quarta-feira, 7 de novembro de 2012

OBAMA SIM



OBAMA SIM
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2012.
Crônica Nº 903

Temos certeza absoluta de que o mundo inteiro respirou aliviado com a vitória de Barack Obama. Podemos dizer ainda com segurança, da satisfação da Europa e da América Latina. Os próprios inimigos dos Estados Unidos devem ter ficado satisfeitos também. É que Obama, se não conseguiu ser um governo brilhante, amenizou muito a arrogância tradicional americana, quase sempre marcada por ações militares e desprezo pelo mundo. Por outro lado, sua reeleição foi uma segunda vitória dos negros, uma segunda vitória dos pobres e uma segunda vitória dos moderados. Geralmente os presidentes americanos são guiados por um desprezo enorme a outras nações, torcem os narizes e se acham os donos do planeta. Em se achando os donos, vem a natural arrogância que, fora daquele território, todos são bestas e seus escravos. Sempre citamos neste espaço os exemplos de tantos impérios caídos e com os de lá não será diferente. Todo império vive um ciclo, grande ou pequeno, mas um dia chega ao fim. O povo do norte parece desconhecer o que se passa pelo globo e se acomoda no conforto de cada dia, indiferente às bravatas tradicionais das suas lideranças.
Dizem aqui no Brasil que o primeiro mandato de um executivo pode ser excelente, mas o segundo não presta. Isso pode ser e não ser verdade, mas com certeza para Obama, a experiência da Casa Branca, poderá ser de enorme valia nos próximos quatro anos. Na política externa, em relação a nós, principalmente, se não foi tão atencioso, mas também não foi agressivo, nem mesmo com um cabra da Venezuela. Deve ser um osso de Dinossauro, um pacifista querendo reconquistar simpatias nos continentes, mas sob pressão cultural de prepotência de um congresso. De qualquer maneira, uma avaliação, uma análise de longe é diferente da realidade. O bom mesmo é deixar que o homem exerça o  seu novo mandato por algum tempo para que seja mostrado o norte do leme. Na parte meridional o Brasil vai equilibrando a região e avançando até aonde pode, querendo influenciar até às águas mexicanas. Com Obama ou sem Obama, caminha a América do Sul com as novidades da Venezuela no Bloco, da ação sem nexo do Paraguai, do entendimento entre guerrilheiros e governo colombiano. Três ações de peso e de transformações.
O derrotado por Obama, para nós, tinha muito jeito do sanguinário Bush. “Deixe, então, como está para ver como é que fica”, como falamos no Brasil. Tendo o homem iniciado com cabelos pretos, rompe a nova jornada de cabelos brancos. E daí? OBAMA SIM.


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2012/11/obama-sim.html

UM ENJOO CULTURAL



UM ENJOO CULTURAL
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de novembro de 2012.
Crônica Nº 902

Não sei o que procuro, mas sei que procuro alguma coisa. Com certeza não são as obras de Ésquilo, não são os clássicos de Sófocles e nem as comédias de Aristófones. Nem mesmo Eurípedes eu quero, e suas famosas produções. Jogo tudo ali, ali só tem ouro que para mim não brilha. Vai Heródoto de Helicarnasso, vai Xenofonte, vai Tucídides. A cultura se agiganta e forma um monte... Um monte “A”, um monte “B”, um monte “C” da Geografia. Será que eu estou em busca de algum acidente geográfico; uma velha montanha da Grécia, do Brasil, da China, para me dá suporte nessa noite longa? Ou será mesmo um morro sertanejo do sertão de Canudos? A História Geral que fique longe de mim; as conversas fiadas dos líderes mundiais também aborrecem tanto quanto os desfiles das letras magras desses livros chatos. A noite prossegue silenciosa e triste sem Escolas Socrática, Pitagórica... Sofista. Sabe, meu amigo, um chute bem grande numa latinha talvez indicasse o que procuro. Mas ao invés da latinha surge uma xícara. Será que seu impacto na parede fará o mesmo efeito?
O telefone toca insistente. Quem será que se atreve a falar comigo nessa hora? Deve ser alguém dos presídios, para aplicar, ou outros espertalhões do Brasil. Hã! Adivinha! Um amigo que está bebendo em um dos bares da cidade e quer me contar a última da política da minha terra. Pede mil desculpas pela hora, a língua vai enrolando com seu assunto interessante para o dia e termina falando sozinho. Mas onde era que eu estava? Sabe, parece-me chegar àquela frase da Lei do Transito que diz: “Na dúvida, não ultrapasse”. Vou desligando o velho amigo computador, arrasto a cadeira e fico longo tempo espiando para a máquina. “Na dúvida não ultrapasse”. Passo água no rosto bebo um café pequeno e vou olhar pela última vez na noite, a posição da lua. De repente entendo o que está acontecendo. E se não chuto a latinha para acordar gatos e cachorros, dou pelo menos um bicudo na orelha dos filósofos. Levo o corpo para a cama e me transporto para os braços de Morfeu. Ainda bem que não tenho relógio cuco para me atanazar.
Quatro e meia da madrugada os pardais fazem folia pelos arredores, anunciando à luz. Abro os olhos com dificuldade e me pergunto se aquilo era sono de verdade ou apenas um reles ENJOO CULTURAL.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2012/11/um-enjoo-cultural.html