quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O MESMO SACO

O MESMO SACO
(Clerisvaldo B. Chagas, 23 de setembro de 2010)

     Foi uma boa ideia esse negócio de deixar o carro em casa por um dia. Aqui mesmo no Brasil, com a melhora do poder monetário, a aquisição do carro próprio se tornou uma febre. E quem não quer tornar realidade o sonho básico do trabalhador: emprego, casa e carro? O negócio é que a casa não sai do lugar. Quando surgiu o primeiro carro de Alagoas, ninguém tinha nem de longe, o pensamento de que Maceió iria se tornar tão pequeno para a quantidade de veículos. Inúmeras ruas foram alargadas, mangues aproveitados, novas avenidas abertas ligando bairros e mais bairros. O exemplo de socorro mais conhecido foi a via expressa e que agora também grita pelo mesmo socorro, pois está quase igual à Avenida Fernandes Lima. O número de veículos incorporados mensalmente ao trânsito está causando dor de cabeça com constantes engarrafamentos em todos os lugares. Mas cadê um sistema de transporte coletivo de qualidade? O drama antigo permanece para quem não dispõe de veículo particular e para quem quer fazer a experiência plural. Os ônibus continuam poucos, lentos, lotados, irritando o usuário que passa até quarenta minutos nos pontos de espera. Mesmo esse transporte sobre trilhos que estão aguardando, não vai resolver o problema da ganância das empresas que continuam vencendo o duelo com as autoridades em detrimento à população. É uma vergonha o que acontece na “Cidade Sorriso”.
     Quando os nossos olhares se voltam para a “Capital do Sertão”, proporcionalmente ainda é pior. Falamos sobre o assunto há pouco, mas mostrando apenas uma parte da solução dos problemas. A última pessoa que abriu novas ruas e avenidas em Santana foi Adeildo Nepomuceno Marques, prefeito por três vezes e carreira encerrada em 1977. Há trinta e três anos não se abrem novas avenidas, ruas ou travessas em Santana. A quantidade exorbitante de veículos já não cabe mais no centro da cidade, tornando os bairros Monumento, Camoxinga e o centro, uma verdadeira bagunça, principalmente no primeiro horário. Além de sugestões dadas antes, podemos acrescentar inúmeras indenizações em lugares estratégicos para novas e urgentes travessas para escoar o trânsito imprensado e doido. Os homens que mexeram com a estrutura da cidade, prefeitos Adeildo e Ulisses Silva, já partiram. Será que os últimos gestores estão aguardando a volta de ambos? Até quando Santana continuará sem construir um só beco, com a derrubada de uma casa velha repleta de morcegos? Ora, se as forças organizadas não tomam decisão nenhuma, para não melindrarem “a” ou “b”, então, que organizações submissas e fracas são essas? Você, amiga, você, amigo, já viu gestor trabalhar sem pressão? Enquanto se fala mal de governos, a própria sociedade tira o corpo ou não faz o papel que deveria. É tão culpada quanto o gestor do seu município ou do seu estado. E se vocês são de outra cidade e querem fazer um trabalho com seus alunos sobre o caos no trânsito, mande-os a Santana, lugar onde todos estão no MESMO SACO.

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

UM RIO MACHO


UM RIO MACHO
(Clerisvaldo B. Chagas, 22 de setembro de 2010)
     Em janeiro de 1986, realizamos uma viagem de estudos e aventuras pelo rio Ipanema. Primeiro, saímos de Santana a pé, até a foz, em Belo Monte. Depois fomos de automóvel até as nascentes, em Pesqueira, Pernambuco, e de lá descemos também a pé, até Santana. Da primeira viagem participaram quatro pessoas: Clerisvaldo, João Quem-Quem, Benedito Pacífico e Wellington Costa. Em Batalha, o comerciante Benedito (Biu), retornou. Após três dias, chegamos ao destino. Quando fomos para a segunda viagem, o radialista Wellington, havia ido embora para Sergipe. Benedito, não quis enfrentar. Eu e João fomos levados às cabeceiras pelos santanenses conhecidos como Cecéu, Zé de Pedro e Ivan Caju. Dali, desci o rio com João Quem-Quem durante três dias. Foi assim que surgiu o livro “Ipanema, um rio macho”. Com as dificuldades de sempre, o livro ficou engavetado. Nesse ínterim, faleceram Wellinton e Benedito. Resolvendo agora desengavetar o “Ipanema”, vim a Maceió lapidá-lo e fazer orçamento. Não queria gerar expectativa como a História de Santana (que está quase saindo). Pensava divulgar a publicação após o acerto de prazo com a gráfica e a fixação do dia de lançamento. No seu manuseio, mostrei a uma pessoa daqui a figura de João do Lixo que numa foto está à porta do restaurante onde tudo teve início (página 30). Hoje, dia 21, vejo com surpresa sua foto no Portal Maltanet, que diz sobre o seu falecimento. Fui obrigado, então, a falar do que seria uma surpresa. João ganhou o apelido por ter trabalhado na caçamba de transporte de lixo da prefeitura local. Depois resolveu abrir um luxuoso restaurante à Rua Delmiro Gouveia, mas conservou o apelido no estabelecimento: “Restaurante João do Lixo”, o que causava estranheza aos visitantes. João era casado com Salete Nobre, pessoa de família tradicional e de alto gabarito aí da nossa terrinha querida.
     O livro “Ipanema, um rio macho”, é um documentário, um paradidático que complementa a história do município. Tudo, absolutamente tudo que você queria saber sobre o rio, está ali escrito. Dividido em três partes, na primeira o autor descreve a natureza, quando o rio é dissecado das nascentes a foz. Tabelas, fotos e mapas enriquecem o trabalho do leitor exigente. A segunda parte fala do social influenciado pelo Panema. A terceira é um diário de viagem detalhado que, tanto diverte quanto impressiona. Daria um filme muito bom. Para brindar ainda mais o leitor, apresentamos a peça teatral aconselhável para adultos: “Sebo nas canelas, Lampião vem aí!” A referida peça acha-se dividida em três atos e temos certeza que fará sucesso nos teatros do país inteiro.
     Publicar livros no Brasil, já dizia um escritor, é aventura. Com certeza esse livro pequeno, de apenas sessenta e duas páginas e trinta fotos, tornar-se-á um dos documentos mais significativos, procurado e pesquisado de Santana, juntamente como complemento ou não de “O Boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”. Para não esquecer, o compêndio traz a capa do artista plástico, Roberval Ribeiro e apresentação do escritor Marcello Ricardo Almeida. Malta e João do Mato, “Primo Vei”, estão convidados para uma articulação com UM RIO MACHO.


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