segunda-feira, 5 de abril de 2010

SANTOS DE ALAGOAS

SANTOS DE ALAGOAS
(Clerisvaldo B. Chagas. 6.4.2010)
São diversos os santos introduzidos no Brasil pelos portugueses. Muitos se tornaram verdadeiros guias espirituais, adquirindo milhões de devotos seguidores. Esses são os mais conhecidos e não existe cidade grande ou lugarejo que não tenha alguma coisa com o nome do santo. Casas comerciais estão cheias de denominações divinas numa evocação sincera ou não que mostram os pendores do cristão. Colocar nome de santo no estabelecimento é acreditar na ajuda que vem do céu para seus negócios, muitas vezes até escusos na Terra. Todavia, é como se o santo não visse as falhas, os defeitos, os pecados, os roubos escancarados e continuasse protegendo o infrator devoto. O povo nordestino anda com muitos santos no bornal e apela para todos conforme seja a natureza dos seus reclamos. Caminhos que cortam a caatinga, o agreste, mangue e floresta, acham-se repletos de sinais que levam ao transcendental. A boca ainda reina como lugar preferido para abrigar o monte, porque dificilmente esse monte é conduzido ao coração. Pronunciar denominações de seres encantados é como reflexo disponível a qualquer momento em qualquer lugar. Mesmo os últimos destaques do Nordeste não canonizados ainda, tem o espaço em logradouros públicos e casas de negócios, ainda que sejam somente para atraírem a clientela e nada mais. Afinal, as forças que muitos nomes proporcionam, parecem ser a chave do sucesso que erguem pobres e ricos na concorrência da vida.
Entre os santos mais apreciados, com raízes seculares na região nordestina, estão, São José, São João e Santo Antonio. Esses ajudam na escolha dos nomes dos que nascem nessas bandas e os nomes escolhidos cooperam com a devoção da entidade correspondente. Sem conta são os motivos que levam a escolha do nome filial. Tirando os campeões citados, outros santos também tem lugares garantidos como Santa Luzia, protetora dos olhos; São Brás que toma conta da garganta e assim por diante. São comuns ainda as homenagens a Frei Damião e ao Padre Cícero, em praças, botequins, bazares, armazéns, marcas de velas, fogos de artifícios e até em simples carrinhos de balas doces de ambulantes pelas feiras. Essa simbiose cristã vai solidificando a maneira de ser do caboclo que precisa de uma proteção real contra as dores e injustiças reinantes nesse território causticante. Sempre se precisa mesmo de alguma coisa sobrenatural pelo menos para acreditar.
Para os que gostam de expandir a segurança divinal, boas novidades se apresentam. Começa a revoada de novos santos (santos, não candidatos a santo) em Santana do Ipanema e em outras cidades do interior de Alagoas. Deputados, senadores e outras categorias do céu, chegam por aqui, são entrevistados, contam suas vidas e até os rádios dos ouvintes choram de tanta pena e emoção. As lábias são semelhantes àquelas dos vendedores de óleo do peixe elétrico que aparecem nas feiras livres semanais. Irmãos de São José, primos de São João, parentes de Santo Antonio, estão isentos de todas as culpas, de todos os pecados, de todas as infelicidades. Você que já engoliu tantas, engula mais essa. Deixe de lado o demônio e coloque já no lugar de honra da sua casa mais dois ou três SANTOS DE ALAGOAS.



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domingo, 4 de abril de 2010

ACOCHANDO TUDO

ACOCHANDO TUDO
(Clerisvaldo B. Chagas. 5.4.2010)
As Contínuas transformações nos climas da Terra vão cada vez mais robustecendo as palavras de renomados cientistas. Ninguém pode ignorar, sob hipótese nenhuma, as mudanças registradas em todos os lugares do mundo. Mesmo o homem sem instrução, acusa no lugar em que habita algumas diferenças na pluviosidade, no aumento da temperatura, na escassez ou no exagero de enchentes que não aconteciam antes. Até mesmos os fabricantes de tecidos são contrariados pelas variedades não esperadas durante as estações do ano. Em todos os lugares do Planeta as coisas estão acontecendo. Degelo mais rápido, desaparecimento de ilhas, erupções vulcânicas surpreendentes e contínuos terremotos em diversas regiões ao mesmo tempo. Há os que dizem que isso tudo é causado pelo aquecimento global. Claro, é mais do que provável essa afirmação. Agora o duelo é mais sobre a raiz do problema. O tal aquecimento é forçado pelo homem ou é apenas um ciclo natural que se fecha provocando um novo que se abre?
Há dezenas de anos circulava reservadamente, a notícia de que o mar de Aral estava secando. Existiu e ainda existe certa mania asiática, principalmente na China e Rússia (antiga União Soviética) em esconder tragédias. Nem sabemos quais os benefícios impostos por essas atitudes mesquinhas e ridículas que trazem as tristes lembranças da “cortina de ferro”. Existem outras atitudes asiáticas na Tailândia, na Indonésia, nas Filipinas que a nós ocidentais parecem arcaicas e exóticas.
É de se estranhar mesmo assim, que só agora o secretário-geral da ONU, senhor Ban Ki-moon, tenha procurado tomar conhecimento do sumiço de um mar inteiro. O mar de Aral, localizado entre dois países independentes que faziam parte da antiga União Soviética, era considerado o 4º do mundo. Com um projeto de irrigação dos soviéticos para a lavoura do algodão, o mar encolheu e hoje representa apenas 10% do original. Também chamado lago, o Aral, entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, no momento representa apenas um imenso deserto de areia salgada, cemitério de navio e passarela de camelos. Suas tempestades de areia prejudicam a saúde de populações desde o extremo da Ásia (Japão) ao extremo da Europa, na Escandinávia. Agora, com a pesca reduzida, também surgem outros problemas sociais. É dramática a luta pela água nessa região, gerando mal-estar entre nações. Mas o que nos chama atenção mesmo, na parte social e política, é a denúncia tardia do secretário da ONU ao sobrevoar a região do problema. Sua declaração de que aquele é o maior desastre ecológico mundial, parece uma surpresa de total desinformação. Por que só agora, senhor Ban Ki-moon?
Se a explicação dos nuances asiáticos fosse repassada para o saudoso poeta-repentista Zezinho da Divisão, teria sido até bom para o senhor Ki-moon. O “Galego” teria escutado com a cara larga mais inocente de todas, balançado a barriga avantajada e dito como tema “empaiolado”: “SÓ VAI ACOCHANDO TUDO”.
• Empaiolado = Tema costumeiro; tema de estrofes viciadas.





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