O PESTE DO CABO
Clerisvaldo B.
Chagas, 21 de janeiro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.622
Parcial de Santana do Ipanema. Foto: (Clerisvaldo). |
Onde
está o cabo? Onde está o cabo, gente! Cabo é um posto militar, abaixo de
sargento, mais do que soldado. Cabo, complemento de objeto para manuseio. Fio
para conectar e pronto. Cabo, porção de
terra que avança pelo mar. Cabuloso, sujeito chato, pernóstico (gíria
alagoana). Ai meu Deus! Estou à procura de um cabo numa capital com mais de um
milhão de habitantes. “Não senhor, a gente não vende”. Onde posso encontrá-lo,
senhorita? “Não sei”. E vamos nós peregrinando pelas ruas de Maceió, entra em
loja sai em loja. E ninguém sabe. E ninguém tem. O ambulante não dispõe, o
atacadista mexe a orelha. E nada e nada... E nada. Um simples cabo para se
colocar numa câmera fotográfica e num book, dois palmos de fio. Manhã inteira
sem nada achar e sem esperança alguma. Não, não, nem diga nada, que esse aí que
você pensou, foi o primeiro procurado. Será que estamos perdendo para a feira de
Caruaru!
Saímos
de Maceió madrugada com aquela chuvinha gostosa do Nordeste, rezando, rezando,
rezando para que a danada nos acompanhasse até o Sertão. Lugar seco, queimado,
mas aquele torrão saudoso que somente nós sabemos apreciar. E a chuvinha, a
chuvica, a chuvazinha, a garoa, vai estendendo a nuvem fraca e acenando,
acenando, mas não ousa atravessar as terras de Satuba. Lembramos de vós. E suspiramos nós, rolando
pelo cinza do asfalto, pelo verdume do vale Mundaú, rumo oeste, rumo oeste,
sim, sim, oeste, sempre oeste com ansiedade indômita em rever as cacimbas do
Ipanema, a cruz no comando do serrote Cruzeiro, a seca de perto e as mulheres
bonitas da nossa terra.
Tome
foto, compadre, mais foto, Seu Zé! Ô meu Sertão arretado! Sofrido, batido,
moído... Personalizado que nem mandacaru, forte como pau-ferro, encalombado tal
angico... Madeira de dá em doido que nem baraúna!
Quer
ver as fotos, comadre?
Desculpe,
faltou o peste do cabo!
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