terça-feira, 13 de setembro de 2011

ZUMBI! OIA ZUMBI!

 ZUMBI! OIA ZUMBI!
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2011

          Imagine o amigo a alegria que tivemos em favor de Alagoas quando vimos estampada a manchete: “Zumbi dos Palmares recebe 1 milhão de turistas em 2011”. Finalmente, pensávamos: parece que agora o mundo despertou de uma vez para a serra da Barriga! Hum! Graças a Deus entrou muitos dólares e euros engatinhando ladeira acima em visita ao memorial Zumbi, em União dos Palmares.
          Os negros escravos fugiam ou eram levados para as matas, conduzidos para a serra da Barriga. Serra da Barriga, um paraíso de 27 mil quilômetros quadrados, situada no hoje município de União dos Palmares nas Alagoas, representava um território livre, organizado pelos fugitivos. Ali não se passava fome, pois os primeiros que chegaram, foram usando suas técnicas de plantio no lombo das terras férteis. É de se notar que a maioria dos fugitivos vinham das roças, acostumados com a atividade da agricultura.  Frutas e raízes não faltavam na organização democrática dividida em mocambos, cada um com seus chefes e um comando geral, bastante respeitado. Dali saíam grupos de negros para libertarem outros irmãos pelas fazendas e engenhos dos canaviais predominantes na época.  Quem fugia e era acolhido na serra, ficava moralmente até na obrigação de libertar outros da mesma cor nos eitos dos tabuleiros. Alguns chefes, poucos comandantes gerais, foram destaques, entre os quais o que se tornou conhecido como Zumbi, mais tarde apontado como Zumbi dos Palmares. Palmares eram as palmeiras que proliferavam nas serras da Zona da Mata do tipo palmeira catolé ou coqueiro catolé.
          Alguém já calculou em vinte mil negros gozando a liberdade dos Palmares, que teve uma existência aproximada entre 1629 a 1694. Várias expedições tentaram destruir o Quilombo dos Palmares sempre fracassando em suas tentativas, por causa da bravura e táticas de guerra da liderança de Zumbi. Criava-se gado, cultivavam-se milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca e outros tipos de produtos da terra. Quando não havia pressão, surgia razoável comércio com os povoados próximos. A fama de Zumbi espalhou-se como lenda pelo Brasil Colônia. Muitos até acreditavam que o chefe Zumbi era imortal. Somente em 1687, foi contratado o cruel e sanguinário bandeirante, Domingos Jorge Velho para acabar o quilombo. Entre derrotas e vitórias, usando, inclusive canhões, o bandeirante com seis mil homens e outras ajudas do governo, em uma luta que durou um mês, conseguiu a vitória final. Milhares de pessoas morreram e o quilombo foi destruído. Zumbi conseguiu escapar, porém, dois anos depois foi traído, encontrado e morto. Sendo decapitado, teve a cabeça espetada em poste no Recife, em plena via pública.
          Mas, que pena, voltando à manchete de um milhão de turistas! Não era um milhão de pessoas que havia visitado o memorial da serra da Barriga! Era a quantidade de indivíduos que desembarcaram no aeroporto Zumbi dos Palmares. Havíamos esquecido que era em Alagoas. Por trás da manchete de duplo sentido, somente pairava “uns zoi branco por riba das letras: ZUMBI! OIA ZUMBI!”






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