quarta-feira, 10 de março de 2010

O ÚLTIMO VAGÃO

O ÚLTIMO VAGÃO

(Clerisvaldo B. Chagas. 11.3.2010)

Os derradeiros massacres acontecidos na Nigéria fazem o mundo religioso refletir nessa quaresma. Foram 528 cristãos trucidados a facão, incluindo homens, mulheres, crianças e bebês. Esse massacre foi praticado por pastores muçulmanos em grupo de 400 a 500 pessoas, diz a Imprensa. Depois dos golpes as vítimas foram queimadas, caracterizando uma ação fria com planejamento. Nós que nos preocupamos com a violência das grandes cidades brasileiras, temos a atenção voltada para mais uma barbárie do século XXI.
A República Federal da Nigéria, estar localizada no oeste da África, banhada pelo oceano Atlântico, no denominado golfo de Guiné. Esse território acha-se dividido em 36 estados e tem como capital a cidade de Abuja. Pode-se dizer que a Nigéria é hoje uma potência regional e possui uma população de mais de 184 milhões de habitantes, a maior da África. Além disso, representa também a maior população negra do mundo. Sua economia cresce assustadoramente e é projetada para ser a 11ª do mundo no futuro de 2050. Os números indicam a Nigéria para superar a população dos Estados Unidos, pois os muçulmanos não aceitam o planejamento familiar. Quanto à religião, o país é composto por 50% de praticantes do islamismo e 40% do cristianismo. Sua língua oficial é a inglesa e a Nigéria possui mais de 250 grupos étnicos distribuídos em terras de colinas e planalto na região central e terras baixas e áridas ao norte. Se formos falar sobre sua economia, vamos apontar a base no petróleo que vem encontrando problemas de ataques em suas instalações. Mas a Nigéria também produz outros minerais como o carvão e o estanho. Na Agricultura o país aparece como produtor de amendoim, milho, sorgo, inhame, mandioca, cacau, óleo de palma e cana-de-açúcar. Conhecemos a Nigéria, em tese, pelos atletas que triunfam nas corridas de ruas destaques do Brasil. Entretanto, o país tem a terceira indústria cinematográfica do mundo, perdendo apenas para a dos Estados Unidos e a da Índia. Mas, apesar de tudo que foi dito, existe uma pobreza absoluta na maioria da sua população.
Sobre o último massacre acontecido, mesmo tendo vindo dos pastores muçulmanos a agricultores cristãos, um bispo local não atribuiu o caso a problemas religiosos; tanto é que o Papa, ao condenar o ataque, não se referiu às religiões. Mesmo assim parece provável que esses conflitos sejam religiosos e étnicos. As diversas etnias tem como importantes os Hauçás, Igbos e Iorubás. Ultimamente surgem novos grupos armados atacando instalações petrolíferas e fazendo reivindicações de direitos. Mesmo assim a Nigéria vai em frente, apesar de parecer que cada etnia tem um deus particular. É o mundo que acelera o vagão da frente e exibe tristemente O VAGÃO DE TRÁS.


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2010/03/o-ultimo-vagao.html

terça-feira, 9 de março de 2010

CONHECENDO O SERTÃO

CONHECENDO O SERTÃO

(Clerisvaldo B. Chagas. 10.3.2010)

Uma vida inteira dedicada à Geografia esbarrava em várias situações interessantes. Quando resolvíamos pesquisar em outros municípios, a preferência caía sempre em cidades banhadas por rio ou pelo mar. Atuando em inúmeras escolas de Santana do Ipanema, a opinião comparativa era sempre a mesma. As campeãs dos destinos de excursões foram seguidamente as dos acidentes geográficos citados. O lazer sempre esteve por trás das intenções da pesquisa em 99% dos casos. Pouco adiantava o argumento do professor sobre o conteúdo. Assim existiu sempre um círculo vicioso em todas as escolas de Santana em cima do tripé: Maceió, Xingó e Paulo Afonso. Depois vinha Penedo e só. Lembramos que, como rara exceção, fizemos um levantamento sócio-econômico na cidade de Ouro Branco que foi um sucesso absoluto.
Se a preferência dos alunos é pelos acidentes citados, isso quer dizer que não existe interesse nenhum do jovem conhecer cidades sertanejas sem rios perenes. Citando Santana do Ipanema como exemplo, é grande o número de santanenses que não conhece Mata Grande, Inhapi, Poço, Maravilha, Canapi, Santa Cruz do Deserto e assim por diante. É que esses municípios, para Santana, são chamados de contramão porque não ficam na linha Santana-Maceió. Assim o santanense nasce, cresce, morre e deixa de conhecer sua vizinhança. Assim é com Santana em relação à Palmeira dos Índios, contramão fora do eixo Palmeira-Maceió. Ora, se nós alagoanos, adultos e estudantes, não conhecemos municípios circunvizinhos, imaginem em relação às 102 cidades localizadas em diferentes regiões. Como amar Alagoas se conhecemos apenas oito ou dez cidades? Em se tratando especificamente do Sertão, nunca soube de projeto nenhum que levasse a nossa juventude a visitar, pesquisar e conhecer os nossos municípios sertanejos. Os prefeitos, através de seus departamentos de Educação e Cultura sempre foram omissos nesse sentido. Existe uma desunião histórica em solo sertanejo, que permite a manipulação governamental pelo desprezo à região. Mas a culpa não é só de governadores. A culpa maior é da individualidade enraizada de cada governante municipal. O Sertão nunca teve força política porque é desunido. Se a palavra não for essa, é acomodamento no cargo que isola o indivíduo. Inúmeros pontos poderiam ser citados aqui como o item do início, mas citemos apenas o caso do Hospital Regional de Santana. Se o Sertão estivesse coeso aquela unidade já estaria funcionando e servindo a quinze ou vinte municípios. Mas o que lemos por aí são as trocas de acusações de desinteresse e de individualidade. Precisamos de uma política sertaneja para estimular visitas mútuas divulgadoras da História, da Geografia, da Cultura, da gastronomia e encanto de cada uma das cidades alagoanas distantes do mar. Hum! Como tem coisas para serem ditas, pesquisadas e amadas. Se as escolas não estimulam às visitas e os prefeitos não despertam para o assunto, as nossas vizinhas serão apenas ilustres desconhecidas para nós e nós para outras co-irmãs. Hoje só os vendedores estão CONHECENDO O SERTÃO.


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2010/03/conhecendo-o-sertao.html