terça-feira, 2 de março de 2010

MATUSALÉM SOLTEIRÃO

MATUSALÉM SOLTEIRÃO
DO CD “SERTÃO BRABO” – DEZ POEMAS ENGRAÇADOS
(Clerisvaldo B. Chagas. 3.3.2010)

Matusalém já maduro
Também era ignorante
Não era comerciante
Vivia emprestando a juro
Tipo solteirão pão-duro
Não gostava de querela
Olhava de retrevela
Pra Osóra Bitulina
Todo dia na esquina
Via o rebolado dela

Na quina da padaria
Todo dia ele ficava
Pra vê quando ela passava
Sem nunca dá ousadia
Se ela olhava nem via
Matusalém na esquina
Ele ligava as turbina
Mas o motor era fraco
Ficava que nem macaco
Pra os lado de Bitulina

Na segunda ela passou
Com fi’ de Zé Vaqueiro
Na terça com um boiadeiro
Na quarta não passeou
Mas na quinta desfilou
Com Luís do Caminhão
Na sexta com Bastião
No sabo com o delegado
Vestido branco colado
Domingo com Zé Negão

O veio pra ser visado
Com sua cara de fole
Comprou chapéu aba mole
De derrubador de gado
Um cinturão de sordado
Um jaquetão do Nordeste
Comprou pra fazer um teste
Duas botas de vaqueiro
Um zocle de motoqueiro
Ficou parecendo a peste

Dez da noite Bitulina
Vestida na maior bossa
Cinta fina, perna grossa
Chegou perto da esquina
Mas vinha com João Buzina
Um ricão da burguesia
Que lhe disse assim: “vigia
Tome aqui um bom trocado
Pra você ficar ligado
Beba uma cerveja fria”

Matusalém se danou-se
Com o engano de João
Meteu os zocle no chão
Puxou a roupa e rasgou-se
Passou um gay agradou-se
Lhe disse: “meu bem, meu papa”
Precisou tomar garapa
Depois de surra moderna
Inda hoje vira à perna
Quando se alembra do tapa

Matusalém com paixão
Foi à casa de Muzumba
Mode encomendar macumba
Porque tava sem ação
Queria botar cambão
No seu amor verdadeiro
Depois de gastar dinheiro
Quase morre sem futuro
Viu Bitulina no escuro
Com Muzumba macumbeiro

Já com a ideia tonta
Igual cachorro buldogue
Tomou uns dois ou três grogue
Amolou faca de ponta
Depois bebeu mais da conta
Foi procurar sua paca
Pra ele só arataca
Pois Osóra quase preta
Fugiu com Janjão Marreta
Pras banda de Arapiraca

Matusalém foi pra casa
Triste que só bacurau
Quebrou a cama de pau
Jogou a roupa na brasa
Feito cavalo de asa
À rua toda abalou
Tirou as calça e mostrou
Já num beco sem retorno
Chamava o povo de corno
Veio a poliça e levou

Matusalém hoje em dia
De mulher não quer saber
Quando o dia quer morrer
Na quina da padaria
O gay Suzana Maria
Com vestido vaporoso
Vem atrás do seu pintoso
Vão beber lá na bodega
Ou no bar curtindo um brega
Do lourinho Arly Cardoso.

FIM
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