CHOCALHO DE BESTA Clerisvaldo B. Chagas, 18 de dezembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3333   Ormindo Mont...

 

CHOCALHO DE BESTA

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de dezembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3333

 



Ormindo Monteiro, era contador em Santana do Ipanema. Morava defronte a casa do famoso Juca Alfaiate na Rua Nilo Peçanha, rua da cadeia velha. Eu como criança tinha um medo triste quando meu pai mandava entregar notas fiscais à casa de Ormindo. Medo do contador e da sua mulher. De vez em quando o homem baixinho e franzino aparecia na loja do meu pai onde sempre encontrava rodas de pessoas conhecidas palestrando. Ao ouvir conversa sobre animais que muito come, falaram sobre a égua “que nunca para de comer.” E prova disso era que o chocalho da besta não para de badalar a noite inteira, sinal que ela sempre estar pastando. Aproveitando, dissera o contador que já passara uma noite inteira sem dormir, enrolado num capote, vigiando uma égua para comprovar a teoria. 

Ora quem iria se passar para isso? perder uma noite de sono para ouvir chocalho de besta!  Quando tinha algum evento que não levaria a nada, conversas sem futuro ao vivo, no rádio ou na televisão que meu pai não queria assistir, dizia: “Vou perder meu tempo para ouvir chocái de besta!”. Hoje em dia não precisa mais fazer como Ormindo Monteiro, enrolado num capote para escutar. Chegamos em um tempo em que as éguas deixaram o pasto e vieram badalar nos meios de comunicação. É mentira, é conversa mastigada, é conteúdo sem miolo, é gente querendo ser engraçada e, como diria meu professor e depois colega, Ernande Brandão: “E assim sucessivamente”.

Consegui filtrar muito mais de noventa por cento das mediocridades apresentadas porque quem não tem o que dizer é melhor não dizer. Muitos conteúdos sem conteúdos que fazem ranger os dentes, doer a cabeça e desacreditar no mundo, tal discursos de políticos. Demorei muito, mas aprendi como meu pai aprendeu a não mais escutar “CHOCÁI” DE BESTA.

 

 



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