quarta-feira, 6 de março de 2024

 

DIÁRIO ALAGOAS

Fernando Valões

Jornalista e sociólogo

                      05.03.2023

 



O ilustre escritor e acadêmico Clerisvaldo B. Chagas está prestes a honrar o cenário literário com o lançamento da sua mais recente obra na capital alagoana, Maceió, bem como na cidade de Santana do Ipanema. Este evento marca uma ocasião de significativa importância cultural e intelectual, notadamente após uma dedicação de 18 anos de concepção da obra.

A revelação oficial de “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema” está agendada para ocorrer em primeiro momento na Estaiada Choperia e Drinkeria localizada na região de Jatíúca, Maceió no dia 13 de março. Subsequentemente o lançamento será replicado em Santana do Ipanema, especificamente no Restaurante Santo Sushi situado no Bairro Domingos Acácio, no dia 20 de março. Este livro, fervorosamente aguardado por entusiastas da história regional em todo o sertão de Alagoas, promete ser uma contribuição inestimável ao patrimônio cultural e historiográfico da região.

A fim de assegurar a inclusividade e a ampla disseminação desta obra seminal, a organização do evento providenciará em sistema de distribuição de convites e a possibilidade de transições via PIX, destinados inicialmente a um grupo seleto de 100 pessoas. Todavia esforços adicionais serão empregados para garantir que indivíduos fora deste círculo também tenham oportuninadade de adquirir a obra, reafirmando o compromisso com a acessibilidade cultural.

Esta obra monumental abrangendo 436 páginas, oferece uma narrativa abrangente e meticulosamente cronológica da história de Santana do Ipanema, desde os seus primórdios habitacionais nas margens da Ribeira do Panema até os eventos transcorridos no ano de 2006. Trata-se de um estudo abrangente que atravessa diversos períodos significativos da história-brasileira, incluindo a era colonial, do vice-reinado e imperial, fornecendo um panorama detalhado das transformações sociais, culturais e políticas da região. Diferentemente das narrativas históricas convencionais centradas nas elites governantes, esta obra destaca a confluência de diferentes estratos sociais oferecendo uma perspectiva inclusiva e multifacetada da história local.

A capa do livro, uma obra de arte meticulosamente composta, simboliza elementos culturais e históricos de Santana do Ipanema, incorporando ícones locais como o Museu Darras Noya e a Igreja Matriz, bem como figuras proeminentes da comunidade; este aspecto visual não só enriquece a apresentação da obra, mas também serve como um convite visual para os leitores mergulharem nas profundezas da história e cultura de Santana do Ipanema.

Portanto, convidamos a comunidade acadêmica, entusiasta de história e o público em geral a se unirem a nós neste evento literário de grande envergadura, que promete ser não apenas uma celebração do legado de Santana do Ipanema, mas também um marco significativo no campo da historiografia brasileira.

MACEIÓ, 5.3.2023.

 


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segunda-feira, 4 de março de 2024

 

TRADUZINDO PARA VOCÊ

Clerisvaldo B, Chagas, 5 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.022

 



Até quase o final do século passado, o povo sertanejo alagoano usava bastante as palavras bogó, cabaça, aió e trempe. Você da capital sabe traduzir? Então, mãos à obra:

Bogó é uma bolsa de couro com boca estreita e dura. Serve para transportar água em viagens. Quanto mais quente é o tempo mais a água esfria. Por ser pesado estando cheio, é mais apropriado para ser transportado por animais como o cavalo, o burro, o jumento... Foi muito usado por vaqueiros e cangaceiros.

Cabaça fruto do cabaceiro, duro e cortado ao meio tem ínúmeras serventias. Inteira, tem a mesma função do bogó e que também foi muita usada pelos cangaceiros e forças volantes, na caatinga.  Também é usada em nome masculino como cabaço que se tornou pejorativo para a virgindade da mulher. O primeiro documento de Santana do Ipanema, menciona o rio dos cabaços, atualmente conhecido como Capiá, o mais importante do Alto Sertão alagoano.

Trempe é a junção de três pedras, fogo no centro, à lenha ou a carvão, geralmente no solo limpo onde será colocada a panela – a maioria de barro – para cozinhar a comida. Em algumas regiões do Nordeste a trempe também era chamada tucuruba, nome indígena, cuja diferença era que as tucurubas tinham o fogo no chão escavado, num buraco. Cangaceiros usaram muito as tucurubas.

Aió bolsa de tecido especial, entrançado, para ser pendurado na cabeça do animal cavalar, com ração, notadamente de milho. Foi muito usado por homens humildes do sertão, a tiracolo como se fosse uma bolsa de couro atual. Esses indivíduos eram discriminados e chamados com desprezo de “cabra de aió”. Isto é, sem confiança, sem caráter. Essa expressão foi muita usada pelos coronéis sertanejos – fazendeiros ricos, arrogantes e assassinos, cujos títulos vinham de patentes da Guarda Nacional, criada pelo padre Diogo Feijó. Assemelha-se às expressões: “cabra ruim”, “cabra peste”, “cabra safado” e “cabra de peia”.

Assim continua o terreno fértil sertanejo em aberto para os pesquisadores deste mundo encantado.

MUNDO ENCANTADO ENTRE JARAMATAIA E SERROTE DO JAPÃO (FOTO: B. CHAGAS)

 


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