sexta-feira, 2 de março de 2012

O AMARGO DO AÇÚCAR

O AMARGO DO AÇÚCAR
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de março de 2012

Aguarde o dia 23

          O tempo continua sua marcha inexorável para frente, Alagoas insiste em notícias para trás. É cada coisa que aparece na mídia que o alagoano baixa a cabeça envergonhado. Quando sai alguma coisa boa na imprensa parece até um favor que alguém quer fazer para agradar, para amenizar um pouco as situações vexatórias que não nos abandonam. Recentemente foi divulgado como chacota para o Brasil inteiro que um preso acusado de crimes graves, usando tornozeleira, iria assumir uma delegacia como delegado. O ridículo da Justiça estadual foi alvo de gozação dentro e fora do território, com piadas as mais grosseiras possíveis. Essa, entretanto, não foi notícia isolada, pois continuamos a fabricar o absurdo do cotidiano em todas as esferas sociais. Agora é a vez da incoerência em forma diferente. Um grande monumento orgulho de Alagoas e da nossa medicina, o Hospital dos Usineiros, conhecido também como o Hospital do Açúcar, vive uma situação de pobreza e miséria que faz baixar a crista até do galo da madrugada.
          O que se estampa nos jornais sobre a situação dos corredores daquela unidade hospitalar é muito mais para se pensar em Justiça. Quatro meses sem pagar aos seus funcionários, lixo proliferando pondo em riscos a vida de todos e a falta de informações, perguntam insistentemente o que foi que aconteceu com o Gigante do Açúcar. Como é que um império orgulhoso e titã chega a esse ponto? Para completar o quadro da Saúde, as denúncias constantes do povo sobre o Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues, em Santana do Ipanema, exigem uma investigação profunda de cunho federal. Não é possível ficar a responsabilidade apenas para autoridades que não têm compromisso nenhum com o povo e com a verdade, que uma hora denuncia, na hora seguinte aplaude conforme a conveniência política. O erro, se existir, deverá ser investigado e os possíveis agentes, punidos com os rigores da lei. Enquanto isso a plebe vai denunciando na Imprensa local uma situação que não aflora porque é barrada com os descompromissos daqueles que deveriam fiscalizar os órgãos públicos manobrados pelos freios de boca. Uma VERGONHA!
          Voltando a situação de Maceió, ficamos besta! Em Santana o puxa-saquismo espontâneo ou forçado não vem de agora. Na capital, parece haver um véu de ferro diante da verdade. O povo quer saber das coisas, principalmente sobre o dinheiro público empregado em cada obra governamental. Lamentamos profundamente o que está acontecendo em Santana do Ipanema com o Hospital motivo de escândalos e, em Maceió, a quebradeira que adia o pão dos funcionários, retirando o doce do emprego e fabricando O AMARGO DO AÇÚCAR.

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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

FALE FIADO

FALE FIADO
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de março de 2012.

 AGUARDE DIA 23

 Vou pagar o objeto comprado, quando o comerciante se anima e puxa conversa. Conversar às vezes atrasa, às vezes adianta e nem sempre traz proveito. Mas de uma maneira geral, ensina e descobre. Mesmo um papo ligeiro com um cabra embriagado pode render para o pensamento alguma coisa boa, uma inspiração para um poema, uma piada para o humor adiante, uma reflexão profunda e mesmo até um palpite para o jogo do bicho. Quer dizer, então, que falar em “jogar conversa fora”, pode ser de muito proveito se a conversa vem de fora para dentro. Diz o comerciante, “entrando por uma perna de pato saindo por uma de pinto” que o homem deve estar preparado para todas as ocasiões. Quer dizer que você não sofrerá impactos significativos numa brusca situação difícil como um assalto, um acidente, um insulto ou uma notícia de que arrebatou sozinho o prêmio da loteria. Será mesmo que isso funciona? E se funciona, marca certo em qualquer ocasião ou somente em algumas? Isso faz lembrar o professor universitário que deu aula a um jumento. Embora as pessoas contem as coisas já embaralhadas e o original perca-se de boca em boca, disseram mais ou menos assim, em compra terceirizada:
          Em Fortaleza os alunos não gostavam de determinado professor advogado daquela escola. O mestre vinha de outro estado para ministrar suas aulas à noite na universidade. Certa feita, os pupilos resolveram protestar contra a presença do professor, mas de forma diferente. Colocaram um jumento dentro da sala de aula, saíram e ficaram à espreita. O professor adentrou a sala e, vendo somente o jegue naquele ambiente refinado, pôs os óculos e iniciou um longo discurso em direção ao asno que apenas balançava as orelhas e batia as pestanas. A palestra continuou animada pelo tempo exato da aula até o toque estridente da campainha. Os alunos admirados com a reação do palestrante terminaram invadindo a sala, aplaudindo o professor e tornando-se dali em diante, uma plateia infalível em todas as presenças do mestre. O homem tornou-se ícone. Aconteceu ou não, nem sei. Foi em Fortaleza ou em outro lugar, também não tenho certeza, mas o comerciante, a princípio parece ter razão na afirmativa: “O homem deve estar preparado para todas as ocasiões”.
          Nem somente na Grécia vivem os filósofos. Em Santana do Ipanema, Alagoas, ele está ali despachando na caixa. Experimente-o, FALE FIADO.


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