segunda-feira, 18 de março de 2013

NEM OS MORTOS ESCAPAM



NEM OS MORTOS ESCAPAM
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de março de 2013
Crônica Nº 985
FREI DAMIÃO. Fonte (Wikipédia).
Após a morte de Lampião e mais dez companheiros, na fazenda Angicos, Sergipe, 1938, expuseram suas cabeças em praças públicas. Entretanto, ninguém teve a ideia de imortalizar as cabeças dos bandidos em logradouros municipais.  Há poucos anos, esculpiram a cabeça sem pescoço de Graciliano e a deixaram perto da rodoviária, em Palmeira dos Índios, naturalmente em benefício da Arte. Logo o povo apelidou o ridículo de “Cabeção”. O que diria o mestre Graça se fosse vivo, hem! Lá mesmo na Grota dos Angicos, o tenente João Bezerra, talvez para amenizar a consciência, fincou uma cruz grande ao amigo Lampião. A cruz carregava dez outras pequenas. A neta de Lampião protestou, dizendo que a culpa do avô já era enorme e ainda queriam que ele carregasse os pecados alheios. Lá em Canafístula, Alagoas, distrito de Palmeira dos Índios, esculpiram o “Santo do Nordeste”, Frei Damião. Preferiram deixá-lo corcunda como se apresentava nos últimos dias (prazer mórbido da natureza humana). Acharam pouco e colocaram enorme cruz por cima das suas costas, com se estivessem descarregando uma raiva danada no saudoso santo.
Em Santana do Ipanema o bizarro continua. A Praça Frei Damião, localizada no Bairro Camoxinga, havia recebido a imagem de gesso do Frei, acompanhada de bom pedestal e campânula de vidro. No final da gestão passada rebaixaram o Frei. Deram um cala boca na pracinha, retiraram pedestal e redoma e deixaram o santo quase rente com o chão, sobre tijolos de churrasqueira.  Está ali o símbolo da fé popular, a mercê de maloqueiros, pichadores e vândalos. Qual teria sido o pedido negado pelo santo para receber o castigo dos Herodes das ruas!?
Sei não. Dizem que esse mundo furado e sem porteiras é divertido por causa dessas coisas. Quando mataram Virgolino, Corisco também disse que havia sumido a diversão do mundo. Mas, como cada enxerga o palmo adiante do seu jeito, é encolher os ombros e prosseguir pela BR (da vida). No planeta esquisito, NEM OS MORTOS ESCAPAM.




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sábado, 16 de março de 2013

NOTAS PARA VEREADORES



NOTAS PARA VEREADORES
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2013.
Crônica Nº 984

MATADOURO. LUGAR ONDE IMPERA A IMUNDÍCIE.
     Voltemos ao tema, matadouro público. Não é de agora que algumas pessoas mais conscientes vêm denunciando o estado de imundície plena do matadouro de Santana do Ipanema. Parece até que os prefeitos anteriores comiam carne importada, pois não é admissível que gente esclarecida, colocada no poder para administrar o que é do povo, faça vista grossa a tamanho absurdo. Não estamos mais da década de vinte, mas o interessante era a conivência dos vereadores que faziam corpo mole ao tamanho do problema. O mercado de carne, fundado em 1940, após reforma nem sei mais quando, não fica atrás. Como nunca mais havia entrado ali, fui tentar e quase coloco as tripas para fora e saí correndo. Ambos precisam ser demolidos. Santana não pode mais continuar consumindo carne de lugares disputados por urubus e cachorros. Esperamos que o novo prefeito tenha a sensibilidade necessária, elabore projetos, arranje verbas seja lá onde e construa matadouro e mercado de carnes modernos, dentro dos padrões da higiene e das técnicas do século XVI e, com urgência.
     Os novos vereadores não podem calar diante da situação porque receber altíssimos vencimentos do povo para bater boca pessoal é absurdo, insano e enganador. Outra coisa que se verifica em nossa cidade, isso já é motivo de outras crônicas, é o desprezo de um gestor pelas obras feitas pelo outro. Para destruí-las eles usam as seguintes táticas: primeiro não dão nenhuma assistência à obra, deixando que ela se acabe pelo tempo. Quando não usam a primeira, passam para a segunda tática: Faz um reforma tipo “cala boca”, retira todos os vestígios do fundador e pões os seus próprios nomes na parede ou em placas de qualquer tipo. Terceira tática: (quando não usam a primeira e nem a segunda): inventam que vão fazer uma pintura e mandam rapar o nome do fundador da obra e destruir outros vestígios. Depois, não pintam e nem fazem nada. Isso deixa os pesquisadores leigos tontos. Assim tentam destruir a história do município. Exemplos: foram retirados os nomes das fachadas do matadouro, do hospital antigo, da Câmara de Vereadores e de vários outros lugares. Felizmente quando publicarmos a “História Completa de Santana do Ipanema”, tudo isso será resgatado e o povo vai ficar sabendo quem foi quem.
     Por conivência, são poucos, raros mesmos os órgãos noticiosos que cravam os dentes nos problemas grandes. Das tolices diárias todos falam. Essa voz solitária vai ainda cobrar muito dos representantes do povo da câmara municipal. Vamos aguardar um pouco e incentivar à população a reagir pelos seus direitos básicos. Não adianta transportar carne em caminhão de luxo vindo do lugar da carniça e indo para lugar de carniça. O povo espera muito dos novos vereadores. Que tal estabelecermos uma nota mensal para eles?

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