terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

 

JUAZEIRO, JUAZEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.653

 

Ainda é a árvore mais famosa do Sertão. Típica e originária da caatinga, o juazeiro ficou imortalizado nas músicas do Rei Luiz Gonzaga. Árvore elegante que pode atingir 15 metros de altura é famigerada pela sua resistência à seca, sua sombra e suas propriedades medicinais. Seus galhos secos, caídos ao chão, podem surpreender o desavisado com seus espinhos grandes, duríssimos, roliços e marrons acinzentados. Produzem uma dor grossa e duradoura, fura sandália de borracha, pé e tudo. O fruto do juazeiro é o joá, pequeno arredondado e doce, muito usado pelos caprinos. As pessoas usam o fruto em pequena quantidade para evitar problemas imediatos. Com eles pode se fazer doce e geleia.  Da casca do juazeiro se faz pasta dental e xampu. Nós o conhecemos de perto pois já descansamos muito sobre à sombra dessa árvore, palitamos os dentes com seus espinhos e higienizamos a boca com a raspagem do seu tronco.

O juazeiro (Ziziphus joazeiro) tem proteção contra o fogo nas coivaras, ainda hoje praticadas nos sertões. Ganha muito destaque natural na região de criatório e nos musicais das páginas forrozeiras nordestinas. É cantado direta ou indiretamente nas sagas romanescas de amor. Não é muito bom para se armar redes nos seus galhos, mas bem varrido com garranchos, dá uma descansada boa danada na esteira de pipiri ou de caboclo. Às vezes seus galhos próximos uns aos outros, costumam soltar gemidos que parecem sobrenaturais quando entram em atrito causado pelo balanço do vento. Suas raízes profundas quase sempre mantêm o verde aceso quando os arredores se apresentam queimados pela canícula. É a capacidade de absorver a água distante do subsolo.

É decantada sua resistência à estiagem, entretanto, muitas outras árvores também são famosas pela sombra tão cobiçada no verão, a exemplo da Quixabeira que em toda plenitude parece uma casa e são preferidas para longos descansos de viajantes a pé e de retirantes. Sua madeira possui propriedades medicinais muito usada contra pancadas e diabetes. O Sertão é uma universidade a céu aberto para quem tem coragem de estudar suas nuances. Sobre os seus frutos, a quixabeira produz as “quixabas”. Pequenas, esverdeadas no início e pretinhas depois, São adocicadas e leitosas; e assim como o joá, costumam fazer a festa dos caprinos. Bodes, cabritos e cabras costumam escalar tronco e galhos na luta pela sobrevivência. Ê Sertão!...

JUAZEIRO (CRÉDITO: LUIZ CARLOS CARDOSO BILL).

 

 


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