segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

 

 ESVAZIANDO A CASA

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.826



 

Foi surpreendente a divulgação do IBGE em que 70 cidades de Alagoas diminuíram o número de habitantes. Em seguida relacionaremos apenas as que ficam mais perto de nós: sertão, alto sertão, sertão do São Francisco: Água Branca, Batalha, Belo Monte, Canapi, Dois Riachos, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Olho d’Água do Casado, Olivença, Palestina, Palmeira do Índios, Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras, Piranhas e Senador Rui Palmeira. Mas o que faz uma cidade perder habitantes e mesmo se transformar em cidade fantasma? As inúmeras causas de esvaziamento são explicadas na Geografia, Sociologia, História e Economia. É preciso pesquisa sobre o assunto e cada caso pode ser uma causa específica, mas assusta quando se aponta 70 cidades perdendo habitantes de uma vez.

Entretanto, muitos fogem por motivos severos como fuga por causa de guerra, enchentes, epidemia, vulcanismo e coisas parecidas. A nós, parece causa principal de redução de número de habitantes, a própria concorrência salutar entre cidades que evoluem e cidades que se estagnam em desenvolvimento geral. Algumas já eram previstas por pessoas experimentadas, outras causaram surpresas, mas a concorrência, engole mesmo. Os gestores são peças fundamentais no desenvolvimento, na estagnação ou na decadência das suas respectivas cidades, dependendo do modo de vê o presente e o futuro  da urbe que administra. Cidade onde tudo falta a população migra naturalmente em busca de centros maiores à procura de educação, saúde, emprego e oportunidades.

E aqui para nós, não deixa de ser humilhante a redução comprovada da população da cidade em que habitamos. Muitas destas cidades que estão na lista acima, são ótimas para se viver, mas a juventude é vibrante, futurista, cheia de sonhos e não ficam amarradas ao berço em que nasceu vendo a prosperidade acontecendo em todos os itens da cidade vizinha, da capital do seu estado. Apesar de uma mentalidade nova de gestores interioranos (não aqueles que mantinham o município como feudo) que mexeram no marasmo trazendo algumas novidades para os munícipes, reagiram tarde demais e muitas cidades do Brasil ficaram na subida da ladeira estourando o motor. Outras tudo superaram e hoje despontam como lugares desejado por todos.

MARIBONDO (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 


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domingo, 8 de janeiro de 2023

 

AINDA AS CARROÇAS

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.825



 

Voltando ao assunto dos carroceiros, carroça, burras e cavalos, sai a notícia de um cavalo morto no trânsito. E foi dada aqui a sugestão de acabar com esses animais de tração no trânsito da cidade pequena, média ou grande. Muitos desses animais que circulam com carroças em capitais, não têm condições de saúde nenhuma. O peso excessivo, a jornada de trabalho, os ferimentos profundos, a má alimentação, além dos maltratos dos donos, faz dessas capitais terras de desprezo à vida não humana, à vista de inúmeras autoridades que não enxergam. Em pleno século XXI, quando tudo progride, ainda encontramos nas ruas a cruel escravidão animal. No interior, os preferidos para a carroça são as burras, geralmente bem alimentada, mas que não deixam de sofrer excesso de peso e muito ‘currião” no lombo, a troco de nada, apenas pelo hábito de bater.

Na capital é o cavalo magricela do mangue, em que vemos a hora de uma queda e morte súbita. Vivemos com os animais, a mesma situação em que vivíamos com escravos negros do passado. Simplesmente a proteção aos animais parece não existir nem nas capitais nem nos interiores. Voltamos a sugestão apontada antes, associação de carroceiros, financiamento para compras de veículos que possam substituir a carroça animal, treinamento e regras. Tudo financiado e orientado por órgãos públicos com assistência jurídica. Aposentar e cuidar dos animais libertos da carroças com a assistência veterinária mantida pelo estado.

Quanto a própria carroça, é verdadeira obra-de-arte de artesão tanto do interior quanto das capitais que também possuem suas fabriquetas de carroças e reboques. O problema não é a arte da gaiola, mas sim, da finalidade. Tudo depende das mãos em que vai cair a carroça. Os usuários deste transporte de carga da zona rural, tratam muito bem os seus animais de tração. Tratam burros, jumentos e burras, com a mesma dedicação ao boi de carro, muito embora a presença de veterinários seja coisa rara. E afinal, todos querem ganhar a vida e sustentar a família, mas o egoísmo, a ignorância, a falta de ajuda e orientação de quem deveria chegar junto, fazem com que a vida bruta do carroceiro não evolua, nem no interior nem na capital.

 

 

 

 

CARROÇA EM TRÂNSITO NA PERIFERIA (FOTO: B. CHAGAS)


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