quarta-feira, 13 de setembro de 2023

 

PALMEIRA DOS ÍNDIOS E A PIPOCA BONI

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.962

 

No velho costume de olhar a origem de produtos industrializados, fiquei surpreso e feliz ao consultar um simples saquinho de pipoca.  Aquele tipo de pipoca que nós chamamos por aqui de “pipoca de isopor”. Rótulo hermeticamente fechado, desenhos de palmeiras e crianças indígenas, já sai na frente na estampa. Gostosinhas, semelhantes às de Gravatá, Pernambuco, mas sem aquele sal em excesso no exterior do produto. Gostei bastante, embora questione o apenas 15 gramas para mastigação. Mas o que matou a pau foi um produto simples ser industrializado na zona rural, gerando emprego, renda e perspectivas de futuros com outros derivados do milho. Portanto, a “Pipoca Boni”, vem da comunidade Bonifácio que eu muito gostaria de conhecer. Um exemplo a ser seguido por cidades que, como a nossa, não possui sequer uma fábrica de picolé.

Assim a cidade vai gerando trabalho na zona rural que poderá pegar gosto e chegar a surpreender desenvolvendo o agronegócio, fixando o homem no campo e estimulando a juventude local ao estudo superior de áreas afins como a agronomia, zootecnia, engenharia florestal e mesmo outras profissões na área da computação para desenvolver todos os tipos de indústria, notadamente as ligadas a terra. É certo que uma fábrica de pipoca é aparentemente simples, mas mexe muito com a cadeia do milho e até que poderá atrair outras fábricas para o seu entorno. E se os primeiros passos são firmes, imaginemos as grandes passadas do futuro.

Mesmo com uma cidade muito forte e próxima como Arapiraca, que leva para lá grande parte de indústrias que surgem em Alagoas, o Bonifácio não se intimidou com a concorrência geográfica e lançou seu produto no mercado, só não sabemos a quanto tempo. É motivo de orgulho sim, qualquer que seja a indústria implantada em nossa região. Estamos felizes com as informações do rótulo da “Pipoca Boni”. A “Cooperativa de Trabalho dos Produtores do Bonifácio LTDA”, estão de parabéns pela iniciativa, pela qualidade do produto, pelo destaque de Palmeira dos índios e pela exposição da zona Rural da “Terra da Pinha”. Cidade que não tem iniciativa, fica chupando o dedo e roxa de inveja.

A propósito, o povoado Bonifácio fica nos sopés de montanhas que levam até à cidade de Quebrangulo. Região belíssima, por sinal.

Viva o milho de Palmeira dos Índios!

EMBALAGEM DA PIPOCA BONI (FOTO: B. CHAGAS).


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terça-feira, 12 de setembro de 2023

 

SEU MANÉ

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2923

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.961

 



Já fizemos vários trabalhos sobre figuras populares do dia a dia em nosso interior. Talvez já tenha falado de Seu Mané, mas um pedido forte na mente pede crônica.  Os tipos populares interioranos, servem de diversão em lugares onde ela não é muito presente. Seu Mané era um homem alto, aspecto agradável e folclórico. Não temos certeza se trabalhava em padaria. A atração estava no seu caminhado, quando descia as ladeiras do Bairro Camoxinga.  Não tinha, mas parecia ter uma perna mais comprida de que a outra por causa do balanço que proporcionava parecendo subir e descer no solo. Os seus braços eram desengonçados, soltos, que se agitavam para todos os lados na sua caminhada normal. Usava um chapéu de abas curtas que completava o seu perfil caricaturesco. Um boneco de Olinda

A figura do homem era tão querida e popular que aonde ele passava sempre tinha gente para gritar, carinhosamente: “Seu, Mané!” Esse chamamento alegre do povo era seguido de uma expressão que parecia ter vindo do próprio personagem e adotado pelos seus fãs: SEU MANÉ! HIM!, HIM! Nunca procuramos saber de verdade as origens do him, him, mas que divertia o povo, divertia.

Outro personagem marcante e popular era o índio Moreira, da tribo Fulni-ô de Águas Belas. Trabalhava na padaria de Raimundo (Padaria Royal), no Comércio. O índio padeiro era alto e forte e fugia de todo padrão da sua tribo. Era parecidíssimo com o ator francês, Victor Mature, pareciam gêmeos. E eu que era fã do francês, não parava de encarar, discretamente, a semelhança de ambos. Mas o índio bebia muito, principalmente nas madrugadas fazendo pão com os companheiros. Ouvi de um deles que o vício era tanto que quando faltava cachaça, eles desdobravam o álcool até o amanhecer do dia.

E por fim, o bedel do Ginásio Santana, numa época do auge cenecista. Quase sempre vivia embriagado e morava na Rua Prof. Enéas. Muitas e muitas passagens de Duda Bagnani já foram contadas. Mas de vez em quando, numa necessidade, eu o chamo de “grande filósofo Duda Bagnani” que costumava dizer quando se sentia humilhado: “Quem se abaixa demais, o cu aparece”. E se a expressão é chula, a interpretação é a mais pura verdade. Não se humilhar para ninguém! “Lembre-se do grande filósofo Duda Bagnani”

PARCIAL DO COMÉRCIO SANTANENSE.

 


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