quarta-feira, 5 de julho de 2023

 

A LUTA DO RIACHO

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.920



 

Grande prazer temos quando vaguemos pela praia e passamos a pé pelas águas límpidas da foz de pequeno rio... De um riacho. Além de bela paisagem, um banho salgado e um banho doce após, fazem esquecer todos os problemas que nos afligem no dia a dia. Infelizmente não tivemos (nós todos do mundo) uma educação num passado distante que pudéssemos estar desfrutando no presente os seus sagrados pomos. Esse despertar recente em cuidar da Natureza, vem como um grito de socorro tardio a São Bento, após a picada de cobra peçonhenta. Não somente governantes do mundo têm culpa, como o próprio povo da roça, do povoado, da cidade... Da capital. O desrespeito ao meio ambiente é uma praga do extinto destruidor que tomou conta da espécie humana.

É que revendo foto de tarde fagueira em Maceió, estamos no último trecho do riacho Salgadinho cheio, árvores ao longo das margens curvas, pesquisando e fotografando a hidrografia da capital, para o trabalho de fôlego: “Repensando a Geografia de Alagoas”. O vendedor de coco verde, o ambulante de bolo e café, dão um toque especial ao cenário, aparentemente limpo e turístico. Tudo é belo, maIs uma imagem usurpadora da verdade dura e crua desse intenso poluidor da praia da Avenida da Paz. Outrora a praia mais frequentada de Maceió, perdeu o posto para os milhões e milhões do embelezamento da Pajuçara, Jatiúca, Ponta Verde... Cruz das Almas. A “língua negra” do Salgadinho espantou turistas e nativos desse lugar e ninguém sabe ainda se para sempre ou para breve, após os gastos de milhões em obras despoluidoras do riacho.

Opiniões as mais diversas, falam sobre o riacho Salgadinho. Dizem que ele já está morto. Que sua recuperação duraria 200 anos e que apenas a preocupação atual não é salvar mais o riacho e sim, evitar a poluição na praia da Avenida. Muito já foi feito, mas parece tudo em vão. Além da poluição o fedor. E como é difícil tirar o fedor do fedor. Antigamente o riacho era chamado “riacho Maceió” e hoje ´Reginaldo até chegar à antiga rodoviária. Dali em dia, é chamado Salgadinho por causa da sua salinidade. E se as gerações passadas nos entregaram assim o Salgadinho, como iremos entregar para as gerações futuras o riacho Camoxinga, o rio São Francisco, o rio Paraíba do Meio... O rio Ipanema?

Refletir à Natureza, é refletir sobre VOCÊ.

FOZ DO RIACHO SALGADINHO (FOTO: TRIBUNA).

 

 


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segunda-feira, 3 de julho de 2023

 

MOCAMBO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.919

 



Emocionado escuto o poema “Flor do Mocambo”, do poeta Apolônio Cardosos, falecido em 1914. Daí resolvemos passar ao texto mais conhecimento aos nossos amigos e amigas. A árvore mocambo rara pelo Nordeste, é frondosa e cresce entre 3 a 8 metros de altura, porém pode chegar aos 25 metros conforme o lugar. Pertence à família das Malvaceae e seu fruto é parente do cacau e parecido, um cacau selvagem, encontrado na Amazônia. Sua flor é gigante e amarela de um tipo amarelo mais fechado. Como o meu sogro, saudoso repentista Rafael Paraibano gostava de cantar o poema acima, apontando autor, bate a emoção e ainda com um rapaz postando que é filho do autor do poema. Mas o tiro hoje era para outro alvo e pegou na árvore.

Mocambo também é uma casinha miserável, sem nenhum conforto e chamada assim pelos da zona da Mata alagoana, sendo denominada no sertão, de “Tapera”. Supõe-se que mocambo era esse tipo de moradia feita pelos negros escravos. Tanto é que vários mocambos juntos formam um “Quilombo”. Na zona rural de Santana do Ipanema, encontramos o sítio Mocambo, no mesmo trecho de quem vai para o povoado Pedra d’Água dos Alexandre. E como temos ali o riacho Mocambo, deduzimos que nos primórdios havia um mocambo, isto é, uma casinha miserável situada à margem do riacho que deu origem ao nome, tanto do riacho quanto do sítio. Cada região denomina diferentemente esse tipo de casa, como, por exemplo: ranchinho beira-chão, casa de sapé, casa de taipa... E assim por diante.

A escravidão negra é característica dos canaviais da zona da Mata alagoana onde estava concentrada a gente africana para o trabalho no engenho e nas suas terras. Porém, o Sertão, onde prevalecia o caldeamento do branco descendente de português com o indígena do semiárido, fez surgir o tipo caboclo ou curiboca, tão bem representado pelo vaqueiro das caatingas. Em número reduzido, havia escravos negros no sertão, tanto adquiridos pelos coronéis quanto por elementos fugidos dos engenhos. Todavia, à casinha pobre, miserável, de palha, de varas e barro, sempre esteve presente, não só da história do estado, mas de todo o Brasil das atuais Cinco Regiões Geográficas. Mocambos e mocambos...

FLOR DO MOCAMBO.

 


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