domingo, 5 de janeiro de 2025

 

RUA DOS ARTISTAS

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.162

 



Posso dizer que os alfaiates mais antigos que conheci em Santana do Ipanema, moravam na antiga Rua do Sebo, primeira da cidade, moravam perto um dos outros. Mas a Rua já ganhara nome oficial de Cleto Campelo e depois, definitivamente de Antônio Tavares. Eram três alfaiates que moravam praticamente vizinhos e eram chamados popularmente de Jonas Alfaiate, Antônio Alfaiate e Quinca Alfaiate. Não eram três artistas? E na mesma rua havia o flandreleiro Mané Gancho que trabalhava fazendo bicas (calhas) de zinco e vasos também de zinco de guardar cereais. Manezinho Quiliu, também trabalhava no mesmo ramo. Quase vizinho, labutava a flandreleira dona Zifina, que era perita em candeeiro de zinco e de lata.

Ainda havia, o Gerson Sapateiro, cantor e ex-jogador do Ipanema, o Basto seleiro, o Alfredo forte, sapateiro, O Júlio Pezunho, fazedor de colchão de capim, o José Limeira, fabricante de malas de madeira.  O Antônio Neres, marceneiro. O Cícero de Mariquinha, cantor. O Claudio Canelão e o pai, sapateiros. O José Lopes, fazedor de Cachaça e seu Antônio, fazedor de vinagre. Era ou não era a Rua dos Artesãos, dos Artistas? Muita gente também denominava a via de Rua da Cadeia Velha e que ficava nas primeiras casas bem perto do Comércio. A Rua Antônio Tavares era dividida em quatro trechos:

O primeiro, do Comércio ao Beco do Sebastião Jiló, onde estava situada a Cadeia Velha, hoje, esse pequeno trecho tem outra denominação. O segundo trecho ia do Beco de Sebastião Jiló até o beco da Salgadeira de Otávio Magro. Representava uma parte plana e mais baixa. O terceiro trecho ia da Salgadeira até o Beco de Carrito, representando um trecho plano e mais alto. E o quarto trecho ia daquele beco até à Rua de São Pedro, pequeno, um pedaço plano e uma pequena inclinação. Embora o epicentro do mais novo romance AREIA GROSSA, seja entre as ruas de baixo (Zé Quirino e a São Paulo, alguns personagens, citados acima, entram no romance do rio Ipanema, com muita honra.

TRECHO DA RUA ANTÔNIO TAVARES EM 2006.. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).


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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

 

REBOLE E DÊ UNS PULINHOS

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.161

 



Vamos fazer como os antigos circos que passavam no Sertão de Alagoas. “A pedido... “ E a pedido vamos recontar a principal historieta das acontecidas no famoso “Café de Maneca”. Nunca notei seu Maneca bêbado, mas diziam que ele tomava umas ou outras discretamente, porém, só demonstrava com certas atitudes que o imortalizaram nas histórias divertidas de Santana do Ipanema. Na época se usava um tipo de açucareiro de vidro grosso, tampa de metal na boca estreita do vidro. O objeto ficava na mesa para facilitar a agilidade em servir ao cliente. Maneca costumava coar o café numa cozinha recuada, deixando o freguês ansioso por causa do cheiro gostoso de café fresco, marca AFA, de primeira, misturado com o de segunda.

Certa feita chegou por ali o vereador denominado pelo povo de Zé Pinto Preto – isso o distinguia de outro Zé Pinto, branco e chefe local do IBGE. – Pinto Preto sentou-se à mesa e pediu um café. Maneca respondeu: “Vem já! “ pois ainda iria coar o café. O vereador, enquanto esperava, começou a colocar açúcar na palma da mão e jogar na boca, várias vezes. Mas seu Maneca de vez em quando passava o olho de lá da cozinha e via os atos de Pinto Preto. Nada falava e mantinha à distância. Quando terminou a coação, botou o café na xícara, desceu da cozinha e colocou a xícara de café na mesa de Pinto Preto, sem pronunciar uma única palavra. Deixou a xícara e carregou o açucareiro. Esperando em vão o retorno do objeto, o vereador esperneou: “Maneca cadê o açucareiro? “

E o proprietário do bar/café, retornando de mãos vazias, disse na cara do vereador: “Você já comeu o açúcar quase todo que havia, agora beba o café, rebole e dê uns pulinhos para misturar... “

A propósito, o café de Maneca funcionou vizinho de cima da loja de tecidos de meu pai, defronte o museu, depois passou a ser vizinho de baixo. Homem de bem e figura importante no comércio e na sociedade santanense, Maneca era muito querido em Santana. Quando cerrou suas portas, passou uns tempos trabalhando na Casa o Ferrageiro, elogiado pelo espírito de organização e honestidade. Ainda temos cerca de sete ou oito historietas acontecidas no Café de Maneca, todas já contadas em nossas crônicas.  E assim vamos deixando para a posteridade um pouco da nossa cidade e do Sertão que luta para o seu desenvolvimento.

COMÉRCIO DE SANTANA. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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