segunda-feira, 18 de abril de 2011

DOMINGO DE RAMOS

DOMINGO DE RAMOS
(Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2001).

       Mais uma vez vivenciamos o início da Semana Santa, com o tão conhecido e esperado Domingo de Ramos. É ele quem relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, poucos dias antes da sua morte. O domingo é assim conhecido, por que o povo cortou ramos de árvores, folhagens de palmeira, para forrar o chão quando Jesus passava e, acenar agitando os ramos. Assim chegava Jesus saudado pelo povo que o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao filho de Davi”, “Salve o Messias”. Essa manifestação popular despertou a inveja de sacerdotes e mestres da lei, desconfiados com medo de perderem antigo prestígio e privilégio. A multidão tem esperança de que Jesus poderia libertar o povo da Palestina do jugo romano. Entendia a Jesus como um homem poderoso, cujo reino poderia ser o da própria Palestina. Tem início aí a trama para eliminar o filho de Deus. A multidão que saudava o Mestre com os ramos das palmeiras, seria a mesma levada pelo plano dos sacerdotes, para incriminar aquele a quem acabava de aplaudir. Jesus iria cumprir sua missão, submetido a um julgamento planejado, com testemunhas compradas. Vai para a humilhação moral e sofrimento físico para satisfazer o ego dos invejosos acusadores.
       Essa tradição cristã leva muitos ao recolhimento, à reflexão que a história impõe aos que gostam de observar a religiosidade. É sabido, porém, que os tempos são outros. Antes, as igrejas ficavam lotadas para a participação e a vivência nos atos solenes que lembravam as belas palavras de Jesus. Belas, mas incompreensíveis para os que não procuram refletir nos ensinamento dos Evangelhos. E se hoje algumas igrejas ainda continuam lotadas, mas nos principais dias da Semana Santa, os bares estão cheios, as bebidas vão batendo recordes de clientes e, a violência ainda impera nos dias santos como se fosse mera rotina de um aguardado feriadão. Os sons dos automóveis com tampa de mala levantada, não soam de maneira alguma a se pensar em respeito algum. Parece que as pessoas esquecem com destemor de que não trazem a imortalidade para esse mundo ou sabem de tudo, estão bem informadas, mas preferem não pensar no futuro desconhecido.
       O que será que leva o homem à indiferença pelo amanhã? Será que os compromissos inadiáveis dessa vida agitada, têm alguma coisa nessa atitude de desilusão, de desprezo, de indiferença pelo sagrado? Não falamos somente sobre a lotação de uma igreja, de um centro, de um templo, de um terreiro. Pensamos em gestos outros como a oração solitária no quarto de dormir, pelos que nada frequentam. Ou terá tempo suficiente, o homem, para falar com Deus ao sair pendido do boteco? Ah, não estamos censurando ninguém, estamos apenas refletindo em letras soltas. Ontem o mundo foi assim. Apenas assim. Sem o hoje, sem o depois. Deus não existe mesmo... Para uns. Para outros foi toda a plenitude de um DOMINGO DE RAMOS.


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sexta-feira, 15 de abril de 2011

OS BRINCOS DOS BRICS

OS BRINCOS DOS BRICS
(Clerisvaldo B. Chagas, 15 de abril de 2011).

Dizem os mais velhos lá do meu Sertão que “quando se está cansado de um lado, vira-se para o outro”. Foi assim que surgiu o grupo de países que recebeu a sigla de BRICS. Devemos em parte a Fernando Henrique e em grande fatia ao Lula, a preferência de afastamento comercial com os Estados Unidos e uma maior aproximação com o bloco europeu. Essa estratégia fez com que a voracidade de domínio dos Estados Unidos, fosse interrompida. Por que deveríamos continuar ligados ao país mais poderoso do mundo se ele só queria nos explorar? Com a aproximação Brasil e MERCOSUL com a Europa, as cosas começaram a evoluir, muito embora saibamos que não é fácil dobrar a organização UE. Logo após o Brasil começou a trabalhar no sentido Sul-Sul, quer dizer, a melhor se relacionar com os países pobres ou em desenvolvimento abaixo da Linha do Equador. Depois partiu para uma ofensiva comercial diante dos países do Oriente Médio, até que trombou com o apoio às pretensões atômicas do Irã. Outro ditado diz que “não se deve guardar todos os ovos em uma cesta só”. O Brasil seguiu os provérbios. Cansados da exploração americana virou-se para o outro lado e diversificou o seu comércio em várias regiões. Funcionou.
Por outro lado, diante da dureza de organizações como o restrito Conselho Permanente da ONU, o clube rico e fechado da Europa e a intransigência imperialista americana, foi costurada com êxito uma frente ampla de países do Sul, pobres e em desenvolvimento, comandados pelo Brasil. Isso fez gerar como consequência uma liderança ampliada pelas maiores forças vindas do Norte como China e Rússia que também buscavam seus espaços. Assim foi formada uma nova e ampliada liderança dos chamados emergentes, com Brasil, Rússia, Índia, China e agora, África do Sul, já apelidados BRICS. O peso dessa união fez o mundo pender para um lado que nunca havia sentido isso antes. Estamos no miolo de uma nova ordem mundial, não existe nenhuma dúvida. O que era um lado só está mudando para o outro.
Nesta última reunião entre os novos cinco grandes, declarações bonitas ganharam o mundo em notas conjuntas dos BRICS. Afinal a China tem a maior população, a Índia a segunda, a Rússia é potência atômica, a África do Sul é o polo convergente de todo o território africano e, o Brasil uma potência da América do Sul crescente para o mundo. Mas ninguém se engane por que não existe uma união de fato, mas de interesses nesse momento da história. Por trás da cortina, todos são concorrentes comerciais entre si, como nos tempos do império romano. É não ficarmos olhando somente para a roupa bonita desse grupo, mas também para os dourados BRINCOS DO BRICS.

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