quinta-feira, 6 de junho de 2013

PENA DA VIDA



PENA DA VIDA
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de junho de 2013.
Crônica Nº 1029

Foto: (cariricangaço).


 “Quem tiver pena da vida
Não bote cavalo em gado”

No sertão de pé de serra
Só brinca quem tem tutano
Que o vaqueiro é soberano
Com o boi faz uma guerra
Poeira coragem e terra
No velame e alastrado
Um corcel azucrinado
Uma perneira rompida
“Quem tiver pena da vida
Não bote cavalo em gado”.

Nas veredas das caatingas
Vestir gibão é pra macho
Quebrada grotão riacho
Só passa quem tem mandigas
Se não tomar umas pingas
Pra ficar amalucado
Nem pense que o resultado
Vem no gibão e na brida
“Quem tiver pena da vida
Não bote cavalo em gado”.

Mandacarus e facheiros
Unha-de-gato e favela
Pensamento na donzela
Carrapicho e atoleiros
Os rastros dos bois ligeiros
Deixam o homem enfarruscado
Bem pertinho do valado
A morte espreita a corrida
“Quem tiver pena da vida
Não bote cavalo em gado”.

Só penetra na madeira
Quem tem sangue nordestino
O herói é como um hino
O boi força e bagaceira
Debaixo da aroeira
Passa o barbatão danado
A onça solta um miado
Foge à luta suicida
“Quem tiver pena da vida
Não bote cavalo em gado”.

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

LAMPIÃO: O COMBATE DA CANOA



LAMPIÃO: O COMBATE DA CANOA
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de junho de 2013.
Crônica Nº 1028
(Adaptado do livro “Lampião em Alagoas”)

O prefeito, dono de curtume a três quilômetros de Piranhas, na margem do rio, acostumado a mandar nos delegados, desentendeu-se com Bezerra que consentiu que os empregados do prefeito andassem armados na urbe.
Denunciado às autoridades, Bezerra foi mandado se recolher ao regimento.
Na saída, em uma canoa, chega um dos empregados do prefeito pedindo socorro, pois Lampião havia queimado o quartel de polícia do lugarejo Canindé. Chegaram pessoas dizendo que Lampião havia se dirigido para a fazenda Jerimum, distante meia légua abaixo de Piranhas. Algumas pessoas haviam sido ferradas no rosto, por Zé Baiano.
Bezerra dirigiu-se para lá, mandando tirar couros que estavam numa canoa, descendo com seus soldados. Antes pedira socorro por telegrama às autoridades.
Dois quilômetros abaixo, Bezerra, chapéu de palha, disfarçado de “coringa” de barco, avistou os bandidos.
Os soldados se abaixaram na canoa, cujo canoeiro tremia muito de medo.
Os cangaceiros mandavam encostar a canoa.
Bezerra dizia que não podia por causa das pedras.
Os cangaceiros abriram fogo. Os soldados não esperaram ordem. Pularam e ficaram com água à cintura. Era uma distância de sessenta metros.
As correias dos bornais dos soldados foram cortadas à bala. José Bagaço, auxiliar na empreitada caiu baleado. Os soldados, amparados na canoa atiravam de ponto. Eram oito praças contra quarenta e oito cangaceiros, entrincheirados por trás das pedras.
Dez minutos depois, Lampião recuou.
Bezerra saltou e viu rastros de sangue na retirada dos bandidos. Retornou a Piranhas.
O telégrafo nacional e a “Great-Western” comunicaram-se com todo o estado. Por isso ali chegaram forças de Pernambuco: o capitão Liberato de Carvalho e Manoel Neto. O capitão Liberato de Carvalho estava em Jatobá, onde atrelou um “wagon” numa locomotiva descendo a Piranhas. Por último chegou o capitão Ramalho que comandava uma companhia do exército nacional em Mata Grande.
Bezerra deixou os comandantes Neto e Liberato à frente de 75 homens, no local da luta. Ali os homens pernoitaram apanhando os rastros dos bandidos que foram alcançados em três dias depois no lugar Maranduba, travando-se um dos maiores combates de Lampião. Foram ressaltadas as bravuras de Neto e Liberato.
·         Pag. 196-198.



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