OS DESERTORES
Clerisvaldo B.
Chagas, 16 de dezembro de 2013
Crônica Nº 1106
A SECA E OS DESERTORES. Foto: (Google). |
Os últimos sete dias
no sertão de Alagoas foram de calor máximo, daqueles de literalmente cortarem o
fôlego. Muita gente passou mal nas ruas, avenidas, praças e igrejas. Céu sem
nuvem alguma, Sol torrando cá em baixo. Quando, por acaso, nublava o tempo, não
corria vento nem para balançar graveto. O
matuto cansava de olhar os horizontes em busca de qualquer sinal indicativo de
chuvas. De trovão só mesmo os berros do boi com fome. Relâmpagos, somente
povoando os sonhos de verão. Constantemente faltando água nas torneiras e
energia fraca passando pelos fios. Nos tanques dos carros-pipas o escândalo
pendurado acima dos pneus. A falta d’água nos depósitos das escolas, lares e
creches dirigiam novos olhares de socorro para os céus, para os canos, para as
autoridades.
Lá em território
distante de Santana do Ipanema, O Canal do Sertão em funcionamento, vai
distribuindo a felicidade para o sertanejo. E desde que mudaram o roteiro do
canal, desde que excluíram o município santanense do benefício, desde que o cão
da política futucou a obra que desapareceram misteriosamente os representantes
de Santana na linha de frente do canal. A mídia não divulgou nenhuma luta de
uma só autoridade da terra pela manutenção do município no roteiro da
construção. Entraram e saíram prefeitos e vereadores e nenhum grito, nem um
gemido, nem um aviso, nem um apelo em nosso favor. Todos baixaram a cabeça como
boi de canga numa covardia sem par, deixando que os grandes articulassem, cosessem
e finalizassem para que o município de Santana do Ipanema ficasse fora do
projeto redentor. A grande obra esperada por décadas, não encontrou uma só voz
dos representantes de Santana, denunciando nada.
O Canal do Sertão
segue triunfal por outros municípios. Ninguém consegue um mapa do roteiro, nem
na Internet. E os políticos santanenses baixaram à cabeça e fugiram em bandos
do campo de luta. E como dizia a professora Helena Oliveira, na sua escolinha
de Admissão ao Ginásio: “Ô infelizes das costas
ocas!”. Todos abandonaram à trincheira, todos viraram DESERTORES.
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