Esse jogo também seria uma homenagem ao rei que estava no auge da sua carreira. Entretanto, com o placar à frente, os torcedores começaram a vaiar o Santos. No segundo tempo, o Santos retornou disposto a cobrir as vaias e meteu 6 x 1 no CRB “mode saber respeitar o visitante”. Essa goleada sofrida pelo time de Maceió, foi apelidada por “Sofia”. Até hoje o maceioense nunca se esqueceu da famosa Sofia em Alagoas.

Durante o jogo, um zagueiro batia muito em Pelé. Isso ia irritando o rei que arquitetou uma vingança à altura, já que o juiz não tomava providências mais severas. E assim aconteceu. Pelé aguardou até conseguir a oportunidade da vingança. Em uma bola alta vinda em sua direção e que foi dividida com o citado zagueiro, Pelé saltou muito alto e o zagueiro tentou tirar a bola de cabeça. Nesse momento, o rei Pelé, escondendo o braço para o juiz não vê, deu um tremendo croque na cabeça do zagueiro, vingando-se e dando lição que não se deve mexer com serpente. Os torcedores viram, porém, o juiz não.

Final de jogo, o Santos deixou a capital alagoana debaixo de muitos aplausos assim como chegara.  Ficou imortalizada a Sofia dos 6 X 1 e o croque de Pelé.

Não fomos ao enterro do rei, mas estamos aqui contando uma das suas milhares de ações pelo globo terrestre. É bem merecido o título no estádio público de Rei Pelé. Nos últimos tempos, devido ao entusiasmo de alguns, com o sucesso da jogadora Marta, sugeriram trocar o nome do estádio para o da jogadora. Um disparate! Bem que Marta merece ser homenageada com uma obra gigantesca, então, os entusiastas construam essa obra gigante e ponham o seu nome, não retirar a homenagem de outrem, em troca de uma recente, coisas de políticos analfabetos, sem noção de ética e cultura de um povo. Fica aqui, portanto registrado a Sofia do Santos e o Croque de Pelé, para os pesquisadores das coisas do futebol.

Ê “caboco véi!”

 Rapadura é doce, mas não é mole não”.

 

 


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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

 

VEM-VEM

Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de janeiro de 2023

Escritor símbolo do sertão alagoano

Crônica:  2.823

Vivo sempre escutando/A cantiga de vem-vem/Quando ouço ele cantando/Penso ser você que vem.

Você já ouviu o canto do Vem-Vem? Já ouviu a música cantada por Luiz Gonzaga: Vem-Vem? É música saudosa, dessas tipo roedeira, que representa muito bem o sentimento sertanejo e a crença no pássaro incrível, também chamado em alguns lugares de Pitiguari. Sua presença ocorre em quase todo o Brasil, mas queremos apresentá-lo no folclore sertanejo e na saudosa música cantada por Gonzaga, imortalizando mais um personagem das caatingas. É chamado de Vem-Vem porque quando uma pessoa está pensando em outra, distante, às vezes na sua vida surge o passarinho cantando, cujo canto é interpretado como vem, vem. E não demora muito, a pessoa ausente chega à casa do ouvinte esperançoso do vem-vem.

Não bastasse as aves também imortalizadas por poetas, escritores e repentistas, chega o Pitiguari marcando presença. Existem as aves agourentas de morte (já expostas aqui), as que avisam sobre a proximidade da seca, os bichos que prenunciam chuvas de inverno e trovoadas, as que denunciam o inimigo humano e o Pitiguari avisando da chegada de um ausente. O Vem-Vem, Cyclarhis guianensis, mede, aproximadamente, 15 centímetros e pesa 28 gramas. Macho e fêmea são semelhantes e se alimentam de invertebrados, lagartixas e frutas. Tem domínio em todos os biomas brasileiros e a crença semelhante em todos eles.

Você já percorreu o “Reino Sertanejo” com todos seus mistérios do tempo da flora e da fauna?  Cada vez em que você palestra com um agricultor, com um benzedor, com um garrafeiro ou com um simples habitante da caatinga, descobre tanta coisa nova para você e que algumas delas, pode até mudar a sua vida para melhor. E sobre o Vem-Vem, conheci-o pela primeira vez como Pitiguari, no romance “Curral Novo”, do saudoso escritor palmeirense, Adalberon Cavalcanti Lins. Mas nem só de Vem-Vem vive a saudade sertaneja. E quanto o Sertão alagoano, continua cada vem mais bonito com esse tempo atípico, jamais visto pelos mais velhos.

Hoje está nublado, frio e úmido em pleno início de janeiro, pode?

VEM-VEM (CRÉDITO: WIKIPÉDIA)


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