O RAPAZ DAS PLANURAS
Clerisvaldo B.
Chagas, 18 de janeiro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Nas
terras de Palmeira dos Índios, Alagoas, um grupamento de serras volta-se para o
Sertão. Comanda essas alturas a serra das Pias, bela e perigosa e que liga por
rodovia Palmeira a Bom Conselho. Lá de certos meios da serra avista-se o
magnífico que é a planura sertaneja que se inicia nas proximidades de Estrela.
Lá nos confins do estado, o Maciço de Mata Grande e Água Branca, fazem o papel
do grupo serra das Pias, ao contrário. O que se avista daquelas altitudes é
encantador e calmante. E nessas particularidades que o Turismo ainda não
descobriu, gozam desse egoísmo pesquisadores privilegiados.
Em
certa ocasião fomos até a periferia de Mata Grande, subindo bom pedaço de
ladeira e nos deparamos com um mundo escondido sertanejo. Um engenho de
rapadura que atraía de longe, pelo cheiro agradabilíssimo. O contato do rapaz
criado nas planuras com aquele ambiente de cana-de-açúcar fez despertar um novo
sentimento de exclamação, incredulidade e respeito. Como era possível o sertão
produzir cana, mel e rapadura se ele somente conhecia o raso de caatinga de
feijão, milho e mandioca! Aquele local de tanta fartura foi pelo rapaz comparado
a serra do Gugi, um oásis também no outro maciço do Sertão, o Maciço de Santana
do Ipanema do qual fazem parte a serra do Poço, Gugi, Camonga, Pau Ferro,
Almeida, Bois, Macacos e Caracol. Formações com mais de 30 milhões de anos.
E
para quem não sabe, podemos dividir o Sertão alagoano em três mundos: o das
planuras, das serras e do São Francisco. Cada uma dessas repartições tem
cultura própria, notada imediatamente pelo visitante vindo das outras. Tempos
depois, pesquisando para o IBGE nos confins de São José Tapera, o rapaz via
passar ao longe uma tropa de burros conduzindo rapaduras dos engenhos de Mata
Grande para as feiras do pediplano.
E
ainda no futuro, fomos descobrir o assalto de Lampião aos tropeiros, levando
quatrocentas rapaduras, naquela mesma região. Produtos esses recuperados pela metade
pelo sargento Porfírio e sua feroz volante. As rapaduras que sobraram estavam camufladas
nas macambiras. Imaginem a farra das formigas!
Passado
tanto tempo de Sertão, as autoridades sertanejas continuam com a nova versão do
coronelismo. Todos só olham para o feudo com olhos no bolso do antigo tecido de
“manapulão”. E os nossos sertões velhos
de guerra, sem progresso, sem turismo, seu dólar, sem euro... Sofrem como pinto
de capoeira no bico dos carcarás.
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