UM ENJOO CULTURAL
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de novembro de 2012.
Crônica Nº 902
Não sei o que procuro,
mas sei que procuro alguma coisa. Com certeza não são as obras de Ésquilo, não
são os clássicos de Sófocles e nem as comédias de Aristófones. Nem mesmo
Eurípedes eu quero, e suas famosas produções. Jogo tudo ali, ali só tem ouro que
para mim não brilha. Vai Heródoto de Helicarnasso, vai Xenofonte, vai
Tucídides. A cultura se agiganta e forma um monte... Um monte “A”, um monte “B”,
um monte “C” da Geografia. Será que eu estou em busca de algum acidente
geográfico; uma velha montanha da Grécia, do Brasil, da China, para me dá
suporte nessa noite longa? Ou será mesmo um morro sertanejo do sertão de
Canudos? A História Geral que fique longe de mim; as conversas fiadas dos
líderes mundiais também aborrecem tanto quanto os desfiles das letras magras
desses livros chatos. A noite prossegue silenciosa e triste sem Escolas
Socrática, Pitagórica... Sofista. Sabe, meu amigo, um chute bem grande numa
latinha talvez indicasse o que procuro. Mas ao invés da latinha surge uma
xícara. Será que seu impacto na parede fará o mesmo efeito?
O
telefone
toca insistente. Quem será que se atreve a falar comigo nessa hora? Deve ser
alguém dos presídios, para aplicar, ou outros espertalhões do Brasil. Hã! Adivinha!
Um amigo que está bebendo em um dos bares da cidade e quer me contar a última
da política da minha terra. Pede mil desculpas pela hora, a língua vai
enrolando com seu assunto interessante para o dia e termina falando sozinho.
Mas onde era que eu estava? Sabe, parece-me chegar àquela frase da Lei do
Transito que diz: “Na dúvida, não ultrapasse”.
Vou desligando o velho amigo computador, arrasto a cadeira e fico longo
tempo espiando para a máquina. “Na dúvida
não ultrapasse”. Passo água no rosto bebo um café pequeno e vou olhar pela
última vez na noite, a posição da lua. De repente entendo o que está
acontecendo. E se não chuto a latinha para acordar gatos e cachorros, dou pelo
menos um bicudo na orelha dos filósofos. Levo o corpo para a cama e me
transporto para os braços de Morfeu. Ainda bem que não tenho relógio cuco para
me atanazar.
Quatro e meia da madrugada
os pardais fazem folia pelos arredores, anunciando à luz. Abro os olhos com
dificuldade e me pergunto se aquilo era sono de verdade ou apenas um reles
ENJOO CULTURAL.
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