quarta-feira, 9 de agosto de 2023

 

TEMA DA BIENAL

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.943

 



Virgulino Ferreira e irmãos, durante suas desavenças com a vizinhança, em Pernambuco, veio com os pais morar em Alagoas, em 1918. Aqui chegando, foram morar em Água Branca, no sítio Olho d’Água. A família viera a convite do parente Antônio Matilde que viera antes, também fugindo de Pernambuco. Acontece que a 1 km de onde ficaram morando, viviam os cangaceiros mansos, irmãos Antônio, Manoel e Pedro Porcino. Como os semelhantes se atraem, logo os Ferreiras estavam entrosados com os Porcino, reforçando aquele bando com mais Antônio Matilde e Marin, cunhado de Virgulino que também estava em Alagoas visitando Matilde. O bando de Antônio Matilde, acolheu os irmãos Ferreira e os Porcino também, às vezes atuando jutos e outras vezes separados.

Virgulino e irmãos atuavam no bando de Antônio Matilde, indo também a Pernambuco com ele, onde praticavam roubos e arruaças. Outras vezes saiam com os Porcino que assaltavam estradas. Virgulino ficou trabalhando com o Coronel Juca, em Mata Grande, onde cuidava dos cavalos. Entre uma folga e outra, andava pelas feiras da Pedra, de Mata Grande e de Água Branca, fazendo arruaças, outras vezes juntos aos Porcino, peal região, inclusive no atual Ouro Branco. Assim, entre arruaças com os irmãos, o bando dos Porcino e o bando de Antônio Matilde, os Ferreira iam cometendo seus absurdos em terras alagoanas. Donos de terras de Pernambuco vieram se queixar ao juiz de Água Branca, de roubos de Virgulino em suas terras.

No fórum, diante das provas dos queixosos, Virgulino, na frente do juiz, puxou um longo punham rasgou os documentos apresentados, botando o homem para correr. Correu também. O juiz mandou o delegado prendê-lo e declarou os Ferreiras bandidos. Houve muitos tiroteios, mas não conseguiram prender Virgulino.

 Muitos desses acontecimentos com detalhes vão ser apresentados na Bienal, dia 12, das 14 às 16 horas, sala Mangaba em mesa redonda, quando debateremos “Lampião em Alagoas”, eu e meus dois companheiros escolhidos.

Esperamos a sua presença no debate sobre o único livro que fala totalmente em Lampião nas Alagoas. Vamo-nos conhecer, trocar gentilezas, autógrafos e experiências positivas.


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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

 

FURANDO O TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.942

 



Difícil era se deslocar do Sertão para Palmeira dos Índios e Maceió.  Qualquer coisa que se precisasse em Palmeira dos Índios, a viagem seria feita através de caminhão, ou na boleia ou na carroceria igual a qualquer amontoado de algodão, de suínos ou de carvão. Enfrentar uma estrada poeirenta e esburacada no verão e cheia de atoleiros no inverno, era coisa humilhante e sem esperanças. Houve época que para se chegar a Maceió, após o caminhão até Palmeira dos Índios, dormia-se ali em qualquer hotel e, pela madrugada, ainda no escuro da cidade sem luz, procurava-se a estação do trem para embarcar e partir via – cidade de Viçosa. E olhe que já era um relativo conforto, pois antes do trem em Palmeira, fazia-se o trajeto sertão até Viçosa a cavalo para dali embarcar no trem até a capital.

Quando o asfalto chegou a Palmeira dos Índios (o primeiro do estado) no início dos anos 50, Surgiu também em Santana do Ipanema, uma ônibus, chamado naquela época de “sopa”, e cujas bagagens viajavam no teto da sopa, parte externa, cobertas por uma lona. Em Maceió o ponto final acontecia no famosíssimo “Hotel Lopes”, vizinho a antiga praça da Faculdade de Direito. Em Santana do Ipanema, pontos de saídas e chegadas eram diante da Igrejinha de Nossa Senhora Assunção (Bairro Monumento) e na Pracinha do Centenário (Centro) onde havia uma bomba de gasolina, três bancos sem encostos e um obelisco.

Mas em 1951, a estrada de rodagem do governo havia cruzado Santana do Ipanema, rumo ao Alto Sertão. Aproveitando a primeira ponte sobre o rio Ipanema, foi construída uma barragem tendo como paredão a parte de baixo da referida ponte. A barragem serviria para abastecer Santana que ainda não dispunha de água encanada. Quando os operários (cassacos) do DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, terminaram a obra, muitos deles, de fora, quiseram permanecer na cidade, no acampamento. Surgiu assim do acampamento, o Bairro Barragem que ainda hoje permanece com esse nome. Surgiu, muitos anos depois, um filho da Barragem, por trás do casario ao longo da rodagem, a que o povo denominou de Bairro Clima Bom. Do outro da rodagem que era desabitado, surgiu um complemento moderno e bonito do Bairro Barragem que até poderia ter recebido um nome novo de bairro.

Nenhum escritor registrou essas histórias, infelizmente. A propósito, os cassacos do DNOCS, ganhando pouco, diziam, soletrando e interpretando a siga da repartição: “Deus não olha cassaco sofrer”.

PARTE NOVA DO BAIRRO BARRAGEM MARGEANDO O RIO, VISTA DE LONGE (FOTO: B. CHAGAS).


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