REBOLE
E DÊ UNS PULINHOS
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de janeiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.161
Vamos fazer como os antigos circos que passavam
no Sertão de Alagoas. “A pedido... “ E a pedido vamos recontar a principal
historieta das acontecidas no famoso “Café de Maneca”. Nunca notei seu Maneca
bêbado, mas diziam que ele tomava umas ou outras discretamente, porém, só
demonstrava com certas atitudes que o imortalizaram nas histórias divertidas de
Santana do Ipanema. Na época se usava um tipo de açucareiro de vidro grosso,
tampa de metal na boca estreita do vidro. O objeto ficava na mesa para
facilitar a agilidade em servir ao cliente. Maneca costumava coar o café numa
cozinha recuada, deixando o freguês ansioso por causa do cheiro gostoso de café
fresco, marca AFA, de primeira, misturado com o de segunda.
Certa feita chegou por ali o vereador
denominado pelo povo de Zé Pinto Preto – isso o distinguia de outro Zé Pinto,
branco e chefe local do IBGE. – Pinto Preto sentou-se à mesa e pediu um café.
Maneca respondeu: “Vem já! “ pois ainda iria coar o café. O vereador, enquanto
esperava, começou a colocar açúcar na palma da mão e jogar na boca, várias
vezes. Mas seu Maneca de vez em quando passava o olho de lá da cozinha e via os
atos de Pinto Preto. Nada falava e mantinha à distância. Quando terminou a
coação, botou o café na xícara, desceu da cozinha e colocou a xícara de café na
mesa de Pinto Preto, sem pronunciar uma única palavra. Deixou a xícara e
carregou o açucareiro. Esperando em vão o retorno do objeto, o vereador
esperneou: “Maneca cadê o açucareiro? “
E o proprietário do bar/café, retornando de mãos
vazias, disse na cara do vereador: “Você já comeu o açúcar quase todo que
havia, agora beba o café, rebole e dê uns pulinhos para misturar... “
A propósito, o café de Maneca funcionou vizinho
de cima da loja de tecidos de meu pai, defronte o museu, depois passou a ser
vizinho de baixo. Homem de bem e figura importante no comércio e na sociedade
santanense, Maneca era muito querido em Santana. Quando cerrou suas portas,
passou uns tempos trabalhando na Casa o Ferrageiro, elogiado pelo espírito de
organização e honestidade. Ainda temos cerca de sete ou oito historietas
acontecidas no Café de Maneca, todas já contadas em nossas crônicas. E assim vamos deixando para a posteridade um
pouco da nossa cidade e do Sertão que luta para o seu desenvolvimento.
COMÉRCIO DE SANTANA. (FOTO: B. CHAGAS).
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