domingo, 20 de novembro de 2011

THARIR DE NOVO

TAHRIR DE NOVO
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de novembro de 2011.

A luta pela democracia não é coisa fácil em lugar nenhum do mundo. Mesmo, muitos que pregam essa bendita democracia, lutam por ela, derramam sangue por ela e por ela se expõem ao máximo. É assim que até alguém se torna um líder admirado que adquire o respeito dos seus seguidores, empolgados com os embates em  busca de melhoramentos para  os semelhantes. Acontece, porém, em vários casos, esse tipo de liderança conseguir os objetivos da luta, em que tantos tombaram pelo caminho acreditando na vitória. As orientações, entretanto, após a chegada ao ponto desejado, vão repetir os mesmos erros dos seus antecessores, frustrando o povo e chutando os sonhos a lugares completamente inacessíveis. É a própria natureza humana da maioria fraca que não resiste à sedução do poder, como nas aventuras de antigos gibis ou de filmes modernos de ficção.
Volta o povo à Praça Tahrir, na capital egípcia, decepcionado com as ações poucas da junta militar que governa o país após o famigerado Mubarak. Lá vai a polícia novamente às ruas fazer a mesma coisa da figura anterior. Jogar bombas de gás nos manifestantes, usar seus cassetetes e, se preciso, acionar as máquinas de guerra contra os que apenas reivindicam uma justiça rápida para os que cometeram absurdos. O Egito é o mais importante país do norte africano que exerce uma liderança inconteste sobre os outros que também estão vivendo momentos de tensões. O que acontece no país das pirâmides influencia para o bem ou para o mal os vizinhos daquela grande e estratégica região.  Dizem que duas pessoas já foram mortas no confronto de sábado passado para o domingo, uma no Cairo outra em Alexandria. Entre os feridos, calculam em mais de setecentos, nas diversas cidades das manifestações.
Na Síria, enfrentam-se os tanques, às doidices do ditador. No Egito, escondem-se os peitos às balas de borracha. A situação do norte africano é a pior possível, acrescentada ao socorro que falta de uma Europa garroteada pela crise econômica. Tudo vizinho! Multidões saindo às ruas cometendo atos de vandalismo em protestos sem fim. A exportação dos levantes chega aos Estados Unidos que vão proibindo a massa desempregada do xixi coletivo nos logradouros de luxo das metrópoles. Tudo isso ainda é a busca do homem pela sua felicidade, condição que vai entrando no lenço do mágico e sumindo sob a chuva da insatisfação. Os místicos acham que é o início do fim. O jogador aposta, porém, que é apenas o final de uma partida. Breve tudo recomeçará. Um olhar ao passado... Um THARIR DE NOVO.






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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

FIM DE SEMANA

FIM DE SEMANA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de novembro de 2011.

O Sol quer se esconder por trás da lagoa Mundaú. A Natureza vai retirando as brancas nuvens, deixando um esplendor prateado a ofuscar os transeuntes que marcham para o oeste, na “Cidade Sorriso”. O forte azul do centro bebe o desbotado da periferia celeste. Balançam-se os coqueirais gigantes e românticos na paisagem vespertina. Farfalham as longas folhas num acalanto sereno, saudoso e murmurante para as bandas do mar de Maceió. Nos quintais estreitos, nos sítios urbanizados, nos jardins enriquecidos, reduzidas aves canoras acompanham a chegada do crepúsculo, procurando os ninhos. Chega pelas sombras das calçadas à serena brisa navegando pelos becos, entrando nos corredores, penetrando nas janelas solitárias dos apartamentos. As águas quase adormecidas peitam levemente o baixo ventre do cais. Vergam-se caniços na restinga comprida. Folhas secas brincam no ar como se fossem algodão seda das terras sertanejas. E longe, bem longe... Nas alvas areias da praia, morena de vestido amarelo parece trocar beijos com a espuma que lhe envolve os pés.
Movem-se apressados veículos modernos. Há pressa, pela pressa fugidia da tardinha. Roncos de caminhões fazem mossas na delicadeza feminina do turno. Motos vadias procuram quebrar a maciez do tempo no asfalto quente. E o vento fininho agita com gentileza o pano branco da tapioca, do bolo de milho, da cocada dos tabuleiros à sombra das avenidas. O boêmio à moda antiga escora-se no poste, olhar esconso nas bundas grandes que trafegam sob saias coloridas. Sobe fumaça de chaminé estreita. Aroma deixam as padarias em busca das narinas dos transeuntes. A aproximação da noite procura acalmar o trânsito de vidros foscos. No meio do progresso razoável, um homem conduz sua carroça de burro, onde ele mesmo é burro, onde ele mesmo é o burro. Lá dentro vai um bêbado, talvez amigo do dono do burro, que não sabe que é burro. Pelos muros baixos das casas, jorram mangueiras nas plantas de luxo, nas pedrinhas redondas, nas terras pretas vindas do âmago das grotas. A coroa assanhada puxa o cachorro na rua; um padre passa a passos largos e um tipo importante acerta a gravatá, entrando no veículo importado.
Estranho carro estacionou no meio-fio. Uma belíssima dama saiu de trás, dando a impressão que seria uma espécie de noiva, tal à semelhança das suas vestes. Andou alguns metros pelo passeio sombreado como se deslizasse, irradiando simpatia. Quem viu, encheu-se de felicidades. E àquele vulto tão elegante e prateado, de repente sumiu como uma miragem. O rapaz do poste riu e disse como se estivesse falando para todos: “Era a poesia em sua folga de FIM DE SEMANA”.. 

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