segunda-feira, 15 de julho de 2024

 

O PANEMA NA FESTA DA JUVENTUDE

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.076

 



Enquanto a festa em Santana acontecia, o rio Ipanema deslizou de Pernambuco e ficou praticamente lado a lado no seu leito normal. Um ditado santanense antigo, do município, diz que “quando o rio Ipanema bota cheia o inverno será bom”. Esse ano nem precisou a cheia do Ipanema acontecer porque o inverno já estava sendo chamado de excelente.  Nunca tínhamos visto um tempo invernoso assim, chuvas fininhas, tanto de dia quanto de noite, intercalada de sol e céu nublado. Portanto o rio Ipanema veio apenas confirmar a riqueza que estar acontecendo no Sertão. Por outro lado, graças a Deus não foi confirmado o outro provérbio de Santana, tão antigo quanto as origens da cidade “Panema quando bota cheia leva um”. Não temos notícias de nenhum afogado até o presente momento.

Na foto da crônica, através da grade de proteção da ponte General Batista Tubino, vê-se em primeiro plano o Poço dos Homens e em segundo plano a continuação da cheia repentina. Desta feita, o rio não encontrou casa construída no seu leito, nem oficina debaixo da ponte e nem rua ocupando a sua calha. Por isso passou tranquilo sem mexer com ninguém. Suas águas já baixaram bastante e daqui a uma semana, já estará fornecendo peixes para as famílias pescadoras costumeiras, àquelas que gostam de peixe com farinha e assim alimentam os buchos das crianças.  Os primeiros dias de cheias fazem a limpeza do lixo jogado ali pelos humanos e, os dias seguintes assentam o barro, a areia e outras impurezas que as águas transportam. É ocasião de pesca e de banho.

E mesmo com muitas festas e barulhos nas ruas de Santana, o rio Ipanema continua tranquilo, sereno e sinuoso como nos velhos tempos da nossa juventude. A Pedra do Sapo, lá no Minuíno, ainda hoje marca a intensidade das cheias em: pequena, média ou grande de acordo com as águas aos seus pés, à sua cintura, ao cobrir a sua cabeça. A ponte engoliu as negras canoas compradas em Pão de Açúcar, formulou o progresso da margem direita e incentivou suicídios aos fracos na sua baixa murada. Diante de ruídos de motores, foguetórios, sons de paredões e gritos alucinados, o rio Ipanema escorre invisível e sereno cumprindo seu destino de mais importante acidente geográfico do Sertão alagoano.

Orgulho sertanejo!!!

RIO IPANEMA VISTO PELAS GRADES DA PONTE, EM PLENA FESTA DA JUVENTUDE. (FOTO: B. CHAGAS). 2024.


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NOSSO ENCONTRO

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de julho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.075

 



Enquanto a Festa da Juventude rolava na cidade, driblamos o trânsito infernal de milhares de veículos de fora (coisa jamais vista por aqui), e fomos a pé fazer uma visita e uma homenagem ao idoso e cadeirante herói dos curtumes santanenses, personagem central e historiador conosco do livro SANTANA, REINO DO COURO E DA SOLA, lançado à venda hoje em Santana do Ipanema.  Fui eu e o jornalista, editor, livreiro e escritor José Malta, para que ele, MALTA, conhecesse de perto o “Comprador de Cinzas” ao vivo, do soneto do livro documentário. Ao mesmo tempo fizemos registros importantes do homem que aparece no livro, sobrevivente de uma época de ouro.  O herói trabalhara em todos os curtumes, comprava cinzas, couro, cal e casca de angicos para alimentar as fabriquetas de couro curtido e sola.

 Curtumes à margem do rio Ipanema, burros cargueiros, transportando matéria-prima e os namoros efêmeros das estradas. Seu Manoel Daniel vai recordando e passando para a geração MALTA NET., as histórias do livro e outras passagens inéditas de narrador lúcido e rude das caatingas. Um mergulho cultural nos anos 40 aos anos 70, cheio de peripécias e emoções do nosso protagonista, assistido por mulher, filha e neto. Caboclo altamente trabalhador, Seu Daniel foi infeliz quando se acidentou na lida com um carro de boi que afetou demais uma das pernas e não conseguiu mais recuperá-la a contento. O carro de boi do acidente, ainda hoje permanece numa garagem ao lado, (carro urbano, roda de pneu), onde serve como depósito de roupas e de outros objetos.

Seu Daniel ainda não conseguiu vender o carro de boi, feito sob encomenda.  Mas ao deixarmos a residência do nosso herói santanense, fomos deixar nossos quatro romances do ciclo do cangaço e livro/documentário Santana Reino do Couro e da Sola, (resgate importantíssimo da história de Santana) no Restaurante Sushi, no Bairro Domingos Acácio, para exposição e venda. Enfrentamos o trânsito enlouquecido e de dentro do carro ainda conseguimos tirar uma foto do rio Ipanema, entre as grades da Ponte Central. As águas que haviam chegado em grande volume já haviam baixado. Estão no Restaurante SANTO SUSHI, os livros/romances do ciclo do cangaço: DEUSES DE MANDACARU, FAZENDA LAJEADO, PAPA-AMARELO E OURO DAS ABELHAS, mais o livro documentário anteriormente falado. 90,00 cada romance, 30,00 o documentário, com apenas 28 livros de cada romance e apenas 5 do documentário. Entre nessa elite privilegiada. USE A PAZ E O PIX. Abraços do Clero, do Daniel e do Malta Net.

 

 

 


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