quinta-feira, 22 de junho de 2023

 

FESTA, FESTA EM JARASERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.912



 

Podemos afirmar sem nenhum erro que o acontecimento do último dia 20 em Jaramataia, porta do Sertão pela AL-120, é uma vitória antecipada de um dos maiores feitos rodoviários de Alagoas em todos os tempos. Independente de política e de nomes (estamos fora disso). Duplicar uma rodovia que vai da capital aos confins do Sertão, é de fato, uma epopeia em todas as áreas, mas estamos em defesa da Geografia da terra. Litoral, Agreste, Sertão e Alto Sertão, contemplados ao mesmo tempo com o conforto de uma viagem espetacular, só nos faz lembrar os feitos de Arnon de Melo (Maceió – Palmeira) ou Delmiro Gouveia (Delmiro-Palmeira-Garanhuns-Quebangulo)).  E se hoje já é um sonho realizado trafegar do Alto Sertão à capital, por via-asfáltica, em duas espinhas dorsais, imaginem com uma delas duplicada!

Bom sentido faz a euforia da população de Jaramataia, nessa inauguração do trecho Arapiraca – Jaramataia e que continuará cortando a Bacia Leiteira, passando no Entroncamento de Olho d’Água das Flores e rumando para Olho d’água do Casado até Delmiro Gouveia. É certo que a duplicação não passa por Santana do Ipanema que está na Espinha dorsal da BR-316, mas todos Sertão e Alto Sertão serão beneficiados direta ou indiretamente. Por outro lado, o benefício desse ramal passa em Arapiraca que, vindo de Maceió já passou em São Miguel dos Campos. Muito mais segurança para os viajantes comuns, escoamento da produção e turismo, uma poderosa alavanca de infraestrutura para escancarar as porteiras do progresso.

Entretanto, já ouvimos a ideia de governantes para a duplicação Maceió – Palmeira dos Índios com possibilidade de esticar até Santana do Ipanema, e por que não? A Palmeira – Maceió é muito estreita, asfaltada em 1953 e tem necessidade grande dessa duplicação. E caso chegue até Santana do Ipanema é como se fosse a primeira vez que esse trajeto recebeu asfalto. Nossos representantes deputados federais e senadores não podem cochilar agora diante da boa vontade do novo governo. Fazemos questão de frisar que caso isso aconteça, um trabalho de alta qualidade é necessário nessas futuras obras e NÃO CARVÃO PREGADO COM CUSPE.

PARCIAL DO AÇUDE DE JARAMATAIA, UM DOS MAIORES DO ESTADO (WIKIMAPIO).


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quarta-feira, 21 de junho de 2023

 

O BODE

Clerisvaldo B.  Chagas, 22 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.910

 



Atualmente está mais difícil encontrar criatório de bode no médio Sertão de Alagoas. Bode assado, bode guisado, nada de bode... São as opiniões do nosso povo nordestino. E se no Médio Sertão, ele se tornou raridade, no Alto Sertão continua em evidência. O bode (Capra hircus) está em moda na culinária nordestina. Sua carne é enxuta, quase exótica, altamente nutritiva e sadia para todos os viventes. Em entrevista feita por nós a um pequeno criador sobre o desaparecimento do animal do Médio Sertão, ele nos falou: “O bode tem carne pouca e dá muito trabalho. Veja que o bicho até trabalhar em circo, trabalha”. É diferente do carneiro que tem muita carne e é fácil de manejo”.

Existe muito preconceito contra o bode, até na Bíblia o bode é de esquerda e a ovelha de direita. Muitas piadas são atribuídas aos atos sexuais do caprino, pois demora a copular e fica muito tempo rodeando a cabra e “bodejando”. O macho possui cavanhaque e quanto mais velho mais fede, devido sua urina na própria pelagem, dizem. O bode maduro ou velho é chamado popularmente de “pai-de-chiqueiro”. E todas as pessoas preferem comprar para consumo bodes e carneiros entre 13 a 15 quilos.  Por outro lado, se o seu criatório dá trabalho, mas é um animal resistente à seca e por isso tem a preferência sobre outros gados no Alto Sertão onde a temperatura é muito alta. Quando existe dificuldade de pasto, no período seco, o bode sai pela caatinga comendo quase tudo que encontra, inclusive, casca de árvore. É por isso que se diz: quanto mais seco o tempo, mas o bode é gordo.

A cabra, fêmea do bode, antigamente produzia em torno de meio a um litro de leite, diariamente. Hoje, devido a tantos melhoramentos genéticos já impressiona com a quantidade. Dizem que é o melhor leite depois do leite materno humano. Cabras têm abastecido hospitais com esse produto. E, finalmente a famosa “buchada” que todos que apreciam o prato, dizem que é muito mais saborosa do que a buchada de carneiro. Apesar de gente que torce a cara ao falar em buchada, têm sujeitos no Sertão que andam uma légua (termo em voga = 6 km) a pé para comer essas entranhas de ovinos ou caprinos. E para finalizar, uma quadra de famoso e saudoso cantor de forró:

“Eu faço uma buchada

De bucho de bode

Que o sujeito come tanto

Que mela o bigode...

 

O COICE DO BODE, LIVRO DE HUMOR MAÇÔNICO 1993. (FOTO B. CHAGAS).

 


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