quarta-feira, 2 de setembro de 2020

 

HUMOR E REFLEXÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de setembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.378

                                                         (FOTO: B. CHAGAS)

Saindo do sério histórico da minha terra, entremos na área do humor e reflexão. Existem pessoas que têm um raciocínio tão rápido que parecem saber o que vai ser perguntado ou dito. Uns chamam o fenômeno de tirocínio. Você é assim? Seja lá o que for vamos contar quatro passagens que o tempo não deixou esquecer.

O saudoso prefeito de Maceió, Sandoval Caju teve publicada várias histórias de presença de espírito. Uma delas conta que uma vez eleito, foi participar de uma reunião quando um dos presente disse baixinho ao companheiro, mas não tão baixo assim: “Esse é o palhaço que foi eleito”. Sandoval ouviu o desabafo opositor, virou-se rapidamente e disse: “Os palhaços são vocês, agora eu sou o dono do circo”.

Seu Marinho Rodrigues negociava no “prédio do meio da rua”, despachava no balcão do armazém juntamente com sua esposa Prazerinha e o cunhado Reguinho. Ao receber dinheiro costumava levá-lo contra a luz e examiná-lo com o tato. Gostava de chamar seus clientes homens de “caboclo velho”. O cidadão Zé Malta, de verve boêmia, entrou no armazém, pediu uma carteira de cigarro, pagou, recebeu o troco e saiu caminhando. Quando, lá na frente contou o troco, coisa rara! Marinho Rodrigues dera dinheiro a mais. Malta voltou lá para devolver o excesso: “Seu Marinho...”  “Diga caboclo velho”. Prossegue Zé Malta: “O senhor deu o troco errado”. E seu Marinho, na sua pompa de autoestima: “Aqui não se passa troco errado, caboclo velho”. Zé Malta falou apenas: “Muito obrigado, Seu Marinho”.  Pôs a gratificação de volta ao bolso, saiu assoviando e desapareceu na primeira esquina.

O ex-prefeito interventor Nozinho despachava no balcão da sua  Sorveteria Pinguim. Um rapaz pediu um picolé e veio um produto verde escuro. O cliente mordeu, experimentou, deglutiu um pedaço e indagou: “Seu Nozinho, esse picolé tão verde assim é de mata-pasto ou de quê?”. O ex-prefeito marca três efes respondeu em cima da bucha: “Você que estar chupando não sabe, quanto mais eu...”.

Antônio Alves Costa, o “Costinha” era prático de veterinária, brincalhão e rápido nas respostas. Certa feita foi vacinar o gado na  fazenda do meu pai, sítio Timbaúba. Os vaqueiros laçavam e dominavam as reses, o prático encostava e zás! enfiava a agulha com perfeita habilidade. Uma vaca, porém, dava muito trabalho aos vaqueiros.  Esperneava, pulava, escoiceava... E Costinha olhava da sua zona de conforto. Um dos vaqueiros, o Chicão, antes de dominar completamente a rês, gritou: “Venha, seu Costa que a rês é mansa”. Costinha só teve tempo de abrir a boca: “Mansa era minha mãe e meu pai tinha medo dela”. E Ficou espiando de longe tempos melhores.


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