TRAGÉDIA NA PONTE
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de agosto de 2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.288
A morte da professora na ponte da barragem, em Santana foi
coisa horrível. Construída em 1951, na BR-316, sobre o rio Ipanema, a época
permitia raros automóveis por ali. Venho batendo o tempo todo na estreiteza da
ponte, nas passarelas alto-relevo que não dão nem 50 centímetros de largura e,
altura que mal dá para as canelas, o restante se balança ao vento e ao sopro
dos grandes veículos. É bem verdade que a ponte nunca recebeu um conserto
porque foi feita no tempo em que os homens tinham vergonha. Muito bem-feita,
porém, hoje, bastante estreita e altamente perigosa. Nas minhas caminhadas por
ali, esperava com atenção para notar se vinha algum veículo e só passava com a
ponte livre de motores, principalmente caminhões e carretas.
Ora, na caminhada que algumas pessoas faziam, ao passarem
pela ponte da barragem foram surpreendidas por um veículo que feriu uma delas,
atropelou a professora e a jogou dentro da barragem. E enquanto a ponte não for
duplicada, outros acidentes iguais a este não estão descartados. O lado da ponte a montante é uma ampla
barragem assoreada, o lado a jusante, é leito de rochas vivas e que matam com a
queda. A continuação da BR-316, após a ponte, rumo ao alto sertão, é de boa
largura e asfaltada. Inúmeros alunos passam por ali todos os dias em direção a
uma escola do Bairro Barragem. ´É um lugar máximo de contemplação às cheias do
rio Ipanema, o que nas últimas cheias, pelo mesmo motivo da professora
atropelada, arremessada e morta, perdeu a vida a esposa de um comerciante da
cidade.
Quando outra ponte foi construída sobre o rio Ipanema, em
1969, desta feita no Comércio, foi mais larga, porém as passarelas são estreita
também e não têm mão e contramão, fazendo com que o encontro contrário dos
pedestres, force à descida até a pista sob a intensidade do trânsito. Os órgãos
responsáveis por ambas as pontes, sabem muito bem como usar a engenharia para
resolver satisfatoriamente esses problemas, mas parece que ficam esperando uma
manifestação em massa da sociedade santanense para suas realizações. Já houve,
várias tentativas de suicídios, nas duas pontes de muretas baixas, mas não
somente tentativas. De vez em quando
surgem nas manchetes
as notícias de mortes em ambas as pontes, como aconteciam essas notícias de
afogamento no poço dos Homens.
O rei
continua nu.
PONTE DA BARRAGE
(FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).
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