quarta-feira, 2 de julho de 2008

O MUSEU DE ALBERTO AGRA


O MUSEU DE ALBERTO AGRA
(Clerisvaldo B. Chagas-21.6.2008)

Alberto Nepomuceno Agra, em Santana do Ipanema, Alagoas, ainda é proprietário de farmácia. Foi herói de guerra, ex-pracinha, iniciou uma linha de transporte Santana-Maceió no início da segunda metade do século XX, em 1953. Desistindo do negócio após longa prestação de serviço ao povo sertanejo, Alberto instalou a farmácia que ainda continua a servir na Rua do Comércio, Praça Manoel Rodrigues da Rocha, em 1954, adotando o nome de “Farmácia Vera Cruz”.
Atuando na sociedade santanense em todos os segmentos desenvolvimentistas — homem honesto, rígido e de rara inteligência — Alberto também foi diretor do Ginásio Santana e professor de Geografia de atuações brilhantes. Foi ainda um dos fundadores da Companhia Telefônica de Santana do Ipanema em 4 de setembro de 1964, tendo sido seu primeiro diretor. Alberto também se tornou fazendeiro e atualmente com seu filho Albertinho dão importantes lições de Ecologia, preservando uma área de caatinga nas imediações do serrote do Cruzeiro.
Como professor de Geografia, venho com muito orgulho da “Escola” de Alberto Agra, o melhor professor da matéria, meu ícone, padrinho do assunto que me fez ocupar a cabeça da primeira fila. Alberto é um dos três intelectuais que admirei em Santana do Ipanema. Sempre quis um dia transformar aquele trio em quarteto; consegui.
Talvez desencantado com o museu de Santana — desprezado e desmontado através dos anos — o professor, fazendeiro e comerciante Alberto Nepomuceno Agra, resolveu utilizar o espaço superior da sua farmácia para instalar um museu particular voltado mais para a memória de II Guerra. Ali foram colocadas peças do seu antigo traje de soldado; expostos nomes de colegas santanenses também heróis; símbolos e fotos que marcaram o conflito de 1945.
Não sabemos ainda como funcionará a nova casa, se para os amigos da cultura apenas ou para a população em geral. Uma coisa é certa: a organização, palavra que sempre caracterizou todos os empreendimentos do professor Alberto. Ele sabe muito bem que se não houver controle, o museu correrá o mesmo risco do municipal: violentamente dilapidado após a gestão Hélio Cabral de Vasconcelos. O museu de Alberto Agra, todavia, não deverá expor apenas motivos de guerra, mesmo que ele assim o almeje. É que os conhecedores da seriedade do seu fundador, vão querer doar peças raras da história e das artes de Santana. Eu mesmo já cooperei com algumas doações.
Desejamos ao professor Alberto Nepomuceno Agra, êxito crescente na sua iniciativa cultural. É preciso possuir muita força de vontade, gostar do que faz e acreditar em chuvas nos desertos, mesmo que elas sejam raras, enfeites, miragens, porém, profundamente refrigeradoras do corpo, da mente, da alma.

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