terça-feira, 30 de março de 2010

A BARBA DE ARÃO

A BARBA DE ARÃO
(Clerisvaldo B. Chagas. 31.3.2010)
Quase passa despercebida no Brasil, a presença do novo presidente do Uruguai José Mujica. Trazendo inventivos planos para a economia daquele país, Mujica veio pedir apoio ao dirigente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Mesmo tendo pouca extensão territorial, o Uruguai é o nosso único vizinho pelo sul e merece absoluto respeito. Sendo um dos membros fundadores do MERCOSUL, possui indicadores sociais elevados e uma pequena concentração de renda entre os seus platinos habitantes. A mortalidade infantil é menor de que a média da região e a taxa de analfabetismo é quase zero. Até a década de 60, o Uruguai teve significativo desenvolvimento que diminuiu com a queda de preços dos seus produtos exportáveis. A partir dos meados do século XIX ─ com a chamada Revolução Industrial ─ o Uruguai passou a fornecer produtos agropecuários, principalmente carne, couro e trigo. O seu crescimento econômico ficou atrativo para imigrantes da Europa, notadamente espanhois e italianos, até mesmo pela facilidade da linguagem.
O nosso vizinho e parceiro do sul tem seu espaço basicamente dividido em três partes. A primeira são áreas de criação de gado bovino e ovino. O seu relevo permite que 90% do seu território sejam dedicados ao criatório. A segunda parte é ocupada pelas cidades distribuídas por todo o país com funções administrativas e prestações de serviços. E finalmente vem a área de agricultura e pecuária intensiva (cereais, hortifrutigranjeiros e leite). Esses produtos do campo vão para a indústria têxtil e as relativas aos frigoríficos. A maioria dos produtos de exportação desse país do Prata, é da agropecuária. Mesmo assim a participação maior no PIB uruguaio vem da prestação de serviços e do comércio. Sua população se concentra nas áreas urbanas, distribuídas em cidades pequenas e médias. Aliás, não existem grandes cidades no país. Se formos olhar o passado, vamos encontrar o Uruguai como província Cisplatina anexada ao Brasil e também aliado ao Império em guerras envolvendo Argentina e Paraguai
O presidente eleito pretende construir um porto de exportação para servir a todos os países da América do Sul. Isso parece o sonho central de Mujica para o seu dinâmico território. Com certeza um empreendimento desse porte seria oxigenar tanto a economia uruguaia quanto a dos países do próprio MERCOSUL. O porto seria para o Uruguai uma via de exportação do ferro e futuramente do aço. Caso os formadores do Mercado do Sul queiram de fato uma região integrada, nada melhor de que aproveitar a ideia de boa convivência. Os exemplos atuais de israelenses e palestinos não fazem às delícias da paz. Muita diferença tem da América do Sul para o Oriente Médio. “Ó quão bom e suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso que desceu sobre a barba, A BARBA DE ARÃO (...).





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segunda-feira, 29 de março de 2010

AS DUAS BESTAS

AS DUAS BESTAS
(Clerisvaldo B. Chagas. 30.3.2010)
Na região do Cariri, o padre Cícero Romão Batista, era tudo. Com intensificação à sua procura a partir do milagre da hóstia, o referido padre teve que ser especialista em todas as áreas sociais para atender a demanda dos romeiros. As multidões dos povos simples vinham de todas as regiões de Nordeste pedir orientações para os seus males. Cícero ouvia as intermináveis situações complexas, ingênuas, inusitadas. Para os famintos de conforto espiritual tinha sempre uma saída aconselhando e respondendo sobre rixas de famílias, negócios, curas homeopáticas, migração e tantas outras questões que afligiam a alma da gente sertaneja. Às vezes se aborrecia ao descobrir nas suas fontes, situações golpistas do consulente. Em uma dessas milhares de consultas, uma senhora contava ao padre, o desentendimento entre ela e sua vizinha. Terminou dizendo que havia sido chamada de besta. Cícero indagou pacientemente qual havia sido a sua resposta ao insulto. A senhora respondeu que havia dito que besta era ela. Foi aí que o homem do Juazeiro teria duramente sentenciado: “Então são duas bestas!”
Se fossem anotar as brigas de judeus e seus vizinhos desde os tempos de Josué até o presente momento, um livro grosso como a Bíblia ainda seria pouco. A história contemporânea da Palestina, para falar apenas da Guerra dos Seis Dias até agora, envolvem muitos interesses, não só palestinos e israelenses. Estão em jogo muitas outras coisas que os Estados Unidos e a Inglaterra conhecem sobejamente. Falando sobre a guerra acima (1967) Israel, vitorioso, anexou ao norte, as colinas de Golan, na Síria; a oeste, a Cisjordânia, da Jordânia; ao sudoeste, a península do Sinai com a faixa de Gaza em poder do Egito; e a cidade de Jerusalém. Devolvida a península ao Egito, permanece o restante em poder de Israel. Além da específica questão Israel-Palestina, o estado judeu enfrenta problemas com grande parte da sua vizinhança. Como viver em paz em uma região cercada de inimigos? Superior militarmente na região, Israel cisma em não devolver os territórios anexados durante a Guerra dos Seis Dias. Além disso, o estado judeu diz querer a paz, mas insiste em construir casas para colonos na parte anexada. Como posso querer paz com meu vizinho invadindo seu espaço?
Por mais simpática que seja a causa israelense através do tempo, fica muito difícil para qualquer outro país, engolir a sede expansionista argumentada. E o pior de tudo nesse foco de tensão, é o nome de Deus na boca dos nativos. O Deus único e verdadeiro pulverizou-se em vários deuses do Olimpo e outros menores que a própria região insistentemente continua fabricando. Se o lugar em que Jesus nasceu, viveu, pregou e morreu é assim, imaginemos outras paragens privadas dos passos nazarenos! Bem diz o povo: “Casa de ferreiro, espeto de pau”. Israel não consegue convencer a mais ninguém com sua paz feita de balas. Pode ter decorado até a Bíblia e o Torá, mas por certo precisaria ter visitado o padre Cícero para ouvir a imortal sentença das DUAS BESTAS.




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