PERSONAGENS
E ARTISTAS
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.287
Quando
jogávamos sinuca no salão do Zé Galego, no “prédio do meio da rua” (ex-jogador
do Ipanema), era costume quando se metia a mão na caçapa para pegar uma bola
incestada e sair outra de outra cor, no lugar, dizíamos para descontrair: “Será
que o Albertino está aí?” E o Albertino era um tipo esquisito que passara muito
tempo na malandragem do cais do porto no rio de janeiro. Aprendera ali com os
gringos, inglês de ouvido. Albertino era irmão do Sr. Leuzinger, proprietário
do “Hotel Avenida”. Tinha o corpo tatuado por todos os lugares e às vezes
tentava amenizar usando camisa de mangas compridas. Homem já de meia idade,
rosto esburacado e sempre de bom humor. Conquistara o Comércio, fazendo
letreiros nas fachadas dos estabelecimentos. Era exímio artista e dava gosto em
ver a habilidade do homem trabalhando. Nos Carnavais saía como se fosse montado
numa ema encabrestada.
Já
o outro artista era o conhecidíssimo Zezinho Bodega. O apelido vem das suas
bebedeiras. Zezinho, da família de artistas também era letrista e artista plástico.
Foi ele que decorou as paredes internas do cine-Alvorada com motivos regionais
em estilo moderno: mandacaru. Sanfoneiro, canoa, pote na cabeça e outras
imagens que deixaram o cinema de luxo mais luxuoso ainda. Zezinho, por isso ou por
aquilo, desapareceu da cidade, nunca mais voltou. Tempos depois também se foi
Albertino. O Comércio ficou, então, sem ninguém que pudesse abrir letreiros nas
fachadas dos seus estabelecimentos. Um dia, muito tempo depois, surgiu um jovem
que se dizia lutador de luta-livre, que passou a fazer os serviços de fachadas
no lugar de Zezinho Bodega e Albertino, chamado Cícero Lopreu. Sendo “gay”, foi
bastante discriminado, mas sempre fora bm sujeito
Um
dos maiores ídolos como atleta no auge do time Ipanema, era o Lau. Um grandioso
jogador paparicado por todos, exercia humilde profissão de caiador, ou seja,
pintor de paredes. Mas nunca vimos o Lau se aventurar em abrir letreiros. Isso
quer dizer que um bom profissional cabe em qualquer tipo de sociedade e nós
temos que varolizar todas as honestas profissões. A qualquer momento
precisaremos de um deles. Sapateiro, engraxate, pintor, vendedor de picolé e
até mesmo de Manganheiro.
Cultive
a humildade e as portas se abrirão, mas seja perfeito naquilo que você aprendeu
a fazer.
CASA
COMERCIAL NO LUGAR ONDE FORA O CNE-ALVORADA. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).
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