sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MÉDICOS CUBANOS

 



Crônica Nº 1073

Saude

 O assunto é de tanta importância que resolvemos reproduzir a matéria da Agência Brasil.

secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa
A maioria dos médicos cubanos (74%), que chegarão ao Brasil na próxima segunda-feira (26), vai trabalhar nas regiões Norte e Nordeste, informou hoje (22) o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. “A vantagem dos acordos bilaterais é que eles estão vindo para aqueles locais onde o Brasil indica que é preciso um médico. São regiões que não foram escolhidas pelos médicos brasileiros nem estrangeiros”, explicou. O secretário participou, durante a manhã, de um encontro preparatório sobre o Programa Mais Médicos com representantes de prefeituras paulistas.
O anúncio da contratação de profissionais de Cuba foi feita ontem (21) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Espera-se que, até o final do ano, 4 mil médicos cheguem ao país. Nesta primeira etapa do acordo, que inicia na segunda-feira, 400 profissionais desembarcam no Brasil e mais 2 mil são aguardados no dia 4 de outubro. Eles vão passar pelo mesmo processo de avaliação dos médicos com diploma estrangeiro e não precisarão revalidar o diploma.
Os cubanos vão suprir a demanda de 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum médico na primeira chamada do programa. “São médicos que se dispõem, que têm muita experiência em missões internacionais e já atuaram em outros países. Dentro de um acordo bilateral, eles vão trabalhar em locais onde há infraestrutura e um acolhimento da prefeitura”, destacou Barbosa.
O secretário rebateu a crítica de entidades médicas brasileiras de que esses profissionais estariam vindo ao país em regime de semiescravidão. “Todos esses médicos estão vindo voluntariamente. Terão previdência paga pelo ministério. Alimentação e moradia paga pelo município. Dificilmente isso se assemelha a qualquer coisa parecida com escravidão”, respondeu.
Especificamente sobre os médicos de Cuba, Barbosa reforçou que o Brasil repassará ao governo cubano a mesma quantia destinada aos demais profissionais, R$ 10 mil. O repasse será feito por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). “Nós repassamos o recurso para a Opas, que, por sua vez, passa ao Ministério da Saúde de Cuba, que paga os cubanos. Eles vão receber o salário que o governo paga em missões no exterior”, apontou, sem informar o valor.
Segundo o secretário, cerca de 30 mil médicos cubanos trabalham em outros países, como Haiti e Venezuela. “Não podemos pagá-los diretamente. O governo cubano só aceita enviar através de um acordo bilateral”, disse. Ele relembrou que essa prática, de importação de médicos, já foi adotada no Brasil, na década de 1990, quando a maioria dos médicos da atenção básica em Roraima, no Tocantins e em alguns estados do Nordeste era de Cuba. “Nunca soubemos de nenhum erro desses médicos e nenhum problema de imperícia. Nem mesmo que tenha havido denúncia de trabalho escravo”, declarou.
Barbosa informou que esses profissionais, assim como os demais contratados, terão alimentação e moradia custeados pelo governo municipal. “Pela formação mais completa que eles têm, específica em atenção básica de saúde, nada indica que eles não vão prestar um excelente trabalho agora”, defendeu. Ele aposta que a contribuição do país parceiro terá impacto, sobretudo, na redução da mortalidade infantil, dos casos de tuberculose, de hanseníase. “Eles vão fazer com que essas pessoas tenham mais acesso à saúde”, declarou.
Agência Brasil
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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

PERÍODO DAS SECAS



PERÍODO DAS SECAS
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2013.
Crônica Nº 1072

RIO IPANEMA COM ÁGUA. 1982. (Luiz Euclides).
Quando as águas fortes iam embora, restavam os poços, as cacimbas, a areia, as ilhas, as moitas, as pedras... O rio era um paizão! Entretanto, nós nos voltávamos mais para os poços. No meu caso, o poço dos Homens. Ali tomavam banho adultos misturados com adolescentes. Muitos adultos nadavam nus sob os olhares desconfiados dos meninos. As pedras do “estreitinho” ficavam repletas. Outros preferiam o “largo” para as apostas de tirar terra no fundo do poço, trocar “sapatadas”, fazer exibimento. (...)
Aos domingos, o poço, como todos os outros lugares do Ipanema, ficava lotado.
No poço surgiam tipos esquisitos como “Gorila”, feio como o próprio e desengonçado como um chimpanzé. Em terra dava saltos mortais seguidos. Na água enfileirava sapatadas sem mostrar a cabeça na superfície, um verdadeiro espetáculo. Gorila era irmão de Nicinha, menina-moça que nadava como uma piaba; ambos moravam ali pertinho do poço.
Sempre apareciam lavadeiras no largo, fazendo ouvidos de mercador para as piadas mais grosseiras dos homens. Lavadeira parecia não enxergar os nus.
No inverno eu ficava espiando as andorinhas que voavam sobre o poço, roçando o peito macio nas águas turvas. Elas vinham aos bandos. Rodeavam, sentavam na torre da Matriz de Senhora Santa Ana e passeavam pelos arredores. Eu ficava escutando melancolicamente o cantor da minha rua, Cícero de Mariquinha, quando aparecia por ali cantando com sua voz maviosa “A Pérola e o Rubi” (...)
Quando as águas iam ficando verde, poucos iam ao poço, mas eu ia, motivo às vezes, de surras de cinturão por parte de Manoel Celestino das Chagas, meu pai, ou de Helena Braga das Chagas, minha mãe. Porém, nada em Santana era como o Ipanema, nada!... Outro divertimento eram as caçadas às rolinhas pelas areias grossas do rio ou o jogo de futebol nas ilhas mais compactas. (...)
RIO IPANEMA, SECO. 1983. (Autor).
Ao se aproximar o Carnaval, íamos roubar argila de telha na olaria do senhor Eduardo Rita, para fazermos máscaras e sairmos de caretas aos bandos nas ruas de Santana. Preferíamos o barro do senhor Eduardo porque ele fazia telha. E barro de telha teria que ser melhor do que o barro de fazer tijolo. Não íamos às outras olarias conhecidas nossas como a de José Cirilo e a de Pedro Cristino (Seu Piduca). (...)
Enfim, todos os grandes homens da cidade, com raríssimas exceções, tomaram banho no Panema. Ditado dos mais velhos: “Quem bebe da água do Panema não esquece Santana”. (...)
·        *  Extraído do livro “Ipanema um rio macho”, págs. 33-34, 2011. (Autor).




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