PADARIA
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 189
Quer queiramos ou não, é a padaria um lugar de
muita identificação com a nossa vida de adolescência e mesmo adulta. Todos
lembram da padaria da juventude. E, falando francamente, a diferença do
ambiente quase nada mudou. Vai de uma simplicidade franciscana até quase o alto
luxo, entretanto, a essência é a mesma. O tema me vem à telinha do computador,
mediante esse pão comprado há pouco, fresco, mas ressecado que só uma torrada.
E nossa cidade, espelha bem essas histórias de padarias, pois já nos deparamos
com nomes de panificadores, desde a década de 1920. E como a vila de Santana do
Panema, era muito progressista, não duvidamos que na época já produzia o nosso
pão de cada dia. E na era 20 se fala na padaria de um certo, Firmo e mais
adiante no panificador Antônio Tavares. Na certa Antônio Tavares da Guirra,
também componente de teatro.
Mas, do meu tempo mesmo, a mais velha foi a Padaria Royal do senhor Raimundo Melo,
situada no Comércio da cidade, muito embora com a impressão de que o senhor
Raimundo Melo, já comprara a padaria a outro proprietário. Isso é apenas
impressão, certeza mesmo não tenho e, os do meu tempo ou perto, não compartilham
da história. Havia os três pães básicos, no início: crioulo, doce e francês,
chamado por mim e pelo povo também, pão d’água, pão de milho e pão aguado.
Depois surgiram os pães: carteira, roberto carlos e alagoas. Vendia bolachas x,
fabricadas lá mesmo. Também fabricava bolachão, uma bolacha grande, quadrada,
fofa e cheia de fermento. A Padaria Royal
começou a vender bolacha cream-craker que chegava da fábrica em embalagem de
lata, um luxo só.
Final de ano, a padaria presenteava seus fiéis
clientes com um pão tipo recife, em forma de jacaré e calendários de paredes. A
pedido de clientes, também deixava os pães pendurados em pregos nas janelas ou
nas portas desses clientes, em sacolas de pano, bordadas. Os passantes não
mexiam nas sacolas. Mas é claro que existiam mais algumas padarias na mesma
época, entretanto, era na Royal que eu ia comprar o pão. Por isso e por outras
coisas mais que eu considero padarias lugares sagrados. E por enquanto não
vamos entrar no mérito do fabrico, da banha de porco, da manteiga, da
margarina...
Lembro ainda dos padeiros Altino, que morava na
Rua Zé Quirino; e de Moreira, índio Fulni-ô de Águas Belas.
!
Nenhum comentário:
Postar um comentário