QUANTO
VALE UM FERREIRO?
Clerisvaldo B.
Chagas, 19 de maio de 2014
Crônica
Nº 1.191
Ferreiro (Wikipédia). |
O povo banto, da
região do atual Camarões, África Central, migrou para o sul daquele continente.
Atualmente os bantos ocupam partes da República Democrática do Congo, Angola e faixa
setentrional da África do Sul. Essa migração durou, aproximadamente, 2.500
anos. Enquanto estudiosos achavam que essa ocupação era devido ao conhecimento
dos bantos com a metalurgia, outros dizem que esse conhecimento foi adquirido
durante essa expansão.
Os bantos tornaram-se
conhecidos através da perfeição das obras de arte como esculturas, tronos,
cajados e máscaras.
No Brasil, como
escravos, foi grande a contribuição dos bantos, principalmente no idioma, na
música e na culinária. Das suas origens chegou até nós às palavras: moleque, camundongo,
marimbondo, macaco, cochilar... E influência culinária como jiló, quiabo,
melancia, azeite de dendê e feijão-fradinho.
Na tradição africana,
a figura do ferreiro ganhou destaque. Os bantos tinham o ferreiro em grande
monta, não somente pela capacidade da produção do ferro, mas também pela
capacidade de o ferreiro extrair esse material do seio da terra. Sendo assim,
deveria ele, o ferreiro, também saber lidar com as forças e os espíritos da própria
natureza. Para os bantos, o ferreiro era tão respeitado que até mesmo reis se
diziam ferreiros para adquirir maior confiança dos seus súditos.
Em Santana do
Ipanema, a profissão de ferreiro sempre foi rara. Um ou dois para a população
da cidade, como acontece nos dias atuais. A visita a um ferreiro só vai quem
tem negócio. Os dois últimos que ainda faziam sucesso por aqui, um morava no
Bairro Camoxinga e, segundo o povo, só trabalhava quente que nem o ferro que
batia na bigorna. Uma cachaça da peste! O outro ficou famoso mais pelo apelido
de que mesmo pela habilidade com a profissão. Trabalhava no início da Rua Prof.
Enéas e atendia pelo belo vulgo de “Pé-Espaiado”.
O sertão voltou a vê
barbeiros, espécie quase extinta que retornou à vida através de cursos do
governo. Mas o homem que bate ferro, diferente do povo banto, continua raridade
aos olhos do sertanejo. Você conhece algum ferreiro? Já conversou com ele? Sabe
onde fica sua tenda? Ele é mesmo de carne e osso? Você acredita de verdade que
esse ser existe? Então nos responda, fazendo uma comparação entre Brasil e
África: QUANTO VALE UM FERREIRO?
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