ZERO
CARNAVAL
Clerisvaldo
B. Chagas, 1 de março de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.667
A
proibição de Carnaval este ano, pareceu uma justa homenagem às vítimas de Covid
no Brasil e às vítimas da invasão na Ucrânia. Mas, independentemente disso, o
que encontramos em Santana do Ipanema nestes dias de folia foram ruas desertas
e pequenos grupos de pessoas, esporadicamente bebendo defronte às suas
residências. Um silêncio absoluto nas
avenidas semelhante aos antigos dias de finados. Para quem gosta de Carnaval em
Santana, deve haver ainda a recordação de um homem que brincava o Carnaval sozinho.
Chamava atenção porque além de ter sido interventor, era comerciante e
fazendeiro. Nunca participava de bloco algum. Com apenas uma dessas máscaras
finas e simples compradas em lojas, perambulava rua acima, rua abaixo, sem
nenhum outro aparato, fora a máscara fina, que pudesse disfarçá-lo.
Firmino
Falcão Filho, o seu Nouzinho, na época, proprietário da Sorveteria Pinguim,
parecia antecipar o presente Carnaval da COVID 19. Um Carnaval solitário,
pessoal, intimamente ligado as entranhas do eterno brincante. Se o prezado
leitor quer saber sobre aquelas turmas de santanenses que deixavam Santana em
direção a Pão de Açúcar ou Piranhas, não sabemos responder. O Carnaval está
proibido em Alagoas confirmado por vários municípios. Seria um correr sem graça
para outros lugares. Assim os que não pulam no reinado de Momo, repetem a mesma
cena de outros tampos, sentam na esquina do antigo Hotel Central, em pleno
Comércio, para apreciarem bandos e blocos que não passam mais. Restam apenas as
fofocas que não são exclusividade das mulheres.
Saudade
dos homens:
Você
pensa que cachaça é água
Cachaça
não é água, não
Cachaça
vem do alambique
E
água vem do ribeirão.
Paródia
das mulheres:
Você
pensa que babado é bico
Babado
não é bico, não
Babado
se bota em vestido
E
bico em combinação...
Tempos
de incertezas e melancolia.
Só
Deus na causa.
CARNAVAL
EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).
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