ALERTA NORDESTE! Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2012. Crônica Nº 855 O DESERTO AVANÇA. (Fonte: Google). Não deixa de...

ALERTA NORDESTE!


ALERTA NORDESTE!
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2012.
Crônica Nº 855

O DESERTO AVANÇA. (Fonte: Google).
Não deixa de ser alarmante o grito dos estudiosos a respeito da desertificação em território brasileiro. O deserto vai se delineando, pouca importa ficar jogando a culpa nas mudanças climáticas ou nas ações diretas do homem. Temos importantes técnicos no assunto e confiança em um trabalho profícuo voltado para o problema. E se o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) ─ órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia ─ fala em 15% de desertificação, é coisa grave, muito grave. Segundo o INSA, o caso chega a atingir 1.488 municípios localizados no Nordeste (nove estados) norte de Minas Gerais e Espírito Santo. O semiárido já é uma região bastante castigada pelas estiagens prolongadas. O desmatamento sem piedade da região deixa o solo exposto e, os berros isolados de socorro não são de hoje. O próprio sacerdote, Cícero Romão Batista, já alertava aos agricultores sobre o perigo do desmatamento e formulava vários conselhos sobre a terra. Remediar agora o mal que se alastrou é muito mais difícil, se bem que deve existir solução para esse desastre tão feroz.
Diante desse problema que necessita estudos de vários profissionais de áreas diferentes como geógrafos, agrônomos, geólogos e outros, revelou-se interessante a técnica utilizada pela pequena agricultora paraibana Angineide de Macedo, de 42 anos. Após acompanhar a degradação das suas terras, Angineide resolveu plantar o nim indiano. O nim tem crescimento rápido e vai aos oito metros de altura. Ora, com esse processo simples, adquirido pela agricultora através de uma organização não governamental, o quadro em sua propriedade foi revertido. Angineide ainda salvou suas plantações de ervas medicinais, ganhou sombras à vontade e local de brincadeiras para crianças. O nim protege suas plantações do sol abrasador e dos ventos, deixando a paraibana feliz com o que conseguiu. “De acordo com o coordenador da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), Naidison Batista, a conscientização dos agricultores sobre o manejo adequado da terra somada à difusão de tecnologias adaptadas ao Semiárido são elementos fundamentais para combater o processo de desertificação no país”. Ele defende o uso de técnicas agroecológicas no combate e prevenção.
A questão da terra não pertence somente ao agricultor. A terra é mãe e o fim de todos. Interessa a toda criatura de bom senso, cliente inevitável dos seus frutos.  ALERTA NORDESTE!

O ADEUS DE AGOSTO Clerisvaldo B. Chagas, 31de agosto de 2012. Crônica Nº 854 SERTÃO SECO. (fonte: Wikipédia). Diz o povo do ...

O ADEUS DE AGOSTO


O ADEUS DE AGOSTO
Clerisvaldo B. Chagas, 31de agosto de 2012.
Crônica Nº 854

SERTÃO SECO. (fonte: Wikipédia).
Diz o povo do Sertão: “Mês miou, mês findou”. Como o mês não mia, sabemos que ele quer dizer: “mês meou” do verbo mear. De fato, parece mesmo que os primeiros quinze dias demoram mais. A partir do dia quinze, o povo, psicologicamente, tem razão, no instante o mês termina. Com a mesma quantidade dos trinta e um dias, agosto sempre traz a impressão de que é o mês mais espichado do ano. Em nossa região sertaneja alagoana, representa o final das chuvas de outono/inverno. A partir do dia dez – dizia o poeta-repentista Rafael Paraibano da Costa, vão caindo as “últimas tamboeiras”; chuvas fracas que vão escasseando até encerrar o tempo chuvoso. É nesse período de agosto que a frieza costuma doer nos ossos. Esse ano as tamboeiras dos quinze dias chegaram, aproximadamente, ao dia 25/26. Com o inverno atrasado de início e terminando no prazo, o Sertão exibe o seu verde camuflado tentando esconder à seca.  Deveremos agora enfrentar os meses enxutos de setembro e outubro e a incerteza das trovoadas a partir de novembro a janeiro.
O homem se debruça sobre os sinais da natureza no seu estudo mameluco. É o ciclo da lua, os movimentos dos formigueiros, a casa do joão-de-barro, o voo dos pássaros, a flor de mandacaru, a estrela matutina, as condições do rio Ipanema, a direção do vento, a barra do dia... E por trás do verde desbotado dos pereiros, dos alastrados, das imburanas, o fazendeiro contabiliza os prejuízos de uma seca danada. Faltou leite na fazenda e dinheiro nos alforjes. A seca bateu no sertanejo com cacete de mororó, endureceu o couro das novilhas, enfraqueceu o boi. Os urubus, fartos, voam serenos no pano azulado e se escondem nos píncaros dos serrotes.  Cobras se enroscam nos pedregulhos, dormitando das caçadas. No céu surge uma luazona refletindo o dia, convidando à ternura, aos sonhos mais belos das caatingas. Canta o galo nas madrugadas puras sob o piscar azulado das estrelas. Em breve a arte divina também refletirá nos tons angélicos da alvorada.
Na cidade os pardais levaram os seus novinhos. As garças migratórias ainda permanecem aguardando a ordem de retorno. E as periferias vão se cobrindo do branco pantaneiro. É dia 31 no Brasil grande. Dia de receber salário, tempo de mangar de superstições, época de pensar na primavera. Da varanda do tempo é bom agitar o lenço imaculado e corresponder ao cavalheiresco ADEUS DO MÊS DE AGOSTO.