segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

PRECISANDO DE MILAGRES

PRECISANDO DE MILAGRES
(Clerisvaldo B. Chagas, 28 de dezembro de 2010)
       O Bairro Barragem, originário da construção da BR-316, expandiu-se apenas ao longo da rodovia numa rua só. Seu nome deriva da barragem construída no rio Ipanema, cuja ponte permite o acesso ao alto Sertão, Bahia e Pernambuco. No final do século passado, esboçou-se um novo bairro por trás do Barragem a que o povo denominou-o Clima Bom. Terreno amplo central com algumas casas juntas ou espalhadas, em torno, nesse alto escondido aos que transitam pela BR. A construção de uma igreja foi interrompida e até hoje continua assim. Faz até lembrar a igrejinha de São Pedro que levou cerca de quinze anos para ser terminada após o início em 1915. Vale salientar que o Bairro Clima Bom acha-se completamente abandonado e vive a mercê das intempéries. A nossa inspeção deste domingo, ficou por conta de outro bairro que surge agora defronte ao Barragem. Originário de um loteamento particular (coisa rara em Santana) logo o local ganhou aceitação. Construções surgem aceleradamente (ao contrário do Clima Bom) onde boas casas seguem o sentido da rodovia e outras do rio lá em baixo, isto é, leste-oeste, sul-norte. Muito terreno se avista ali de alguns lugares mais altos quando se nota claramente a febre das construções. Um posto de gasolina dotado de pousada e mercadinho e mais uma churrascaria adiante, servem de referência a esse novo bairro que se expande pela localidade rural chamada Mata Verde. Essa nova esticada de Santana por ali, ainda não tem nome, mas em breve a população encarregar-se-á do óbvio. Seus acessos ainda estão camuflados com os obstáculos de mato, pedras e casas pela margem da rodovia.
       Ainda dentro dessa nova visita, fomos ao sopé do serrote do Cruzeiro, vê as novas residências do Bairro Domingos Acácio. Excelentes residências foram construídas até o acesso do corredor que leva ao cimo do serrote. Tudo construído a partir da casa do saudoso vereador Zé Bodinho que era única naquelas imediações. Por trás dessa rua principal, que tem início no terceiro comércio de Santana, largo de cabeça de ponte general Batista Tubino, forma-se outro excelente casario. Boas moradas de micro clima privilegiado, cujo calçamento está por perto. Mais de mil residências ainda cabem no rodapé do compasso do serrote, de quem olha na paisagem do alto para o novo hospital na Cajarana. Pena mesmo faz o cenário de desprezo do imponente prédio fechado da CARSIL com seus anexos. O que as elites fizeram com a CARSIL? Santana, cidade aonde a justiça só chega para os pequenos.
       Como nosso assunto é a paisagem, estaremos em outro domingo a percorrer lugares que moldam o aspecto urbano da terra de Senhora Santa Ana que gostaria de puxar as orelhas de quem abandona o seu povo, mas não deixa de macular sua charola com a mão. Santana estar PRECISANDO DE MILAGRES.


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2010/12/precisando-de-milagres.html

O XAXADO DO VICE-PRESIDENTE

XAXADO DO VICE-PRESIDENTE
(Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2010)
       Mais uma vez o vice-presidente surpreende a todos na sua bravura contra a doença que o aflige. Um homem com aquela idade, submetido a quase uma vintena de cirurgias, é uma pessoa formidável. Passa a ser positivamente admirável quando a fé inflexível marcha à frente das suas palavras verdadeiramente cristãs. José Alencar, paciente que acabara de perder três litros de sangue, graças a uma hemorragia em lugar escondido, sente-se fraco. Mas um fraco que é capaz de afirmar que deseja descer a rampa do planalto com o presidente Lula. Zomba da própria situação dizendo que depois de tudo ainda quer dançar o xaxado. Quem nos poderá dar exemplo melhor de confiança na misericórdia divina? Enfrentando uma, duas, três emboscadas por dia, lá vai o nosso grande comandante muito mais papa do que político. Que grandeza espiritual ainda encontramos na Terra em raros personagens como José Alencar! Por outro lado, o vice-presidente joga para o alto o estilo em desuso de música nordestina.
       Segundo pesquisas, o xaxado é dança lampionesca criada no Sertão pelo bando de Virgulino Ferreira da Silva, no início da década de 1920. É considerado música de guerra por que seus movimentos eram acompanhados por letras e melodias, cujos temas eram ligados a combates, vinganças e apologias aos valentões. Seu nome origina-se dos ruídos das alpercatas nas areias do Sertão durante os ritmos impostos pelos cangaceiros: xap, xap, xap, era um xaxado medonho. O chefe da fila, geralmente um poeta, improvisava as estrofes e os de trás respondiam em coro. Para dançar o xaxado, o indivíduo avança com o pé direito em poucos movimentos laterais, puxa o pé esquerdo rapidamente e desliza o sapateado. Passos harmoniosos e firmes. A princípio, sem mulher no bando, os cabras dançavam com os rifles ou fuzis como se fossem suas parceiras.
       Mais tarde, o cantor e sanfoneiro Luís Gonzaga imortalizou essa dança retirando-a do anonimato das caatingas, levando-a aos salões do Nordeste e do país. Numa parceria com Hervé Cordovil, Gonzaga lançou a música “Xaxado”, quando uma das estrofes dizia assim:

“Xaxado, meu bem, xaxado
Xaxado vem do Sertão
É dança dos cangaceiros
Dos cabras de Lampião”

       Alencar, na fé assemelha-se aos apóstolos inspirados; no desejo dançante, transforma-se em cabra macho do Sertão. Que bom seria se a humanidade absorvesse o determinismo de Alencar e trocasse a dor pela esperança de XAXADO DO VICE-PRESIDENTE.




Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2010/12/o-xaxado-do-vice-presidente.html