terça-feira, 22 de maio de 2012

ADIVINHE!


ADIVINHE!
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2012.

           A mídia costuma referir-se ao inverno nordestino como se fosse apenas um. Não é verdade. As estações das chuvas no Ceará, por exemplo, são diferentes das de Alagoas e Pernambuco. Como identificamos os períodos chuvosos como “inverno”, podemos dizer que vai iniciar o inverno no Ceará e não no Nordeste. Vai iniciar o inverno em Alagoas, Pernambuco e Sergipe (que é o mesmo inverno) não no Nordeste, e assim em diante. O período das trovoadas nesses três últimos estados, acontecem entre novembro e janeiro, formando até um dito popular que diz “trovoada de janeiro tarda mais não falta”. Bem que falta. Não tivemos trovoadas nos meses citados acima. Nesses mesmos estados, o período chuvoso acontece mais em maio, junho, julho (maior pluviosidade) e a primeira quinzena de agosto, quando o final do inverno traz bastante frio que prejudica a lavoura. E se não tivemos trovoadas para atravessar os meses secos até chegar o início de maio com as primeiras águas do inverno, pegamos essa doida seca que dizima os rebanhos. O problema já não é tanto a água da “terra”, porque agora o sertão velho cortado de estradas e asfaltos, permite ao governo enviar caminhões-pipas para todos os lugares.   Os sertanejos armazenam a água nas milhares de cisternas construídas nas comunidades pelo próprio governo. Então, o problema maior é a falta d’água que vem do céu. É a sua escassez que acaba com o pasto, matando os rebanhos de fome.
          Foi preciso passar o mês de maio todinho a seco, deixando fugir as esperanças do agropecuarista em Alagoas, Sergipe, Pernambuco e também na Bahia. Mas ontem, ontem à tarde, dia 22, chegaram às primeiras chuvas do inverno em Santana do Ipanema, Médio Sertão de Alagoas. As águas de cima vieram tímidas como se estivessem pedindo desculpas pelo atraso. Fininhas ainda, mas a tarde toda entrando pela noite. Logo se espalhou aquele friozinho tradicional da época, encurralando em casa pessoas e animais. Logo cedo da noite as ruas dos bairros ficaram desertas dando lugar à garoa e à frieza que chegava fuçando tudo. O vento brando soprava os galhos das árvores nas avenidas e um deserto de gente ligeirinho se formou. Os gatos acompanharam seus donos em procura de abrigos, deixando apenas sapos aventureiros investigando se era verdade a boa nova da chuvada.
          As chuvas irão prosseguir? Teremos um inverno, mesmo atrasado? Apesar de toda tecnologia especializada, não sabemos ainda. Vamos apelar para o dom natural de cada um. ADIVINHE!



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segunda-feira, 21 de maio de 2012

XÔ AZAR!


XÔ AZAR!
         Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de 2012.

 Mais uma vez a natureza vai pregando peça no ser humano. O recente terremoto que abalou a Itália, se não foi dos maiores, mas também não foi tão mimoso assim, atingindo os seis pontos da escala Richter. Dizem que morreram sete pessoas e ficaram milhares desabrigados. A Itália, assim como outras regiões que sofrem periodicamente o fenômeno, não está preparada para tal. Aliás, ninguém está totalmente preparado contra as grandes fúrias naturais: terremotos, maremotos, furacões, tempestades de areia, secas, enchentes, nevascas... O medo está sempre em primeiro lugar, muitas vezes traumatizando as criaturas. Apesar de vulcões e terremotos serem coisas comuns na Itália, a multidão pareceu enlouquecida, mais uma vez, tentando escapar dos prédios em que estava abrigada na hora. Ninguém quer morrer soterrado e, a rua livre, ainda representa uma esperança, mesmo remota, debaixo do pânico. Foram apenas vinte segundos de tremor forte, mas vinte segundos para um terremoto significa uma eternidade diante do perigo. Região densamente povoada o nordeste italiano está situado em região não confiável, pois lá em baixo existe o limite entre duas placas tectônicas.
          As placas tectônicas vêm sendo estudadas desde 1912 pelo geógrafo alemão Alfred Wegener, estudos esses aperfeiçoados pelos geólogos americanos Harry Hess e Robert Dietz. Segundo esses grandes pesquisadores, nós vivemos em cima de blocos sólidos que parecem com peças de um quebra-cabeça. Essas peças de quebra-cabeça ou blocos são chamadas de “placas tectônicas”. Essas placas, seis grandes e outras pequenas, estão flutuando sobre uma lama muito quente. Os países estão assentados sobre essas placas. Acontece que o perigo é quando essas placas que estão sempre se balançando sobre a lama (magma), se afastam uma das outras, resvalam, batem entre si, provocando erupções vulcânicas, maremotos e terremotos. O perigo maior está sempre no país situado todo ou em parte entre uma placa e outra que é o lugar onde acontece a briga das placas. Uma região ou país situado em cima de um limite de duas placas sofre uma ameaça eterna. Graças a esses e outros cientistas maravilhosos, ficamos sabendo cada vez mais sobre os fenômenos da Natureza, porém, o duro mesmo é como se proteger dessas ameaças. 
          O Brasil não está situado no limite de nenhum desses blocos, está no centro. Mas às vezes o impacto acontecido em outro território, ainda penetra em solo brasileiro. Enquanto isso a Itália vai sendo atingida pelos terremotos imoral de Berlusconi, pelo terremoto da crise econômica e pelo terremoto das placas Tectônicas. XÔ AZAR!

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