TEATRO DEODORO/ACORDA ZUMBI! (Clerisvaldo B. Chagas. 16.9.2009) Para meu sobrinho e ator Davi Chagas
Quem analisa os diversos tipos de abraços, vai anotando na cabeça quais são eles. Um dos perigosos e conhecidos é o tal abraço de urso. Esse é dado pelo urso de verdade que crava as unhas longas nas costas do oponente. Também é famoso entre os guerreiros de luta livre ou pelos falsos amigos quando resolvem atacar. Existe o abraço da amizade; o abraço da paz... O abraço do amor verdadeiro e uno. Entretanto um novo tipo de abraço foi coroado de beleza, ornado de uma simbologia vigorosa na capital alagoana. Deu gosto documentar artistas, interessados, povo, num abraço significativo, saudoso e protestante na cintura do Teatro Deodoro. Teatro Deodoro, palco de grandiosos espetáculos, aconchego da cultura estadual, representante de alta magnitude das artes cênicas. Como tudo que é cultura em Alagoas, o teatro tem que esperar a eterna burocracia da falta de compromisso dos que mandam. É triste vê em nossa terra o patrimônio formado de igrejas, conventos, museus, marcos históricos, monumentos... Caindo aos pedaços, cheios de assombrações como casas de vampiros. A história não está somente em Maceió, está em Água Branca, em Delmiro, em Santana, em Penedo, em Marechal e em tantas outras cidades desse território, cultivada por meia dúzia de abnegados. Por mais projetos e leis que se elaboram no país, sempre falta verba para a cultura num descaso criminoso, cujos responsáveis poderiam responder em juízo. Quando se tenta tirar proveito da cultura e da história para encantar os turistas, o movimento não passa da capital e de mais uma ou duas cidades do interior. E se na própria capital alagoana, símbolos como o Teatro Deodoro só funcionam de dez em dez anos, calculemos as povoações sem prestígio algum. Sabemos da recuperação do teatro de Manaus, construído no auge da borracha. Os espetáculos do mundo inteiro voltaram a acontecer naquela suntuosa e magnífica casa amazonense. Estamos vivendo um momento de ressurreição do teatro no Brasil. Mas em Alagoas tudo funciona como uma porta velha de gonzos carcomidos. As pessoas que idealizaram o abraço no velho Teatro Deodoro, os que organizaram, os que participaram, estão mil vezes de parabéns. Não é possível que a indiferença tome conta para sempre do povo massacrado por uma minoria elitista de sangue azul e podre que não enxerga a plebe. Hoje é dia da emancipação política de Alagoas. O que temos a comemorar? O alto índice da mortalidade infantil? O último lugar em Educação? A escalada da violência? A falta de impostos dos usineiros? O não cumprimento das ordens judiciais? A desmoralização do Legislativo? A falência do PRODUBAN? As greves dos que tem direito? Zumbi, você precisa nascer de novo para um neo combate, porque Alagoas está cheia de “Domingos Jorges e Velhos”. Davi Chagas, sobrinho, você estava muito bem na foto. Vamos abraçar novamente o TEATRO DEODORO. ACORDA ZUMBI!
Arapiraca voltou a expandir-se. Não tenho informações se continua como a cidade que mais cresce no Nordeste. Todavia, não almejo falar das indústrias que ali chegam; das repartições públicas; dos órgãos educacionais. Refiro-me a três realizações que deslumbram a qualquer visitante, seja do interior, seja da capital ou de outro estado.
A primeira são as áreas verdes de recreação da Avenida do Futuro. Belíssimo trabalho que oferece caminhada segura ao arapiraquense em pleno centro urbano. Ali, além da pista de caminhada, foram implantadas áreas verdes de cem em cem metros, melhorando significativamente a qualidade do ar respirado; dando um visual de progressistas cidades do Sul e Sudeste do Brasil. A segunda, é o Parque Ceci Cunha, também no centro da cidade. Uma área degradada, pantanosa, esgotos a céu aberto, causava impressão péssima a quem por ali passava. Atualmente o local tem o nome de Parque Ceci Cunha que, se tivesse sido chamado de Jardim da Babilônia, ainda seria pouco. O parque é um verdadeiro paraíso, além de extraordinariamente bem planejado, impressionando ainda pela extensão, com projeto de continuidade até o CEASA. É simplesmente fantástico. A terceira obra é o Lago da Perucaba. Esta, situada em parte periférica, também antes relegada ao esquecimento. Com um projeto vistoso e futurista, extenso e impressionante, atualmente se vê outro pedaço do paraíso em Arapiraca. Asfalto, grama, quadras de areia, banheiros, lago recuperado, imenso espaço para caminhadas, shows, encontros e muito mais. Um banho de iluminação!
Quem é de outra cidade, logo fica complexado em relação ao lugar de onde veio.
Enquanto isso, uma área urbana central chamada “Beco de Nenoí” ou “Largo do Urubu”, faz vergonha há anos no centro de Santana do Ipanema. Além da urgente recuperação daquele espaço, Santana também poderia fazer um segundo Parque Ceci Cunha desde a Ponte Gel. Batista Tubino até o Conjunto Eduardo Rita, pela margem direita do rio Ipanema, com cerca de cento e cinquenta metros de largura. Aterro, pista asfáltica para caminhada, ciclovia, barracas padronizadas, bancas de revistas, quadras, áreas verdes, espaço para shows, estacionamento, banheiros, iluminação à altura e muito mais. O Lago da Perucaba poderia ser feito no entorno do açude do bode, inclusive na área degradada do antigo lixão.
Enquanto não aparece um executivo com mente desenvolvimentista, continuemos com o básico. E dos já conhecidos que tem por aí pensando na prefeitura, todos são feijão com arroz. Uma vida inteira não me deixa mentir. Santanenses, visitem em Arapiraca as três obras citadas. E por favor, não façam comparações financeiras, nunca faltou dinheiro para projetos tão úteis e belos como os da “Capital do Agreste”. É DE FAZER INVEJA.