quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O RABO DA MÃE DELE

O RABO DA MÃE DELE
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de novembro de 2011

 Segundo um agrônomo amigo, da “Princesa do Sertão”, havia um doido em Palmeira dos Índios, cidade alagoana, que sempre repetia: “Respeito é bom e eu gosto!”. Os nossos pais nos ensinavam a respeitar a todos, com ênfase: crianças, os mais velhos e as autoridades. Quando a ira ou o insulto partem de uma pessoa despreparada, ficamos apenas no lamento da sua ignorância. Todavia, quando palavras e gestos de baixo calão saem da boca de pessoas cultas ou escoladas, autoridades ou gente de destaque, aí sim, ficamos de queixo caído, abismados mesmo com a falta de preparo do indivíduo para o cargo. Felizmente não temos falta de educação todo dia, por exemplo, dos políticos que geralmente são manhosos, mas educados.
          É surpreendente o artigo de Nádia Guerlenda (Brasília) sobre o diretor do Teatro Oficina José Celso Martinez Correa (dá nojo até colocar o nome dessa peça em nosso trabalho) que ao reclamar da presidenta Dilma, na última quarta-feira, passou a criticá-la chamando-a de “tecnocrata”. Até aí tudo bem, é o direito da crítica. Mas logo o nojento disse que, segundo Nádia, “Temos que mudar radicalmente, temos que botar fogo no rabo dos congressistas, da Dilma. Quero acender um rojão nessa mulher”. O imundo estava na Câmara que pedia mais verba para o setor cultura. Fora convidado a integrar a mesa composta principalmente de políticos da base governista. Os gestores culturais e artistas haviam sido convocados pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-Rj) presidenta da Frente Parlamentar da Cultura, para pressionar os congressistas por emendas.
          O caso acima leva a pensar que um cabra desses é diretor de alguma coisa. Lembramos que em uma grande cidade de Alagoas, no Sertão, um candidato a prefeito tinha como “slogan”, o número do seu partido acrescentado “no rabo deles”. Ganhou por falta de opção é verdade, porém nunca mais conseguiu se reeleger junto à cambada que tirou o juízo do povo. Assim, o miserável Celso, não satisfeito, ao término da reunião, ainda mandou levar o isqueiro para entregar a Presidenta. A nossa indignação não é por ser Dilma, é pela autoridade que ela representa como poderia ser o Temer ou outro qualquer.
          Se fosse dizer isso com certos deputados que conhecemos, no mínimo teria levado uma pisa em bunda limpa. Até já perdemos tempo demais com esse p. que se fosse aqui no Sertão, um desbocado sem letras despacharia  o troco de mandar colocar o rojão “Na velha p. No RABO DA MÃE DELE!”.


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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MEDO NO INTERIOR

MEDO NO INTERIOR
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2011

 É incrível saber como anda grande parte da nossa juventude, completamente perdida no mundo negro do crime. Em um balanço dos assaltos ou nas prisões efetuadas, por roubos em geral, o grosso da idade é de jovens e, em adultos, é de trinta, trinta e cinco anos. Quanto mais oportunidade o governo oferece para o trabalho e estudos, mas parece expandir a bandidagem em nosso país. Antigamente poucos tinham o privilégio de estudar. Hoje existem em grande quantidade escolas gratuitas, transportes, livros didáticos, merenda de qualidade, organizações estudantis e tantos conselhos ainda para incentivar que só vendo! Entretanto é bem conhecida a frase que “ninguém quer nada com a vida”. Não foi somente na Rocinha ─ favela carioca ─ encontrado um bando de rapazes no áspero mundo do crime. É em todo lugar a praga dos que não querem mais trabalhar em nada. Se a coisa já estava sem controle desde cedo, após a entrada maciça do craque no Brasil satanás de fato quebrou suas correntes.
          Persiste o medo e a falta de segurança no interior, notadamente, no Sertão alagoano, onde se mata bandido todo santo dia, mas não se sabe de qual buraco surgem tantos outros meliantes. A falta de estrutura para o combate a essa marginalidade vai perdendo de goleada e fica a eterna briga entre o cidadão de bem, desprotegido, e as valentias, por falta de boas cacetadas, dos que tiram a paz das famílias. Os que acham bonitas as ações de marginais que ficaram famosos, partem cedo para o mundo do crime metendo a mão no alheio seja em que objeto for. Roubam-se no Sertão aparelhos de som, bodes, carneiros, vacas, mercadinhos, celulares, farmácias, residências, fora o “toma tudo” nas rodovias e estradas vicinais. Os ramos da malandragem estão à frente das inúmeras especialidades médicas e advocatícias. Em Santana do Ipanema, “Capital do Sertão” alagoano, a população festeja quando grupo de extermínio sai matando pela cidade. Ninguém dá mais jeito em nada. Nem religião, nem escolas, nem polícia e nem governo. A lei rigorosa para quem anda armado, somente atinge o homem de bem. O bandido anda sempre armado numa regalia extraordinária diante da fragilidade do estado.
          As cidades do interior estão vivendo esse momento aflitivo que muda completamente hábitos tradicionais. Os exterminadores, ao invés de aguardarem as vítimas em lugares isolados, fazem escancaradamente em qualquer hora ou lugar. O que já é errado fica mais errado ainda.  Mas é conveniente dizer que ninguém é a favor da morte. Entretanto, no momento, parece não existir outra lei a não ser essa que se vê nas ruas. Ou se mata o bandido ou o bandido mata o pai de família. Daí, poucos aplausos em público, muitas palmas veladas aos que fazem limpeza na clandestinidade. Aliás, existe e cresce o MEDO NO INTERIOR.

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