domingo, 10 de fevereiro de 2013

O CARNAVAL DAS VACAS


 O CARNAVAL DAS VACAS
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2013.
Crônica Nº 963
Foto: (nogueirense.com.br.)

Cada um se vira como pode, diz o povo sertanejo. Falamos dos vendedores de rua com seus modos habituais e peculiares de passarem adiante as suas mercadorias. Lembramos que há muito tempo em Maceió, as rádios da época falavam bastante dos produtos que os desonestos colocavam no leite à venda. Havia até um locutor que defendia a própria água no leite integral oferecido nas portas, em relação a outros produtos nocivos à saúde. Com as narrações humorísticas de casos verídicos, até piaba já encontraram no leite vendido com garantia.  Mesmo pessoas na casa dos setenta, oferecem o produto “batizado” e, são poucos, raros mesmo, os que vendem leite puro nesse país, pois a desonestidade em relação a ele é generalizada. Uns gritam seus artigos, outros tocam sinos, outros ainda usam apito e, os mais modernos apelam para carro de som.
Recentemente, em Santana do Ipanema − lugar onde ainda se vende coisa pelas residências − um sujeito esperto inventou um negócio diferente que tem dado certo. Adaptou uma buzina poderosa de som grosso, tanque de plástico com torneira larga e passou a anunciar o leite pelas ruas da cidade, em cima de moto.  Várias pessoas vendem leite, mas tudo nas santas leis do batismo, o homem não. O leite é bom mesmo, sem mistura. Das sete para às oito e meia da manhã, a poderosa anuncia que o cabra está por perto. Segure a vasilha e corra para a porta. Poooom! Pooom! Da primeira vez você pensa que é um boi berrando. Preocupada em ficar sem leite para o período momesco, uma dona de casa indagou ao vendedor que também é pequeno proprietário rural, se ele fornecia leite durante a folia. Sim, respondeu o homem. Ele alegou que ainda não disse às vacas que era Carnaval. E mesmo sem chuvas na sua região as reses continuam firmes ajudando na sua economia, auxiliadas pela buzina grossa. O que não pode é ninguém vestido de verde passar por ali, senão às vacas atacam.
Naquela conversa mole, a mulher perguntou se as coitadinhas não mereciam também um descanso, nesses dias de farras. O vendedor respondeu: “As minhas vaquinhas gostam de trabalhar minha senhora, mas quando estão estressadas eu boto umas marchinhas de Carnaval e me “abrofelo” com elas”. 
Bem, nesses tempos de volta da Zoofilia é bom não levar a coisa ao pé da letra.  É apenas O CARNAVAL DAS VACAS.



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