domingo, 18 de novembro de 2012

A SENHA DO CABRA



A SENHA DO CABRA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de novembro de 2012.
Crônica Nº 910
Os cidadãos de certa sociedade santanense foram convidados para um passeio à fazenda de um deles. A fazenda ficava no município de Pindoba, já na Zona da Mata de Alagoas em lugar aprazível de montanhas. Além de um dia de lazer diferente, todos poderiam conhecer a pequena cidade de Pindoba, cuja palavra representa um tipo de palmeira da região. O coco da planta pindoba era usado para se fazer cachimbo pelos antigos índios e quilombolas da Mata Atlântica ou Floresta Tropical. Um dos excursionistas, Juca Alfaiate, mestre da tesoura e seresteiro nas horas vagas, contou que foi surpreendido na entrada da fazenda do fiscal de rendas José Pereira Mendes por um cabra em traje de cangaceiro, armado até os dentes. Com a maior cara de pau, o capanga pediu a senha de entrada. Receoso, o convidado ficou plenamente sem ação. Foi aí que o cabra entregou-lhe uma caneca, uma garrafa de aguardente e engatilhou o rifle. Descoberta a senha do cabra, Alfaiate virou uma golada e saiu rindo daquela inusitada brincadeira. Lá adiante, todos comentaram o susto que levaram com a seriedade desaforada do sujeito.
A vida da gente vai se desenrolando entre altos e baixos pelos caminhos infinitos. O que parece gigante, muitas vezes se torna pequeno e, aquilo que nos parece mínimo se agiganta. O pessimista sempre contempla nuvens negras em céu azul. O otimista às vezes chega a ser ingênuo, mas que a caminhada por esse mundo continua sendo um mistério continua. Entre a normalidade e a loucura, entre a vida e a morte, existe apenas um fio tênue que faz a diferença. Tem razão o poeta quando diz que a vida é uma luta e viver é combate permanente. A falta, entretanto de uma religião, de uma crença, a negação de Deus, torna mais difícil e angustiante momentos críticos experimentados por todos. Dizem, porém, que não devemos ficar somente no negativo achando que tudo que iremos fazer não vai dar certo. Quantas e quantas vezes esbarramos aos pés de um gigante e nos sentimos impotentes! Todavia, quando o pensamento se eleva ao Senhor dos Mundos, logo o titã ameaçador desaparece e o horizonte volta a nos sorrir. Esta é a solução que devemos conduzi-la para não sermos surpreendidos como o Juca Alfaiate pela provocativa e dentuça vigilância de Pindoba, simplesmente A SENHA DO CABRA.

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