segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MENDIGANDO FORÇA

MENDIGANDO FORÇA
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2012.

          Mais uma vez o esquema de segurança de Alagoas decepciona, frustra o cidadão do interior sem chance nenhuma para se defender. De vez em quando sai à propaganda que não deixa de ser verdadeira, sobre novas aquisições de viaturas, coletes, armas para a polícia. O leigo pensa, então, que o que faltava já foi preenchido e agora a eficácia do policiamento será nota mil. Puro engano! Parece que o quadro real da Briosa ainda está longe da modernidade exigida nos dias atuais no combate ao crime que surge de toda natureza. Num estado territorialmente pequeno como Alagoas, ainda se reclama de efetivo curto. Batalhão em Maceió, Arapiraca, Santana do Ipanema... Mesmo assim não se encontram policiais na hora da precisão como foi o caso do assalto em Mata Grande, região serrana do alto sertão. Segundo foi noticiado, os bandidos ─ apenas para uso da expressão popular  ─ deitaram e rolaram com um bando de vinte homens armados de fuzis e metralhadoras. O que iria fazer em uma cidade tradicional que já botou Lampião para correr, um soldado apenas de plantão?
          É sabido que na cidade de Mata Grande havia na década de trinta, uma unidade do exército para espantar os bandidos da região. O seu período foi relativamente curto, porém, enquanto esteve ali à unidade verdinha, cangaceiros passavam por longe, não tendo sido registrado nenhum caso de ação bandoleira no município. Cidades como Mata Grande, Delmiro Gouveia, Água Branca, por exemplo, situadas no extremo oeste do estado, precisam de um reforço policial permanente, pois além da distância da capital, é zona de fronteira tripla, não se admitindo um isolamento total em matéria de segurança. O estado tem que adquirir helicópteros, que hoje não são mais bichos de sete cabeças, pois o Brasil entra no cenário mundial com a segunda frota dessas aeronaves tão úteis para o policiamento. Pelo menos em cada regional deveria haver um desses aviões com uma flotilha capaz de inibir qualquer ação criminosa de grande monta como a ocorrida na manhã de ontem em Mata Grande e Canapi.
          O investimento maciço em segurança pública é um dever do estado, sobremaneira nesses tempos difíceis onde à bandidagem é sempre protegida pela brandura carinhosa das nossas leis. Será que é preciso novamente voltar aos tempos das volantes como as do tenente João Bezerra, sargento Aniceto Rodrigues ou sargento Joaquim Grande? Enquanto isso o Alto Sertão fica em polvorosa MENDIGANDO FORÇA.



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domingo, 12 de fevereiro de 2012

PRESENTE PARA GREGO

PRESENTE PARA GREGO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2012.

 Nenhum brasileiro gostaria de viver o drama da Grécia no presente momento. Já sofremos enormemente parte das dores que afligem os nossos irmãos do outro lado do Atlântico. Os apertos desconcertantes ministrados pelo FMI, ainda repercutem na mente dos que sofreram em suas unhas quando o fundo dava as suas ordens no Brasil. Ninguém sabe quando vai melhorar as agruras nas terras de Sócrates e nem quando chegará à paz necessária para se viver. O parlamento daquele belo país já aprovou o plano de austeridade e resgate financeiro, levando o povo às ruas num protesto violento. Geralmente a má administração pública sempre desemboca no mar que afoga pobres e funcionários públicos. É igual a chavão popular sem limite algum de repetência. Para quem não faz bem o dever de casa, recebe a visita do senhor “Gringo”, com gravata comprida e óculos de grau mais seu contemporâneo caderno de fiados. Começa examinando a pele e espichando o couro do paciente em soluços terminais. Surgem receitas de injeções miraculosas cujos efeitos são alérgicos para as classes básicas da pirâmide. Uns troços que amargam e queimam o porvir, o futuro, a esperança.
          Para continuar na zona do Euro, a Grécia baixou o pescoço para a canga da austeridade financeira, motivo de protesto e gritaria da sua população que fica sem entender o desmantelo. A exigência dos credores foi de fato crua e refletiu sem doce, sem mel, sem o açúcar na capital Atenas. A noite violenta caracterizada pelas manifestações traduz a negativa popular contra a beberagem que chega pelos carrascos. As vítimas de situações como essa, já sabem que irão para a tortura da demissão de emprego, cortes no salário, problemas com a previdência, com a aposentadoria, com a alimentação e tudo o mais que gira em torno da sobrevivência. Quando as autoridades condenam o vandalismo em uma democracia, esquecem o desespero de milhões de famílias que receberão as ferroadas que vêm de cima. Seria a mesma coisa de espancar mandando a vítima sorrir. Vem da boca do primeiro-ministro que os três objetivos do plano aceito pela Grécia, são o saneamento das finanças públicas, o restabelecimento da competitividade do país e o reforço do seu sistema bancário. Para isso o ministro irá receber a bolada para o equilíbrio ou para continuar a danação que maltrata o povo do Mediterrâneo.
          Entre a cruz e a espada, o medo triste da bancarrota; do fantasma da crise que passou a morar nos corredores da Europa; da reação popular que vai bater os ossos de raiva com a crise interna. O país aguarda a dinheirama que deve chegar logo para pagar seus credores ansiosos. Enquanto isso, vamos mudando os ditados inventados pelo povo. Antes, uma oferta que iria dar trabalho, mas camuflada em coisa boa, era chamada “presente de grego”. Agora é o próprio FMI quem embrulha a “macumba”, ornamenta o pacote, borrifa extrato de rosas e escreve no cartão: PRESENTE PARA GREGO.






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