domingo, 15 de dezembro de 2013

OS DESERTORES



     OS DESERTORES
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de dezembro de 2013
Crônica Nº 1106
A SECA E OS DESERTORES. Foto: (Google).

Os últimos sete dias no sertão de Alagoas foram de calor máximo, daqueles de literalmente cortarem o fôlego. Muita gente passou mal nas ruas, avenidas, praças e igrejas. Céu sem nuvem alguma, Sol torrando cá em baixo. Quando, por acaso, nublava o tempo, não corria vento nem para balançar graveto.  O matuto cansava de olhar os horizontes em busca de qualquer sinal indicativo de chuvas. De trovão só mesmo os berros do boi com fome. Relâmpagos, somente povoando os sonhos de verão. Constantemente faltando água nas torneiras e energia fraca passando pelos fios. Nos tanques dos carros-pipas o escândalo pendurado acima dos pneus. A falta d’água nos depósitos das escolas, lares e creches dirigiam novos olhares de socorro para os céus, para os canos, para as autoridades.
Lá em território distante de Santana do Ipanema, O Canal do Sertão em funcionamento, vai distribuindo a felicidade para o sertanejo. E desde que mudaram o roteiro do canal, desde que excluíram o município santanense do benefício, desde que o cão da política futucou a obra que desapareceram misteriosamente os representantes de Santana na linha de frente do canal. A mídia não divulgou nenhuma luta de uma só autoridade da terra pela manutenção do município no roteiro da construção. Entraram e saíram prefeitos e vereadores e nenhum grito, nem um gemido, nem um aviso, nem um apelo em nosso favor. Todos baixaram a cabeça como boi de canga numa covardia sem par, deixando que os grandes articulassem, cosessem e finalizassem para que o município de Santana do Ipanema ficasse fora do projeto redentor. A grande obra esperada por décadas, não encontrou uma só voz dos representantes de Santana, denunciando nada.
O Canal do Sertão segue triunfal por outros municípios. Ninguém consegue um mapa do roteiro, nem na Internet. E os políticos santanenses baixaram à cabeça e fugiram em bandos do campo de luta. E como dizia a professora Helena Oliveira, na sua escolinha de Admissão ao Ginásio: “Ô infelizes das costas ocas!”. Todos abandonaram à trincheira, todos viraram DESERTORES.



Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2013/12/os-desertores.html

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

PROTEÇÃO À CAATINGA



PROTEÇÃO À CAATINGA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de dezembro de 2013
Crônica Nº 1105

DEFENSOR DA NATUREZA, PADRE CÍCERO ROMÃO.
O ecologista Vasconcelos Sobrinho, codificou os conselhos do padre Cícero Romão Batista sobre a Natureza nordestina. Há muito desprotegida pela União, o que restava do bioma de caatinga era ficar aguardando resultados de combates ao desmatamento da Amazônia. Após a invasão dos estrangeiros ao Brasil, principalmente portugueses, nossa tropa de choque, a Mata Atlântica ou Floresta Tropical, foi sendo dizimada. Primeiro para fornecer madeira e tinta de qualidade, depois, morrer pela pátria cedendo espaço aos extensos canaviais. Por trás da Mata Atlântica, as vegetações de agreste e de caatinga, sem a proteção dos primeiros soldados, começavam a serem atacadas sistematicamente, fases até com incentivo governamental.
Inúmeros motivos, aliados a ignorância e a falta de defesa, tosquiaram agrestes e sertões, transformando imensas áreas em desertos e outras em formação. Prevendo o desastre futuro sobre a região de caatinga, uma voz isolada aconselhava o matuto indiferente, nas terras do Cariri e ecoava pelos quatro cantos nordestinos:
1.   "Não toque fogo no roçado nem na caatinga;
2.   Não cace mais e deixe os bichos viverem;
3.   Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer;
4.   Não plante em serras acima, nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza;
5.   Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água da chuva;
6.   Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedras soltas;
7.   Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só;
8.   Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a você a conviver com a seca;
9.   Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer;

10.               Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo, o sertão todo vai virar um deserto".

Os exemplos estão por todos os lados e os técnicos do governo correndo atrás do prejuízo. Chegaram muito tarde os olhos preguiçosos de PROTEÇÃO À CAATINGA.



Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2013/12/protecao-caatinga.html