RODA GIGANTE Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2011   Mesmo sem sermos profetas, adivinhos, magos, futuristas, víamos adverti...

RODA GIGANTE

 RODA GIGANTE
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2011

 Mesmo sem sermos profetas, adivinhos, magos, futuristas, víamos advertindo sobre a transformação que já havia começado no mundo dos negócios, das transações comerciais, da Economia do globo que, aqui e ali, aparecia com novidades não muito boas. Se todos pegarem uma lanterna para uma busca ao culpado da crise que tanto falam terminam dando com espelhos ou com ninguém. Se nas pequenas comunidades nada se consegue isoladamente, quanto mais no complexo em rede mundial! Muitas facilidades acontecem quando se estar nadando em riqueza. Uma Europa forte, robustecendo-se cada vez mais, criando uma unidade de riqueza e sendo concorrente dos Estados Unidos, faz dó. Todos cinco dedos passados em suas colônias nas Américas, Ásia e África que motivaram a primeira industrialização para um domínio econômico ao mundo, parece que virou pó. Uma noite infeliz de gata borralheira! Dizer que os BRICS ─ Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, estão estudando como ajudar a Europa em Bilhões de dólares, parece aquelas piadas que nos contavam nos colégios, sobre portugueses! Conversa de quem não tem o que fazer! Um vaqueiro de a caatinga deixar os matagais para ensinar jangadeiro a pescar... Somente rindo e fazendo gozação. Quem pensasse nisso há pouco tempo, seria tachado no mínimo de doido. Um doido mordido do porco ainda mais. Mas nós íamos avisando, avisando, dizendo que a roda grande passaria por dentro da pequena. Isto é, o impossível iria acontecer. Quem observa o céu constantemente tem uma boa ideia sobre chuva, nem precisa de Tarô, nem das palavras de Isaías.
          As nações, dizíamos, são como pessoas individualizadas. O comportamento é semelhante. Quem ganha muito, principalmente com dinheiro fácil, faz o mesmo com seus gastos, os mais supérfluos possíveis. Têm-se uma venda bem próspera, mas rodeada de gente pobre, seríamos mais prósperos ainda se ajudássemos a essa gente a sair da pobreza para que ela nos comprasse ainda mais. O dinheiro das chamadas grandes nações foi para o luxo fútil e as guerras prazerosas contra os pequenos. O resultado é que o cofre esvaziou ou a porta teve encrenca na trave do segredo. Dizer que os Estados Unidos estão com 46 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, é como se tivesse sendo anunciado um apocalipse terreno. Mesmo assim a arrogância de muito conservadores teima em morrer de fome, mas com roupa de veludo. O principal comprador e vendedor do mundo, quebrando, realiza o que os nossos cambistas do jogo do bicho chamam de quebrar a banca. É assim, para graças ao mundo, que ainda surgem novos papais como China, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul que aparecem de repente como aqueles das nossas cidades conhecidos como novos ricos. A Guerra dos Mascates, para quem a estudou, foi um bom exemplo disto. E se com gente conhecida e soberba está acontecendo, juntamente com as nações, que tal aproveitarmos o embalo da RODA GIGANTE!
·         Acesse também o blog do autor: clerisvaldobchagas.blogspot.com









  ZUMBI! OIA ZUMBI! Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2011           Imagine o amigo a alegria que tivemos em favor de Alagoas qu...

ZUMBI! OIA ZUMBI!

 ZUMBI! OIA ZUMBI!
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2011

          Imagine o amigo a alegria que tivemos em favor de Alagoas quando vimos estampada a manchete: “Zumbi dos Palmares recebe 1 milhão de turistas em 2011”. Finalmente, pensávamos: parece que agora o mundo despertou de uma vez para a serra da Barriga! Hum! Graças a Deus entrou muitos dólares e euros engatinhando ladeira acima em visita ao memorial Zumbi, em União dos Palmares.
          Os negros escravos fugiam ou eram levados para as matas, conduzidos para a serra da Barriga. Serra da Barriga, um paraíso de 27 mil quilômetros quadrados, situada no hoje município de União dos Palmares nas Alagoas, representava um território livre, organizado pelos fugitivos. Ali não se passava fome, pois os primeiros que chegaram, foram usando suas técnicas de plantio no lombo das terras férteis. É de se notar que a maioria dos fugitivos vinham das roças, acostumados com a atividade da agricultura.  Frutas e raízes não faltavam na organização democrática dividida em mocambos, cada um com seus chefes e um comando geral, bastante respeitado. Dali saíam grupos de negros para libertarem outros irmãos pelas fazendas e engenhos dos canaviais predominantes na época.  Quem fugia e era acolhido na serra, ficava moralmente até na obrigação de libertar outros da mesma cor nos eitos dos tabuleiros. Alguns chefes, poucos comandantes gerais, foram destaques, entre os quais o que se tornou conhecido como Zumbi, mais tarde apontado como Zumbi dos Palmares. Palmares eram as palmeiras que proliferavam nas serras da Zona da Mata do tipo palmeira catolé ou coqueiro catolé.
          Alguém já calculou em vinte mil negros gozando a liberdade dos Palmares, que teve uma existência aproximada entre 1629 a 1694. Várias expedições tentaram destruir o Quilombo dos Palmares sempre fracassando em suas tentativas, por causa da bravura e táticas de guerra da liderança de Zumbi. Criava-se gado, cultivavam-se milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca e outros tipos de produtos da terra. Quando não havia pressão, surgia razoável comércio com os povoados próximos. A fama de Zumbi espalhou-se como lenda pelo Brasil Colônia. Muitos até acreditavam que o chefe Zumbi era imortal. Somente em 1687, foi contratado o cruel e sanguinário bandeirante, Domingos Jorge Velho para acabar o quilombo. Entre derrotas e vitórias, usando, inclusive canhões, o bandeirante com seis mil homens e outras ajudas do governo, em uma luta que durou um mês, conseguiu a vitória final. Milhares de pessoas morreram e o quilombo foi destruído. Zumbi conseguiu escapar, porém, dois anos depois foi traído, encontrado e morto. Sendo decapitado, teve a cabeça espetada em poste no Recife, em plena via pública.
          Mas, que pena, voltando à manchete de um milhão de turistas! Não era um milhão de pessoas que havia visitado o memorial da serra da Barriga! Era a quantidade de indivíduos que desembarcaram no aeroporto Zumbi dos Palmares. Havíamos esquecido que era em Alagoas. Por trás da manchete de duplo sentido, somente pairava “uns zoi branco por riba das letras: ZUMBI! OIA ZUMBI!”