sexta-feira, 15 de agosto de 2025

 

 

PERSONAGENS E ARTISTAS

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.287

 



Quando jogávamos sinuca no salão do Zé Galego, no “prédio do meio da rua” (ex-jogador do Ipanema), era costume quando se metia a mão na caçapa para pegar uma bola incestada e sair outra de outra cor, no lugar, dizíamos para descontrair: “Será que o Albertino está aí?” E o Albertino era um tipo esquisito que passara muito tempo na malandragem do cais do porto no rio de janeiro. Aprendera ali com os gringos, inglês de ouvido. Albertino era irmão do Sr. Leuzinger, proprietário do “Hotel Avenida”. Tinha o corpo tatuado por todos os lugares e às vezes tentava amenizar usando camisa de mangas compridas. Homem já de meia idade, rosto esburacado e sempre de bom humor. Conquistara o Comércio, fazendo letreiros nas fachadas dos estabelecimentos. Era exímio artista e dava gosto em ver a habilidade do homem trabalhando. Nos Carnavais saía como se fosse montado numa ema encabrestada.

Já o outro artista era o conhecidíssimo Zezinho Bodega. O apelido vem das suas bebedeiras. Zezinho, da família de artistas também era letrista e artista plástico. Foi ele que decorou as paredes internas do cine-Alvorada com motivos regionais em estilo moderno: mandacaru. Sanfoneiro, canoa, pote na cabeça e outras imagens que deixaram o cinema de luxo mais luxuoso ainda. Zezinho, por isso ou por aquilo, desapareceu da cidade, nunca mais voltou. Tempos depois também se foi Albertino. O Comércio ficou, então, sem ninguém que pudesse abrir letreiros nas fachadas dos seus estabelecimentos. Um dia, muito tempo depois, surgiu um jovem que se dizia lutador de luta-livre, que passou a fazer os serviços de fachadas no lugar de Zezinho Bodega e Albertino, chamado Cícero Lopreu. Sendo “gay”, foi bastante discriminado, mas sempre fora bm sujeito

Um dos maiores ídolos como atleta no auge do time Ipanema, era o Lau. Um grandioso jogador paparicado por todos, exercia humilde profissão de caiador, ou seja, pintor de paredes. Mas nunca vimos o Lau se aventurar em abrir letreiros. Isso quer dizer que um bom profissional cabe em qualquer tipo de sociedade e nós temos que varolizar todas as honestas profissões. A qualquer momento precisaremos de um deles. Sapateiro, engraxate, pintor, vendedor de picolé e até mesmo de Manganheiro.

Cultive a humildade e as portas se abrirão, mas seja perfeito naquilo que você aprendeu a fazer.

CASA COMERCIAL NO LUGAR ONDE FORA O CNE-ALVORADA. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 


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