RAPOSA
Clerisvaldo
B. Chagas, 22 de fevereiro de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.660
A
raposa é um dos poucos animais selvagens de porte ainda encontrados em nossos
sertões nordestinos. É um bicho solitário que tem predileção pelas últimas
horas do dia e as primeiras da noite, porém, pode ser visto a qualquer hora
cortando a estrada. Alimenta-se principalmente de cupim, depois, frutos,
cobras, lagartos e aves. Caminha choutando igual a jumento e está sempre atento
ao que se passa nos arredores. Possui olfato, audição e visão excelentes.
Comenta-se que a raposa gosta muito de vinho, tanto que alguns caçadores
colocam essa bebida em cuias para atrai-la e flagrá-la bêbada. A raposa também
é um símbolo de inteligência e serve de apelido para os mais experientes no
jogo da política. Para o que anda a pé nos caminhos empoeirados do Sertão,
avistar uma raposa à frente é se arrepiar da cabeça aos pés.
Um
guará choco é um perigo iminente. No caso da raposa, pode estar doente com a raiva
e transmitir para o ser humano. Várias vezes encontramos raposas solitárias
cruzando a estrada Poço das Trincheiras – Maravilha, no sertão de Alagoas., bem
pertinho da pujante serra da Caiçara. Existem diversos gêneros desse animal no
mundo, de família Canindae. E em todos os lugares do mundo cada espécie de
raposa representa beleza e sabedoria. O episódio abaixo registra o predador
humano em todos os recantos da terra: Transitando pela BR-316 num automóvel, um
amigo nosso foi incentivado pelo carona, ao avistar uma raposa: “Passe por cima,
mate, ela gosta de galinha!”. Meu amigo motorista retrucou: “Se fosse para
matar quem gosta de galinha, eu iria começar por você”. Era o dia da caça.
As
raposas vão rareando principalmente por causa do homem exterminador. Outros
fatores surgem como o desmatamento, a caça clandestina, doenças e fome mesmo.
Recordamos nosso pai, Seu Manezinho Chagas, de vez em quando a mandar que fôssemos
até o Bar do Maneca – vizinho à nossa loja de tecidos – pegar uma garrafa de
vinho Raposa. No rótulo da garrafa de vidro incomum, uma bela estampa do citado
animal. Vale salientar que em outras épocas havia no Sertão armazéns que
compravam couros e peles. Assim os animais da caatinga iam desaparecendo na
espingarda: onça, gato-do-mato ou maracajá, veados e raposas.
Gente
é gente. Bicho é bicho...
Mas
como é difícil viver!
RAPOSA
SERTANEJA NO MUNICÍPIO DE PETROLINA, DURANTE SECA (CRÉDITO: FATOS E FOTOS DA
CAATINGA).
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