terça-feira, 20 de novembro de 2012

O TUBARÃO DE LULU FÉLIX



O TUBARÃO DE LULU FÉLIX
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de novembro de 2012.
Crônica Nº 811

Notícias vindas do litoral de Alagoas dão conta de que pescadores do município de Piaçabuçu ─ foz do rio São Francisco ─ capturaram um tubarão de, aproximadamente, dois metros. O fato teria acontecido no mar da praia do Peba, uma das mais bonitas do Brasil. Isso faz lembrar uma época em que soldados do exército praticavam esporte na praia do Sobral em Maceió. Na hora do recolhimento deram pela falta de um dos jovens soldados e não conseguiram localizá-lo. A tristeza tomou conta do grupo que suspeitou de morte por afogamento, pois a praia do Sobral é bastante conhecida em ser muito perigosa. Os soldados retornaram ao quartel, comunicaram o fato ao comando e buscas foram realizadas. Dias depois, pescadores capturaram enorme tubarão, semelhante ao da praia do Peba. Qual não foi a surpresa, quando abriram o bicho dos mares! Estava ali o soldado desaparecido, inteirinho dando continência. Os companheiros respondem a saudação militar de dentro do tubarão. Pelo menos foi isso o que nos contou o senhor Lulu Félix, o homem considerado o pai da mentira, na época, em Santana do Ipanema. Houve contestação, mas o homem arrematou com sua fala baixa e mansa: “Você não viaja!”.
Como não vivemos em um planeta moralmente homogêneo, vamos vivenciando os diversos comportamentos humanos. As ciências procuram avançar em suas pesquisas e dão nome à doenças e ações que intrigam os que nada sabem. O povo não. O povo aplica suas denominações populares imediatas apontando diretamente à ferida exposta. Surgem termos como invejoso, guloso, avarento, bajulador, comumente desdobrados para melhor entendimento.  Assim o avaro passa a ser mão de vaca; o invejoso vira olho grande; o bajulador é apenas puxa saco e baba ovo e, o guloso transforma-se tristemente em porco.  E esses raceados que surgiram com as primeiras civilizações, continuam mesclando a convivência com seres carregados de outros defeitos de fábrica ou de criação. Diante dos reizinhos da política, avulta-se a figura do bajulador que ultimamente recebeu nova denominação e responde como ganso.
É muito fácil identificar a estampa do ganso que até mesmo no apagar das luzes do reizinho, ainda age com duas mãos, dois pés e a boca, numa fricção desastrada. E como tudo isso faz parte da vitrina, ninguém arrisca quando cessará o ato de fazer continência a tubarão. O TUBARÃO DE LULU FÉLIX.


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