PRAÇA
E CACETE NA MÃO
Clerisvaldo
B. Chagas, 5 de abril de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.879
Praça
é uma área de lazer, feita pelo poder público e pertencente ao povo. É uma área
de lazer, descanso, exposição, manifestações culturais e cívicas. Quando
Santana passou à cidade, construiu a sua primeira praça. Pequena, ainda
acanhada, mas estava ali o sagrado lugar das fofocas sociais, das críticas
políticas, do passeio das crianças e dos inflamados protestos. Já dizia o
poeta: “A praça é do povo como o céu é do condor”. Mas, no início da década de
30, foi construída a mais bela praça de Santana do Ipanema, até hoje. Enquanto
a primeira foi construída no atual Largo Prof. Enéas, a segunda aproveitou todo
o terreno baldio que havia defronte a igreja de Senhora Santana. A primeira,
Praça do Centenário; a segunda, Cel. Manoel Rodrigues da Rocha.
Conheci
um vigia da Praça da Matriz. Sim, tinha vigia. Percorria o logradouro com um cacete
à mão. Nunca bateu em ninguém, mas comia fogo com os rapazotes que estudavam na
Escola de dona Helena Oliveira e que aprontavam com ele. Certa feita a garotada viu o vigia
cochilando, amarraram sua perna à estaca do canteiro, bateram na sua cabeça e
saíram correndo. O restante fica por conta da imaginação. E o último vigia da
praça que conhecemos, foi o soldado reformado Gonçalo: tipo Bonachão, amigo e
que recebia alguns trocados dos comerciantes do entorno da praça. Dava pena!
Vivia soluçando, parece que bebia. Daí para cá nunca mais soube que praça tem
vigia. Os vândalos nada respeitam, quanto mais praça abandonada.
Vale
salientar, entretanto, que todas as antigas praças de Santana do Ipanema, foram
extintas ou modernizadas. Mais bonita ou mais feia depende da opinião
individual de quem conheceu a todas. E assim podemos nos referir ao bairro São
José, desmembrado do enorme Bairro Camoxinga e que tem como base a COHAB Velha.
A única praça que havia, fora construída às pressas no apagar das luzes da
gestão Marcos Davi. Vândalos, drogados, ladrões e muitos moradores
destruíram-na, transformando-a em lixeiro, estábulo e ponto inseguro dessas
mazelas sociais. Sobre esse terreno desprezado foi recentemente inaugurada
outra praça de características diferentes. Esperamos que desta vez seja
respeitada pelos usuários e não precise de vigia para andar de cacete na mão.
PARCIAL
DA NOVA PRAÇA (FOTO: B. CHAGAS).
Nenhum comentário:
Postar um comentário